Pomba Gira Sete Luas: A Rainha dos Ciclos e dos Segredos Noturnos
Pomba Gira Sete Luas: A Rainha dos Ciclos e dos Segredos Noturnos
Nas noites em que a lua muda de rosto — da nova à cheia, da minguante à oculta — uma entidade ancestral desperta entre os véus do astral: Pomba Gira Sete Luas. Ela não pertence apenas à terra ou ao mar, mas ao ritmo cósmico dos ciclos femininos, aos mistérios que nascem na escuridão e florescem sob a luz prateada.
Seu nome evoca as sete fases da lua e, por extensão, as sete faces da mulher: a donzela, a amante, a mãe, a curandeira, a sábia, a feiticeira e a ancestral. Cada lua que ela carrega é um portal de transformação, um espelho da alma feminina em constante renovação. Ela é intuição em movimento, magia em silêncio, poder em recolhimento.
Diferente das Pombas Giras ligadas ao fogo da paixão ou ao aço da justiça, Sete Luas opera na sombra luminosa da noite, onde tudo se revela devagar — como a maré guiada pela lua, como o sangue que flui no tempo certo, como a semente que germina na escuridão antes de ver a luz.
A Origem: Uma Guardiã do Sagrado Feminino
Conta-se que, em vida, ela foi uma guardiã do Sagrado Feminino — aquela que conduz os nascimentos, cura as feridas e celebra os mistérios da vida, da morte e da renovação. Vivendo à margem da sociedade, era respeitada por algumas e temida por outras. Conhecia os segredos das ervas, dos sonhos e dos sangramentos sagrados.
Foi perseguida por exercer seu dom. Acusada de bruxaria, traição ou loucura, foi banida, exilada ou morta em uma noite de lua nova — o momento de maior escuridão. Mas sua alma não se apagou. Ao contrário: fundiu-se com os sete ciclos lunares, tornando-se guardiã das mulheres que sangram, sonham, curam e criam.
Assim nasceu Pomba Gira Sete Luas, uma entidade da Quimbanda Lunar, ligada a Exu Lua, Exu Morô e, em algumas correntes, à Falange das Mães de Lua e Iabás Estelares.
Como Montar um Altar para Pomba Gira Sete Luas
Seu altar deve refletir mistério, intuição e renovação cíclica. Tudo deve ser suave, mas poderoso — como a luz da lua.
Local: Canto silencioso da casa, de preferência com janela voltada para o leste (para receber a lua nascente) ou norte (para conexão cósmica).
Toalha: Prateada, branca, roxa-escura ou azul-noturno — cores que simbolizam intuição, espiritualidade e o véu entre os mundos.
Elementos essenciais:
- Sete velas brancas, prateadas ou roxas (uma para cada lua)
- Espelho de prata ou cristal (para refletir os ciclos internos)
- Água consagrada à lua (água deixada ao luar por uma noite)
- Imagem ou ponto riscado de Sete Luas
- Cristais lunares: quartzo leitoso, selenita, pedra da lua
- Flores noturnas: dama-da-noite, lírio branco, jasmim
- Taça com vinho branco, leite de coco ou mel diluído em água
- Símbolos das fases da lua (pode ser um pendente ou desenho)
Limpeza energética: Defume com mirra, sândalo, arruda e flor de laranjeira. Evite odores agressivos — ela prefere a suavidade da noite.
Linhas de Atuação
Pomba Gira Sete Luas atua nas esferas mais sutis e profundas da existência:
- Cura do útero emocional e físico
- Harmonização do ciclo menstrual e da fertilidade
- Despertar da intuição, mediunidade e sonhos proféticos
- Proteção durante gestação, parto e puerpério
- Libertação de traumas ligados à sexualidade, maternidade ou feminilidade
- Trabalhos de magia ritualística e encantaria feminina
- Renovação espiritual alinhada às fases da lua
Ela não age com pressa, mas com precisão cósmica. Seus trabalhos seguem o ritmo da lua — e exigem paciência, observação e entrega.
Oferendas Tradicionais – Passo a Passo
1. Oferenda da Lua Cheia – Para Poder e Clarividência
- Ingredientes: 1 taça de leite de coco ou vinho branco, 7 flores brancas, 1 vela prateada, 1 cristal de quartzo leitoso.
- Modo: Ofereça ao ar livre sob a luz da lua cheia. Acenda a vela e diga:
“Sete Luas, rainha dos ciclos sagrados, eu te ofereço pureza e abertura. Ilumina meus sonhos, clareia meus caminhos, fortalece meu útero sagrado.”
Deixe por 30 minutos. Após, libere a oferenda na terra ou em água corrente limpa.
2. Banho de Lua Nova – Para Renovação e Corte de Ciclos
- Ingredientes: Água consagrada à lua nova, 7 pétalas de jasmim, 1 colher de mel, sal grosso.
- Use após o banho comum, do pescoço para baixo, na noite da lua nova. Peça:
“Sete Luas, que este ciclo se feche com graça. Leva o que já não me serve. Prepara-me para o novo.”
3. Oferenda de Mel e Cristais – Para Fertilidade e Criação
Coloque mel em uma concha ou taça de prata, com um cristal de pedra da lua. Ofereça no altar durante a lua crescente. Peça por fertilidade (física, emocional ou criativa). Deixe por 3 noites e depois enterre sob uma planta que floresça à noite.
Trabalhos Mágicos com Finalidades Específicas
✦ Ritual de Cura do Útero Emocional (Lua Minguante)
Escreva em um papel roxo os traumas ou dores ligadas à feminilidade. Queime-o sob uma vela roxa na lua minguante, pedindo:
“Sete Luas, que tuas sombras curem minhas feridas. Que meu útero seja templo, não prisão.”
Enterre as cinzas com uma flor branca.
✦ Trabalho de Intuição com Espelho Lunar
Deixe um espelho pequeno exposto à lua cheia por uma noite. No dia seguinte, coloque-o no altar. Antes de dormir, olhe para ele e peça:
“Sete Luas, revela-me o que meus olhos físicos não veem.”
Muitos recebem mensagens em sonhos após esse trabalho.
✦ Abertura de Caminhos Criativos (Lua Crescente)
Escreva seu desejo criativo (escrever, pintar, cantar, curar) em um papel branco. Coloque sob um cristal de quartzo leitoso no altar durante a lua crescente. Acenda uma vela prateada por 7 noites seguidas.
Um Aviso Sagrado
Pomba Gira Sete Luas não responde à pressa, ao ego ou à superficialidade. Ela exige silêncio interior, respeito pelos ciclos e conexão com o feminino sagrado — em homens e mulheres. Trabalhar com ela é aprender a esperar, observar e confiar.
Mas quem a honra com verdade encontra nela uma mãe ancestral, uma irmã de mistérios, uma rainha que guia pelas estrelas e pelos ciclos do sangue e da alma.
Que Sete Luas te ensine a honrar teus tempos.
Que suas noites sejam cheias de sonhos reveladores.
E que teu útero — físico ou simbólico — seja sempre um templo de criação e poder.
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