"Pai José vem cá, vem cá.
Pai José vem trabalhar.
Pai José vem lá de Angola pro terreiro saravar."
Pai José, Preto Velho caridoso que trabalha humildemente nos
terreiros de Umbanda trazendo paz, harmonia, saúde e vitórias a quem
vai a ele buscar uma ajuda.
Pai José viveu encarnado como um negro escravizado por volta do
século XIX, em uma fazenda cafeeira da região sudeste do Brasil.
Filho de negros da mesma fazenda, ele desde a tenra idade sentiu na pele a maldade dos senhores escravocratas, que dominavam a região na
época, ou por serem grandes fazendeiros cafeeiros, ou por serem grandes negociadores de negros para serem usados como escravos, ou pelos
dois fatos.
A mãe de José era uma mulher muito apegada em sua fé, tinha um
grande poder de oração, e um amor extremo pelos Orixás. E neles
entregava suas suplicas e pedidos de uma vida de luz.
Quando grávida, em um dia de intensa oração, a mãe de José ao
dormir sonha com um homem negro lhe dizendo que em seu ventre estaria
a criança que futuramente seria um grande benzedor e encaminhador de
obsessores, e ele com esse dom e essa luz poderia ajudar muito a todos
que necessitavam. Porém quando com sete anos de idade ele poderia ser
tomado pela força do mal, e essa força faria de tudo para que a luz
espiritual do menino se apagasse.
E assim ele nasceu, dentro da senzala rodeado pelos negros
encantados com o rosto angelical do menino.
Desde pequeno José era uma criança diferenciada, sempre pronto a
ajudar as pessoas, com uma simpatia incrível e uma índole
maravilhosa.
E como foi dito pelo homem negro no sonho de sua mãe, aos sete
anos José apresenta uma mazela física e espiritual, que depois de
muitas orações e benzeduras de um velho negro de nome Cipriano, fica
curado e sua alma liberta dos obsessores da escuridão.
A partir dessa cura, José se dedica a aprender todas as magias,
benzeduras e a arte de curar através de ervas e raízes, assim como
seu mestre e salvador o velho Pai Cipriano.
Pai José, já homem feito e muito respeitado pelo fato de ser um
grande discípulo do velho Cipriano, tem cada dia mais o orgulho de ser
conhecido pelas suas ajudas aos necessitados, assim com foi conhecido
seu mestre.
Ele tinha um jeito simples e sereno de demonstrar sua sabedoria
divina, falava manso, com um tímido sorriso e um olhar penetrante, que
encantava a todos que o procuravam, sejam negros escravizados ou
senhores donos de escravos.
Ele era realmente diferenciado entre os negros, tinha um maravilhoso
dom de acalmar dores, tanto do corpo físico quanto do espírito.
Entre tantas histórias desse grandioso ser, vamos frisar uma que é
realmente divina, demonstrando a força da fé, e a vontade extrema de
ajudar um semelhante, mesmo se essa ajuda depender de arriscar a sua
alma.
Como foi dito anteriormente, José ainda na tenra idade, sofreu uma
fortíssima obsessão, e essa força do mal foi retirada do caminho dele
pelo seu Mestre, o grande Pai Cipriano, que lhe salvou a vida e o
espírito de ser levado para escuridão.
Para quem ainda não leu esse texto anexamos o link abaixo para que
leiam e entendam o andamento dessa história.
A História de Pai Cipriano.
Voltando a história de nosso Pai José, os espíritos da escuridão
que tinham ordens de envolver e levar as profundezas a alma iluminada
dele, e anos atrás foram expulsos por nosso Pai Cipriano, não
desistiram.
Eles se silenciaram por anos e anos, mas aguardando o momento
certo de tentarem novamente seu objetivo de cumprir as ordens de
desvincular da caridade o espírito puro e iluminado desse negro que
tantas pessoas já respeitavam como curador e benzedor.
E esse momento chegou, foi numa noite de inverno muito frio, onde
os negros tentavam se aquecer ao lado de uma fogueira. Todos sentados
ao chão empoeirado da senzala congelante.
Ao lado de José estava sentado seu pequeno protegido e afilhado, o
menino conhecido como "Negrinho", no qual todos os negros adoravam
pelo seu sorriso sincero e cativante, uma criança realmente
encantadora.
E pelo grande amor que Pai José tinha pelo menino "Negrinho", os
espíritos da escuridão usaram desse fato para tentar assim dominar o
negro e o levar a perder o caminho da caridade. Envolveram o espírito
do menino, obsediando e fazendo com que sua alma desprendesse da vida
terrena, ficando presa na escuridão extrema, para que assim forçasse
ao negro José se deixar levar para salvar a vida e a alma do menino.
Ao perceber que o pequeno "Negrinho" estava sendo dominado e
obsediado, Pai José, se abraçou com ele e se elevou em orações, e
nesse instante entendeu que a alma do pequeno estava sido entregue a
escuridão, como tinha acontecido com o próprio Pai José na sua
infância.
O negro José, ainda abraçado com o corpo inerte de seu afilhado,
clamou por Oxalá, pediu entendimento e sabedoria ao seu mestre Pai
Cipriano, que nesse momento ouviu a sua voz serena dizendo, que a
força de sua fé o levaria a salvar a alma já perdida da criança, ele
deveria fortalecer suas forças, clamar a Deus com toda força de sua
fé, e deixar que seu espírito tomasse o corpo do menino. Fazendo
isso ele teria como manter uma alma no corpo inerte da criança, e da
mesma forma teria como levar sua alma as profundezas escuras para
resgatar a alma de seu afilhado "Negrinho".
Mas de forma nenhuma deveria enfraquecer sua fé, pois assim sua
alma ficaria presa dentro da fortaleza obscura dos obsessores, e ele
acabaria escravizado por Kiumbas e Zombeteiros.
Mesmo sabendo do perigo que corria e mesmo sabendo que era ele
que os obsessores desejavam escravizar, José se concentra, se eleva
aos céus, e busca força espiritual para fazer o que lhe foi dito por
Pai Cipriano.
Como em transe, seus olhos entreabertos, corpo tremulo e ainda
abraçado com o menino, ele consegue dividir a força de seu espírito
com o corpo da criança, e assim entra no ambiente da escuridão em
busca de resgatar a alma do pequeno.
Quando deu por si, Pai José se encontrava acuado por dezenas de
espíritos negros que de todas as formas tentavam desconcentrar, para
que ele se perdesse na grande quantidade de caminhos negros e fétidos
que ali existia.
Ele, lembrando-se dos conselhos de Pai Cipriano, se fixou em um
só ponto e seguiu adiante, rezando firmemente, mostrando que sua fé
era maior que qualquer coisa.
Logo adiante encontrou o espírito do menino e o trouxe para junto
de si. Ao observar que Pai José estava conseguindo seu objetivo, os
obsessores, eguns, kiumbas e zombeteiros o atacaram de diversas
formas, e ele novamente elevando-se ao Pai Maior, pede que consiga
manter sua fé para que conseguisse levar dali o espírito do menino e
o dele próprio.
Após uma breve pausa, Pai José abre os olhos lentamente e observa
uma grande luz branca lhe protegendo, e dessa luz uma voz já conhecida
mandando ele seguir juntamente com o seu afilhado.
Era a voz de Pai Cipriano, que foi a seu encontro com uma legião
de Exús chefiada pelo Exú Tranca Ruas, tirando de seu caminho todos os
obsessores e espíritos sem luz.
Ao findar o caminho obscuro, foi como que Pai José saísse de seu
transe. Já na senzala ele acorda ainda abraçado com o menino
"Negrinho", que nesse instante olha o rosto cansado de Pai José e
sorri.
Pai José com sua fé, sua boa vontade, sua caridade resgatou o
espírito do seu afilhado das garras de seus algozes obsessores. E
fazendo isso salvou seu próprio espírito.
Ele ajoelhou e agradeceu a Zambi, nosso Pai Maior, agradeceu
também a seu Mestre, Pai Cipriano, e a toda legião de trabalhadores
da linha da esquerda, nossos guardiões Exús.
Pai José é uma Entidade trabalhadora de nossa Umbanda, ele sempre
prega que a fé é o caminho para alcançar a vitória.
Trabalha com carinho a todos os necessitados, a todos obsediados,
a todos sofredores, mas tem uma ligação e uma proteção especial as
crianças.
Palavras De Pai José: Aprenda Que De Nada Serve Ser Luz Se Não
Iluminar O Caminho Dos Demais.
Saravá Pai José, a sua benção!
Adorei as Almas!.
Carlos de Ogum