Um conto diz que Lampião e Zé Pelintra, no além, estiveram a ponto de brigar por causa de Maria Bonita, que o segundo resolveu cortejar.
Lampião ameaçou mandar Zé Pelintra para o inferno.
Zé Pelintra zombou da ameaça, pois "entra e sai de lá a toda hora".
Lampião puxou a peixeira e chamou seu bando ou falange, quando apareceu Severino da Bahia, antigo babalorixá de Salvador, que conhecia os dois e tinha muita afeição por ambos.
Severino convenceu-os a baixar as armas e conversar.
Explicou a Zé Pelintra que Lampião lutou por melhores condições de vida, distribuição de terras, fim da fome e do coronelismo, mas cometeu muitos abusos.
Zé Pelintra, por sua vez, nascera no sertão de Alagoas, migrara para o Rio de Janeiro e driblara os problemas da vida, a fome, a miséria, as tristezas, com seu jeito esperto e foi transformado em herói depois da morte, embora também cometesse muitas violências.
Zé e Lampião descobriram que eram muito parecidos e igualmente valorizavam a justiça, a amizade e a lealdade.
Severino então convenceu-os a participar da Umbanda e trabalhar pelos pobres e excluídos.
Teria nascido então a Linha mais alegre, divertida e "humana" da Umbanda, que acolheria a qualquer um que quisesse lutar contra os abusos, a pobreza, a injustiça, as diferenças sociais e teria na amizade e no companheirismo sua marca registrada.
Uma linha de guerreiros, que um dia excederam-sese na força, mas que passavam a lutar com as armas da paz.
Dizem ainda que continua a queda de Zé Pelintra por Maria Bonita, mas ele a deixou de lado devido ao respeito pelo irmão Lampião e passou a namorar uma pombagira que conheceu na Umbanda.
É por isso que ele às vezes "baixa" disfarçado de exu.