Os chamados “trabalhos de firmeza”, bastante comuns na ritualística umbandista, são ainda muito incompreendidos pelos não-umbandistas e acabam por serem causa de muito do preconceito que ainda existe em relação à Umbanda. Isso porque esses trabalhos, popularmente conhecidos por “oferendas”, são confundidos com despachos, e tratados como prática de “macumba”
Também pesa sobre eles o conceito de que “espíritos não comem, não bebem, não precisam de nada do mundo material”, o que faz com que os umbandistas sejam tidos por ignorantes, pelo fato de ofertarem artigos materiais a quem só necessita de vibrações e de preces. Infelizmente as pessoas ainda tem o hábito de tirar conclusões apressadas, baseadas na aparência, sem procurarem buscar explicações mais aprofundadas sobre aquilo que observam.
Na verdade, os trabalhos de firmeza são uma forma de troca de energias entre os dois planos. Em essência, não são oferendas, até porque, pelo menos em um ponto os críticos estão corretos: as entidades que trabalham na Umbanda realmente não precisam de comidas, bebidas, ou quaisquer outros artigos materiais que se lhes pretenda oferendar. Isso compreendido, cabe então explicar que a firmeza se destina a uma manipulação das energias oriundas dos materiais ofertados e que são revertidas em favor do próprio ofertante. Explicando melhor: a entidade retira as energias atuantes dos materiais que são trazidos ao trabalho e utiliza essas mesmas energias para ativar centros de força do médium, melhorando sua sintonia mediúnica, atuando no campo mental e também físico, contribuindo até mesmo para sanar eventuais males orgânicos que eventualmente existam naquele momento.
Que fique claro que, nos trabalhos de umbanda, em nenhuma circunstância são utilizados quaisquer artigos de origem animal. Os materiais ofertados são sempre de origem mineral ou vegetal, sendo principalmente flores, frutas, verduras, ervas, além de velas, pedras, charutos e bebidas alcoólicas, de onde são aproveitados os fluidos etéreos do álcool.
Os vegetais, como verduras e ervas são preparados, quando tiverem de ser cozidos e, depois disso, são colocados dentro de um alguidar branco de louça, organizados de forma a formar um prato bem composto. Esse alguidar é depositado sobre uma toalha branca, onde deve estar riscado o ponto da entidade, se esse já for conhecido. Ao redor do alguidar são depositadas flores, caso haja, além de charutos ou outros elementos da oferenda. A bebida é depositada em um coité que será colocado à frente do alguidar, ficando o restante da bebida dentro da garrafa, também sobre a toalha. Ao redor são acesas as velas, na quantidade pedida para o trabalho e, então, é feita a oferenda.
A entidade ofertada manifesta-se, então, no médium e retira dos elementos as energias necessárias, já fazendo a fixação dessas mesmas energias nos centros de força (chacras) para os quais elas estejam sendo destinadas.
Outro aspecto importante é que tais trabalhos são realizados sempre no interior dos templos, ou em sítios naturais apropriados, tais como cachoeiras, matas ou pedreiras, caso em que, encerrado o trabalho, os materiais não perecíveis devem ser recolhidos, a fim de que não poluam ou comprometam o equilíbrio do local. Jamais trabalhos de Umbanda são feitos em esquinas urbanas ou em encruzilhadas. Tais práticas, embora há muito confundidas com práticas umbandistas, são absolutamente estranhas ao universo ritualístico da verdadeira Umbanda.
Fonte: Umbanda é Luz - NEU - Núcleo de Estudos Umbandistas - Brasília