terça-feira, 6 de agosto de 2019

Os Mestres Espirituais



Existem de fato os mestres espirituais?
Ao lançar o olhar para a vida humana, é notória a existência de pessoas nos mais variados graus de consciência. Há pessoas muito primitivas, ignorantes, instintivas e densas; há, porém, outros individuos que parecem estar mais avançados do que a maioria, que executaram uma obra revolucionária em diversos campos do conhecimento, principalmente aqueles seres que, por sua bondade, amor, justiça, ternura, sabedoria e caridade puderam ser o ponto de mutação e trazer avanços significativos e uma verdadeira revolução para a humanidade. Se aceitarmos que não existe um limite para o crescimento espiritual dos seres, podemos deduzir que existem almas muito, mas muito antigas que já alcançaram pontos altíssímos de evolução, o que para nós seria considerado como a perfeição. Um dos ensinamentos mais preciosos do Esoterismo é a existência dos chamados mestres espirituais, seres que estão bem próximos ou que já atingiram a perfeição em todos os aspectos e possibilidades da vida. Eles despertaram as faculdades latentes do espírito humano, que é uno com o espírito universal e a consciência cósmica, e por isso estão plenamente libertos do mundo da manifestação. Numerosos testemunhos de sábios e místicos atestam a existência e a presença desses seres entre nós. Homens e mulheres que em tempos passados estiveram muito além da visão ordinária de mundo e que só em épocas futuras foram reconhecidos por sua mensagem e exemplo. Essa constelação de sábios, santos e mestres, que enriquece a sabedoria humana e define os rumos que a humanidade irá tomar, aparece também como a nossa esperança em estados e condições melhores, mais felizes. Eles são a prova viva de que é possível ao ser humano ser plenamente feliz, íntegro, sereno, equilibrado e harmonizado com tudo e todos.
Podeis mencionar exemplos na história humana conhecida de tais personalidades sábias e evoluídas?
Jesus, Buda, Krishna, Hermes Trimegisto, Rama, Zoroastro, Lao Tsé, Confúcio, Mahavira, Paramahansa Yogananda, Shankaracharya, Ramana Maharshi, Ramakrishna, Santa Tereza de Ávila, São João da Cruz, Padre Pio de Pietrelcina, os antigos rishis, Patanjali, Nagarjuna, Miralepa, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, dentre outros.
Por que não nasce uma quantidade maior de mestres para ensinar mais diretamente os seres humanos e assim faze-los evoluir mais rápido?
A luz de alguns pode ofuscar a escuridão de outros. A presença maciça dos mestres na Terra traria mais inconvenientes do que benefícios. Se dezenas ou centenas de mestres nascessem e trabalhassem diretamente na Terra ao mesmo tempo, isso apressaria a evolução de tal forma que o ser humano ficaria perdido, confuso e perturbado. A evolução se dá gradualmente, em doses homeopáticas, deve-se subir degrau por degrau, não se pode acelerar algo que tem seu próprio ritmo. Se o progresso espiritual fosse impulsionado além dos limites da capacidade humana de assimila-lo, isso geraria problemas, conflitos, confusão e desespero. Seria mais um movimento de imposição do que uma progressão natural. Tudo ocorre na hora certa; não se apressa o crescimento das plantas, mas regamo-las diariamente, adubamos a terra, criamos as condições necessárias de sol e clima e ela se desenvolve, sem precisar forçar. O mestre jamais força nosso despertar, pois isso seria influir no livre-arbítrio dos seres e desrespeitar os limites de nossa consciência. Seria como jogar água numa pessoa que está dormindo, ela acordaria no susto, sentindo-se mal, criando um movimento de aversão e oposição diante de quem a acordou. Já vimos vários exemplos de ataques aos mestres que vieram a Terra; Jesus foi crucificado; Gandhi foi assassinado; muitos outros foram perseguidos e injuriados, tudo por que o homem comum não admite que existam seres mais elevados na prática das virtudes.
Além disso, uma mãe que resolve tudo para seu filho acaba atrapalhando o desenvolvimento de sua habilidade de resolver seus problemas. O mesmo ocorre com os mestres. O ser humano deve ascender pelas suas próprias pernas, pelos seus próprios meios, caso contrário, ele não avança. Ninguém pode nos ofertar o conhecimento regrado de facilidades, pois é o ser humano, e apenas ele, quem deve criar as condições para se melhorar. Apesar dos mestres não se apresentarem diretamente, eles estão presentes nos planos sutis e prestam uma valiosa ajuda e promovem um impulso decisivo na evolução da consciência humana.
Como um ser se torna um Mestre?
Essa é uma pergunta que abre para considerações muito amplas, mas podemos explicar os pontos mais básicos. Um mestre é um ser que conseguiu um crescimento, desenvolvimento ou despertar espiritual ao longo de muitas vidas na Terra. Eles passaram pelo vale de lágrimas, pelo lamaçal das doenças e deformidades, por todas as tribulações da existência, cruzaram o umbral da Terra, percorreram as estradas mais tortuosas da vida, atravessaram e superaram as dificuldades, os sofrimentos, errando, acertando, nascendo, morrendo, caindo, levantando, oscilando entre tristeza e alegria, guerras e paz,  conflitos, crises, traições, desespero, mágoas e humilhações. Também experimentaram vidas de prazeres glamurosos, ostentações, posses, status e toda sorte de riquezas e sabores materiais. Já foram escravos dos sentidos e envolvidos pelas vestes da miragem do mundo. Mas no final tudo isso se mostrou vazio, ausente, seco, ilusório, sem sentido. Por mais que tentassem, a carência, a falta e a insatisfação não eram supridas. Então, eles recusaram tudo isso, praticaram a renúncia com relação a si mesmos, deixaram de lado as superficialidades do ego, abdicaram das dores e dos prazeres, do conforto e do tormento, e partiram em busca do transcendente. Depois de tudo, atingiram a libertação da grande roda da vida, da dualidade, das causas e dos efeitos, livraram sua consciência da necessidade dos nascimentos e mortes e transmutaram todo ou quase todos os resquícios do seu karma humano.
O que é um Mestre Espiritual?
É muito dificil definir em linguagem humana o que é um mestre espiritual, pois faltam palavras e expressões adequadas para isso. Esperar que um ser humano possa compreender plenamente um mestre seria o equivalente a esperar que um animal possa entender plenamente a complexidade da mente e consciência humana. É natural aceitar que os seres de reinos inferiores não podem ainda saber com exatidão a essência e a condição do reino que lhe é superior. Os Mestres já pertencem ao elo superior da grande cadeia da vida e ajudam no caminho daqueles que ainda estão trilhando a estrada da existência. Ainda há uma longa jornada para a maioria, mas um caminho não tão extenso assim para uma pequena minoria.
Quais características gerais dos mestres?
É um ser puro, claro, cristalino, reluzente, perfeito, luminoso, lúcido, alvo, imaculado, sábio, puro, sensível, límpido, verdadeiro, transparente, abnegado, bondoso, caridoso, amoroso, desprendido, humilde, compassivo, tolerante, solidário, pacífico, tranquilo, sereno, equilibrado, determinado, equânine, íntegro, não dividido em si mesmo, tem domínio total de si mesmo, goza de proteção cósmica, livre, disciplinado, independente, espontâneo, natural, simples, discreto, sincero, bem humorado, justo, dentre outros.
  • Para um mestre, a felicidade eterna, a paz e o amor universal não são apenas teorias ou hipóteses, mas realidades vivas.
  • O Mestre tem uma clareza de consciência quase infinita, ele vê através das coisas e pode desvendar a natureza íntima dos seres e das coisas. Nada lhe é oculto. Eles pode ler o Livro da Natureza abertamente e podem desvendar seus mais íntimos segredos.
  • Os Mestres são senhores dos fenômenos naturais, podem controlar os elementos e as entidades espirituais, assim como os devas, os gênios e os espíritos da natureza.
  • Um Mestre não possui mais ego ou personalidade. Não tem mais uma identidade definida, pois sua identidade abraça a consciência universal. Um Mestre não possui nada seu, mas é senhor de todas as coisas. Por ter perdido tudo, ganha tudo.
  • Um Mestre não se abala com coisa alguma, é como o rochedo que é invulnerável as ondas que constantemente se chocam contra ele.
  • O mestre é um modelo, um exemplo do que deve ser almejado, é uma imagem clarificadora do objetivo.
  • Os mestres que já atigiram a perfeição são onipresentes, onipotentes e oniscientes.
  • Um mestre proximo da perfeição possui sabedoria, poder, bondade, amor. Um mestre perfeição é a própria sabedoria, poder, bondade, amor.
Não seria mais conveniente que os mestres definissem aos seus discipulos quais tarefas eles devem cumprir? Isso não diminuiria suas chances de erro?
Caso isso ocorresse, o mérito da boa obra não seria do discípulo, mas do mestre que ordenou as ações. O bom karma será colhido pelo mestre e não pelo discipulo. Como forma de expandir sua intuição, e colher o mérito da iniciatia própria, o mestre deixa a cargo do discipulo quais tarefas são mais proveitosas à coletividade. Isso também é um importante exercício intuitivo para o discípulo, e o ajuda a cultivar a responsabilidade pelos seus próprios atos. Se o mestre lhe ordenasse uma missão e ele a cumprisse, o discipulo colheria frutos de pouquíssimo valor, pois não foi ele mesmo que decidiu levar a cabo aquela realização.
Quando um mestre nasce para cumprir alguma missão na Terra, ele não tem plena consciência de sua missão. Quando Jesus veio, no período de sua preparação, ele não sabia ainda o que deveria fazer e não tinha idéia da amplitude e das conseqüências de sua vida e ensinamentos. Porém, ele tinha uma intuição do que deveria realizar e seguiu as recomendações do seu eu interior. O mesmo ocorreu com Buddha, Krishna e outros avatares redentores da humanidade.
Por que os Mestres aparecem a algumas pessoas e a outras não?
É importante dizer que são as pessoas que devem criar uma conexão com os mestres e não o contrário. Aquele que fica esperando os mestres aparecerem para si está perdendo seu tempo. O inferior deve buscar alcançar o superior e não o contrário. Os ensinamentos dos mestres estão distribuídos em todas as culturas antigas em formas diversificadas, umas mais preservadas e puras, outras menos conservadas e mais distorcidas ou adulteradas. O acesso existe para a maioria das pessoas, mas nem todos estão aptos a compreender os ensinamentos propagados pelas grandes almas ao longo dos milênios. Acreditar que um mestre deve concentrar suas atenções apenas em nós pode ser um sinal de vaidade, comportamento que, por si mesmo, já prejudica o contato. Os mestres perfeitos e os próximos da perfeição são as pessoas mais ocupadas do mundo. Por isso, só dão uma atenção especial a certos indivíduos quando eles podem influir mais decisivamente no coletivo e fazer um parcela da humanidade adiantar-se espiritualmente. É preciso, em primeiro lugar, abdicar de nossos interesses pessoais e do nosso ego e dedicar-se com a máxima exclusividade possível a obra da fraternidade planetária dos mestres. Aqueles que desejam trabalhar para a luz, mas que não são capazes de desvincular-se do apego à vida mundana podem ainda não estar aptos a tarefa. De qualquer forma, qualquer indivíduo pode realizar, dentro de suas possibilidades, um trabalho de amplitude maior que contribua com a obra dos mestres. O esforço em incorporar na vida prática os ideais de amor, fraternidade, respeito, caridade, compaixão, humildade etc, são extremamente positivos e ajudam sobremaneira.
O que pensar dos mestres que se isolam do mundo, vivendo uma vida de renúncia e meditação?
Há duas possibilidades aqui, como em tudo que diz respeito ao mundo da manifestação. Pode tratar-se não de um mestre, mas de pessoa ociosa e medrosa, que foge das responsabilidades da vida e não quer assumir sua “cruz”, ou seja, seu karma. Por outro lado, um mestre de grande adiantamento espiritual pode estar isolado numa montanha ou numa caverna, longe de todos e sem nenhuma convivência social, mas seu espírito, que pode se deslocar para qualquer lugar, está livre, e ele pode comungar com muitas forças, energias, estados e condições, tantos quanto quiser, pois ele está liberto das limitações do corpo e da mente. Há uma ilusão de que ele está ali sozinho, mas seu espírito está em plena liberdade e ele acessa qualquer coisa que desejar e entra em contato com qualquer pessoa, pois não há limites para o deslocamento de sua consciência.
Ao contrário do que comumente se pensa, ele também não está privado de nada. Uma pessoa só se priva de algo quando esse algo lhe faz falta; quando essa pessoa continua desejando aquilo. Não há ascetismo, nem extremismo, nem carência de nada. Eles simplesmente encontram-se em outro estado de consciência; uma condição sutil onde as necessidades humanas comuns não os afetam mais. Logo, eles não sentem-se mal com isso, tampouco tem as dependências que temos.
Quando um mestre encontra-se em meditação profunda, quem está de fora assistindo tem a impressão de que ele está parado, imovel, e que nada está acontecendo ali. Mas se por um momento refletirmos que o espírito independe do corpo e pode se libertar deste, então podemos aceitar que um mestre meditando pode estar realizando ações mais sutis que representam muita coisa do ponto de vista mais elevado. Para nós não é nada, mas para espíritos puros é muita coisa. As ações sutis têm um alcance muito maior do que as ações físicas, limitadas no tempo e no espaço.
Quais as principais atividades dos mestres no plano material?
Os mestres espirituais encarnados nunca ficam do nascimento até a morte apenas meditando, isolados e sem contato com o mundo. Eles realizam também muitas atividades no plano denso. Uma dessas atividades é o treinamento de discípulos, muito comum na Índia, Tibete, Nepal e Himalaia. Os mestres escolhem alguns indivíduos cuja consciência tem abertura a um terreno fértil para a espiritualidade, e começam a orientá-los em práticas espirituais.
Além disso, muitos deles atuam diretamente na ajuda fraterna nos lugares onde vivem, seja através do seu exemplo de vida, seja através dos seus ensinamentos, seja reacendendo a chama dos conhecimentos tradicionais de uma religião, seja curando pessoas, seja harmonizando vibratoriamente a aura coletiva de uma comunidade, dentre várias outras realizações.
Alguns, no entanto, optam por permanecerem longos períodos sem contato com o mundo, mas esse contato é tão somente um contato mais material, pois, como já foi dito, nos planos sutis a sua atividade é intensa, mais intensa do que se realizasse ações no mundo físico, pois essas ações tem um alcance muito menor do que as ações do plano sutil.
Uma ação de plano sutil tem uma abrangência muito maior do que uma ação de plano físico, posto que é dos planos mais elevados que brotam as sementes para as ações do plano material. As ações sutis criam milhares de desdobramentos que vão se manifestar em miríades de ações físicas. As ações sutis orientam a formação das ações mais densas. O sutil é sempre o modelo do que será materializado nos planos mais grosseiros. Há uma frase esotérica que diz “Tudo é primeiro concebido nos plano invisível para depois ser expressado nos planos visível.”