quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

História de (um) Exú Morcego
Em um castelo, inteiramente de pedra, mal cuidado e isolado no meio de uma floresta, típico daqueles pertencentes ao feudo europeu, vivia um homem branco e corpulento, trajando uma surrada roupa, provavelmente antes pertencente a um guarda-roupa fino.
Percebia-se o desgaste causado pelo passar do tempo, pois ainda carregava uma grossa e rica corrente de ouro de bom quilate, com um enorme crucifixo do mesmo cobiçado material. Parecia viver na solidão, muito embora no castelo vivessem vários serviçais.
Na torre do castelo, as janelas foram fechadas com pedra, e só pequenas frestas foram feitas no alto das paredes. A luz não podia entrar. A torre não tinha paredes internas, formando uma enorme sala, com pesada mesa de madeira tosca, tendo como iluminação dois castiçais de um só vela cada. Ao lado da tênue luz das velas, livros se espalhavam sobre a mesa, mostrando ser aquele homem um estudioso e que algo buscava na literatura.
De braços abertos, com um capuz preto cobrindo sua cabeça, emitia estranhos e finos sons, tentando descobrir o segredo da conhecida Sagrada Arte.
Pelas frestas da torre, entravam e saiam voando vários morcegos com os quais ele procurava inspiração e força para atingir sua conquista. Por quê? Não sei. A idéia e as razões eram da estranha figura. Parecia um homem de fino trato, transfigurado na fixação de atingir um poder que não lhe pertencia.
Seu nome era Guland, hoje, ele trabalha como Guardião do Vale dos Suicidas e já teve seu corpo perispiritual muuuuuito deformado por suas sucessivas vidas interrompidas das mais diversas formas, e exatamente por isso levei mais de 4 anos, com o trabalho de sucessivas incorporações nas linhas de esquerda, entregas e rezas para que ele perdesse seu aspecto deforme, quase animalesco e voltasse seu aspecto humano. Gouland, este senhor alquimista tem muitos mistérios e segredos, mas nenhum deles causaram tanta admiração e respeito quanto sua linhagem de atuação, incorporado no terreiro como o querido mas temido Exu Morcego. Ele é um exu nervoso , anti-social, não é muito de prosa mas quando faz algum tipo de trabalho como ele mesmo diz "vai buscar voando " e sempre cumpre com o que diz.

                                               O AMIGO

Sob um clarão de luz, caminhe adiante, com força e com vontade. Os percalços da vida são jogados ao léu, para se superar a caminho do céu! A presença de um amigo é tão bom de se sentir... eu te acompanho, eu te ajudo, é só você não desistir! A presença dos guias e a confiança no que fazem é tão importante quanto o ar que se respira. Basta apenas umas coisinhas, fé e confiança. Compreensão no que acontece. Depois da tempestade vem a bonança. Nunca abaixe a cabeça ou desanime no caminho, já contou quantos amigos tem? Tem eu e tem muitos outros, Malandrinho... Me chamam de "Cláudio", mas sou um "Irmão de Jornada", mais um espírito nas estradas da vida. Cada degrau, cada passada, é sempre uma experiência a ser vivida. Sou o amigo dos idos passados. Temos dívidas um com o outro, fora a grande amizade conquistada a duras penas, que não se esvai com facilidade. Basta coragem e alegria para vivermos em harmonia. Persistência e postura para subir lá nas Alturas. Depois olhar para baixo e ver quanta coisa passamos juntos e unidos, formando uma bela amizade, num laço de fraternidade. Quando pensava me conhecer de pouco, já te acompanhava a caminhada. A hora certa nos fez um ao outro conhecer. Depois sem perceber, gostar, apreciar... com defeitos e acertos, mesmo assim me ama, falar do meu modo de ser, que gosta e não reclama. Bela é sua conduta, agradeço o amor por mim, pois na mesma luta, subiremos sempre assim. Trabalho muito e por isso me alegro. Não se esqueça, amigo, que mesmo no meio da festa, estou a trabalhar, ajudando a quem precisa dessas águas se banhar, de um jeito ou de outro, da maneira que convém. Você me ajuda a subir, a me elevar, pois então, tome-me como exemplo pra sua cabeça não baixar. Se eu não quero parar, não vai ser você que vai estancar. Não viemos aqui e agora para estacionar e sim nos elevarmos a quem nos guia e comanda! Tomara, Deus, que eu possa te ajudar com essas pequenas palavras a ditar. Na minha mais pura ignorância, espero mandar para você um momento de paz e alegria, trazendo a você a harmonia interior desejada. Você me dá a chance de ser alguém e se depender de mim, não vai parar na estrada sem luz. Pois graças a Jesus, a oportunidade de felicidade em nossa jornada é dada a todos, sem deixar que a luz que há vá embora! Amigo é palavra chave. Como essa você tem muitos aqui, não nos deixe chupando o dedo, por simples medo. O medo e o escuro se supera. Caminhe com luz e altivez, como um Caboclo de luz e elevação. Mais embaixo estou eu, lhe cobrindo com as forças que tenho, para sua mais breve ascensão. Espero ter ajudado... se você tem lágrimas nos olhos, também tenho. Isso é sinal que valeu e confirma a união. Caminhe com Deus e a nossa jornada estará sempre livre e iluminada pelo Cristo. Com amor de um amigo... Seu guardião Claudio
Psicografia enviada ao
Pai Pequeno Julio,
no ano de 1994