Quantos anos um Espírito demora para reencarnar?
O tempo varia de Espírito para Espírito. Segundo informação dada a Kardec pelos Espíritos, pode esse tempo ser de algumas horas até alguns milhares de séculos, não havendo um extremo limite estabelecido para o estado do Espírito na erraticidade, que é o período entre as reencarnações. Conquanto possa esse tempo prolongar-se muitíssimo, jamais é perpétuo, pois cedo ou tarde precisará vivenciar nova existência apropriada a depurá-lo das máculas de suas existências precedentes. Não se pode definir uma quantidade de anos específica para que o Espírito retorne à carne, nesse processo atuam muitas leis, a própria vontade do Espírito e Deus, na Sua infinita bondade, aceita, até certo ponto, as escolhas dos Espíritos.
O Espírito Miramez, ao tecer comentários acerca do tema, destaca que o Espírito, quando fora do corpo, é livre e que essa liberdade cresce com o crescimento da alma em todos os planos da existência. Deste modo, à medida em que o Espírito depura-se e cresce espiritualmente, mais tempo demorará para reencarnar, podendo usufruir de maior liberdade espiritual e das vivências nas colônias espirituais.
O planejamento reencarnatório não se dá de modo aleatório, é sempre programado pelo mundo espiritual. É natural que essa programação possa dar-se desde algumas horas após o processo desencarnatório ou que demore um tempo maior. Fatores como necessidade, disponibilidade, vontade e evolução de cada Espírito serão determinantes para a fixação desse tempo na erraticidade. Essa duração é uma consequência do livre-arbítrio, pois os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, podendo solicitar permanecer mais tempo no plano espiritual, a fim de continuarem estudos que só na condição de Espírito livre podem efetuar-se com proveito, capacitando-se melhor para um novo reencarne.
Os Espíritos sabem que precisam reencarnar, pois tal fato significa aprimoramento e aprendizagem. No corpo físico, ao vestir a indumentária carnal, e com as experiências corporais, o Espírito tem um aprendizado mais intenso e, a depender das necessidades de cada um, faz-se mister uma reencarnação mais rápida. Assim, a rigor, o Espírito delibera quanto tempo ele necessita para voltar à vida corporal, entretanto, para alguns, esse tempo de espera pode constituir uma punição que Deus lhes inflige, conforme sejam mais ou menos refratários ao bem, ao amor e à fraternidade. O sentido primordial da vida, jamais esqueçamos, é despertar as qualidades nobres da consciência, para que o coração seja o canal da intuição, por onde nos possa falar o Divino Mestre.
Deve-se destacar ser a necessidade da reencarnação sempre muito grande e, como a população desencarnada é bem maior que a de encarnados, nem sempre há disponibilidade reencarnatória para todos retornarem ao plano físico no momento em que desejarem, fator a contribuir também para que o tempo na erraticidade varie sobremaneira. Na verdade, há filas de espera no plano espiritual para uma oportunidade de retorno à vida material, motivo importante para melhor valorizarmos a experiência humana.
Outro ponto a se ressaltar é o fato de não se dar a evolução apenas no plano físico, mas também no espiritual. Há, portanto, conhecimentos específicos e diferentes a serem incorporados pelos Espíritos quando de sua passagem pelo plano espiritual e pelo plano material e, quando se depura o suficiente na vida física, alcançando a condição de Espírito puro, não mais precisará reencarnar, continuando seu processo evolutivo apenas no plano espiritual. Normalmente, quando os Espíritos são mais amadurecidos e conscientes de suas responsabilidades, buscam e planejam a época do seu retorno à matéria, entretanto, Espíritos mais imperfeitos precisam ser orientados e conduzidos por mentores Espirituais. Em situações onde um Espírito recuse-se a reencarnar e, havendo necessidade premente, mentores da Espiritualidade organizam uma reencarnação compulsória.
Devemos ter em mente que a Lei do Progresso é divina, faz parte da Lei Natural de Deus e precisa ser cumprida, não podendo o Espírito negar-se a evoluir eternamente. Conquanto tenha o livre-arbítrio, caso se mostre continuamente refratário ao progresso, terá sua liberdade de escolha momentaneamente suspensa em seu próprio benefício, por misericórdia divina, retornando ao campo da matéria para novas experiências evolutivas.
A reencarnação compulsória desbasta as imperfeições mais grosseiras do Espírito reencarnante, permitindo a evolução necessária, isto é, entre “choro e ranger de dentes”, pelo amor ou pela dor, o Espírito amadurecerá.