Maria Padilha da Calunga Grande: A Rainha que Reina Onde a Vida Encontra a Eternidade
Uma alma que atravessou o véu para se tornar guardiã dos mistérios entre os mundos
Maria Padilha da Calunga Grande: A Rainha que Reina Onde a Vida Encontra a Eternidade
Uma alma que atravessou o véu para se tornar guardiã dos mistérios entre os mundos
A Vida Humana de Dona Esmeralda de Calunga
Antes de ser entidade, antes de ser lenda, ela foi mulher de coragem, sabedoria e dor profunda. Chamava-se Esmeralda de Calunga, nascida por volta de 1720, em uma senzala próxima ao porto de Salvador, Bahia. Filha de Mãe Zelinda, uma velha pajé de origem jeje, e de um marinheiro desconhecido cujo nome ninguém ousava pronunciar, Esmeralda cresceu ouvindo os cantos dos eguns (espíritos dos ancestrais) e aprendendo os segredos das folhas, dos pontos e dos caminhos do além.
Desde menina, via o que os outros não viam: almas em trânsito, luzes nas encruzilhadas à meia-noite, sombras que sussurravam conselhos. Sua mãe lhe ensinou:
“Quem vê os mortos não teme os vivos. Mas deve respeitar ambos.”
Esmeralda tornou-se parteira, curandeira e conselheira espiritual da comunidade. As mulheres iam até ela para rezar por filhos vivos, proteger recém-nascidos e pedir justiça após traições. Os homens a temiam — não por maldade, mas por saber demais.
Aos 30 anos, apaixonou-se por Capitão Rafael, um comerciante mestiço que a respeitava como igual. Casaram-se em segredo, com bênção de Iemanjá e Oxum. Tiveram três filhos. Mas a paz durou pouco.
Durante uma epidemia de febre amarela, Esmeralda usou ervas e banhos para salvar dezenas de vidas — inclusive de senhores brancos. Em vez de gratidão, foi acusada de envenenar os doentes para “roubar suas almas”. A Igreja, aliada aos senhores de engenho, condenou-na como feiticeira e herege.
Na noite de sua prisão, seus filhos foram levados. Seu marido, torturado, negou-se a renegá-la — e foi enforcado na praça. Esmeralda foi arrastada até o cemitério mais antigo da cidade, conhecido pelos negros como “Calunga Grande” — o grande portal entre os vivos e os mortos, onde os ancestrais repousam e os eguns caminham livres.
Ali, amarrada a uma árvore centenária, foi deixada para morrer de sede e fome. Mas, em vez de amaldiçoar, cantou. Cantou os pontos das almas, os cantos de Iemanjá, os versos sagrados que sua mãe lhe ensinara. E, ao expirar, fez um juramento cósmico:
“Se há justiça nos planos invisíveis, que minha alma não descanse! Que eu volte como guardiã da Calunga Grande, protetora dos que morrem sem justiça, mãe dos órfãos do mundo espiritual, rainha dos caminhos entre a vida e a eternidade!”
Seu corpo foi enterrado sem nome. Mas sua alma não foi embora. Foi recebida pelas Falanges das Almas Pretas, pelos Exus da Calunga e pelas Pombas Giras da Linha de Cemitério. Assim nasceu Maria Padilha da Calunga Grande — não como espírito de vingança, mas como força de equilíbrio, justiça ancestral e proteção espiritual suprema.
Quem é Maria Padilha da Calunga Grande?
Maria Padilha da Calunga Grande pertence à Linha das Almas Pretas ou Linha de Cemitério, uma das mais antigas e respeitadas falanges espirituais da Umbanda e do Quimbanda. Ela é comandada diretamente pelo Orixá Iemanjá, senhora dos mares, das mães, dos mistérios e do portal entre os mundos, mas também tem forte ligação com Oxalá (pela sabedoria ancestral) e com Exu da Calunga Grande, guardião do grande cemitério espiritual.
Ela atua em questões profundas e sagradas:
- Proteção de almas em transição
- Justiça kármica para crimes não resolvidos
- Cura de traumas geracionais
- Abertura de caminhos espirituais bloqueados por maldições antigas
- Comunicação com ancestrais e eguns
- Defesa contra magias negras e ataques espirituais graves
Seu poder é imenso, ancestral e coletivo. Ela não lida com futilidades — apenas com questões que tocam a alma, o destino e a justiça divina.
Como Montar o Altar de Maria Padilha da Calunga Grande
O altar deve ser montado em um local reservado, limpo e com muita reverência, preferencialmente voltado para o sul (direção do Cruzeiro do Sul e da Calunga). Use um pano preto com bordas brancas ou prateadas — símbolo do véu entre os planos.
Itens essenciais:
- Vela preta e branca entrelaçadas (equilíbrio entre vida e morte).
- Água de cheiro de arruda, guiné e alecrim (proteção espiritual).
- Flores brancas e pretas (lírios, cravos ou rosas escuras).
- Concha marinha com água do mar (ligação com Iemanjá e o além).
- Cruz de madeira ou ferro (símbolo da passagem).
- Moedas antigas ou sete pedrinhas brancas (oferta às almas).
- Ponto riscado ou imagem com sua assinatura espiritual.
- Taça com água de coco ou leite (oferecimento puro).
Nunca ofereça: vinho tinto, pimenta, charutos, perfumes doces ou objetos vermelhos. Sua vibração é de sabedoria, luto sagrado, justiça e ancestralidade.
Oferendas para Situações Específicas
1. Para pedir justiça por uma morte injusta (própria ou de ente querido):
- Ofereça 7 velas pretas e brancas, flores brancas e um copo com água de coco.
- Reze com firmeza e respeito:
“Maria Padilha da Calunga Grande, rainha dos ancestrais e guardiã da justiça divina, leva esta dor ao Cruzeiro. Que a verdade venha à luz, que o karma se cumpra com equilíbrio, e que a alma de [nome] descanse em paz. Assim seja!”
2. Para proteger-se de ataques espirituais graves:
- Acenda uma vela preta e branca no altar.
- Ofereça sal grosso (fora do altar, em um recipiente separado), arruda e sete moedas.
- Peça:
“Rainha da Calunga Grande, cobre-me com teu manto de sombra e luz. Que nenhum mal me alcance, nem encosto, nem inveja, nem magia torpe. Só tua justiça reine sobre mim.”
3. Para curar traumas familiares ou maldições antigas:
- Faça um banho com guiné, manjericão, arruda e folha de espada-de-são-jorge.
- Depois, acenda uma vela branca diante do altar e diga:
“Maria Padilha, quebra as correntes do passado. Que minha família seja liberta das dores que não lhe pertencem. Que os ancestrais em paz nos guiem.”
A Essência de Maria Padilha da Calunga Grande
Ela não ri alto nem dança com saias rodadas. Ela caminha em silêncio pelos cemitérios, conversa com os ossos dos antigos e decide quem merece justiça ou perdão. É a Pomba Gira que não brinca com o sagrado, mas que nunca abandona quem a chama com verdade.
Seu poder não é para seduzir — é para transformar o luto em força, a injustiça em equilíbrio, a dor em sabedoria.
Quem a invoca com respeito, humildade e intenção elevada, encontra nela uma rainha ancestral, mãe espiritual e juíza divina.
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