Exu Zé Pelintra: O Malandro Sagrado das Encruzilhadas, dos Bares e dos Caminhos da Sorte
Por entre charutos acesos, copos de cachaça e sorrisos de canto de boca, caminha um Exu diferente: elegante, esperto, brincalhão — mas nunca ingênuo. Seu nome? Zé Pelintra.
Exu Zé Pelintra: O Malandro Sagrado das Encruzilhadas, dos Bares e dos Caminhos da Sorte
Por entre charutos acesos, copos de cachaça e sorrisos de canto de boca, caminha um Exu diferente: elegante, esperto, brincalhão — mas nunca ingênuo. Seu nome? Zé Pelintra.
Capítulo I: Quem é Exu Zé Pelintra?
Exu Zé Pelintra é uma das manifestações mais populares, carismáticas e acessíveis da falange de Exus na Umbanda e na Quimbanda brasileiras. Diferente de outros Exus que atuam nas sombras, nos cemitérios ou nas encruzilhadas mais densas, Zé Pelintra habita os caminhos da vida cotidiana: bares, botecos, becos iluminados por lamparinas, rodas de samba, casas de jogo, e até os corações partidos que buscam um novo começo.
Seu nome deriva do termo “pelintra” — gíria antiga usada no Nordeste para designar o malandro elegante, aquele que vive das artes da persuasão, do charme e da esperteza, mas sem maldade gratuita. Zé Pelintra não é bandido — é sábio nas artes da sobrevivência.
Ele veste-se como um dândi dos anos 1940: chapéu panamá, paletó branco impecável, lenço no bolso, calça listrada, sapato de bico fino e, claro, um charuto sempre aceso na boca. Seus olhos brilham com malícia, mas também com compaixão. Ele ri, dança, bebe — e resolve.
Capítulo II: Origens e Lendas
Embora não haja um relato histórico único, a lenda mais aceita entre terreiros conta que Zé Pelintra foi um homem real — nascido no Recife ou em Salvador, entre o final do século XIX e início do XX. Filho de uma lavadeira e de um marinheiro desconhecido, cresceu nas ruas, aprendendo a viver com astúcia e carisma.
Trabalhou como garçom, jogador de truco, amante de muitas e marido de nenhuma. Conhecia os segredos dos bares, os códigos dos malandros e os caminhos secretos da cidade. Morreu jovem — dizem que traído por um amigo em uma briga de amor ou jogo — e, por ter vivido entre os vivos com tanta intensidade, foi acolhido por Exu Rei das Sete Encruzilhadas.
Impressionado com sua lealdade aos fracos, sua justiça própria e seu dom de abrir caminhos mesmo na adversidade, Exu Rei o elevou à falange dos Exus da Linha da Esquerda, mas com uma missão especial: ser o elo entre o mundo espiritual e o povo comum — aquele que não frequenta terreiro, mas que, em desespero, clama por ajuda num boteco qualquer.
Assim nasceu Exu Zé Pelintra, o Malandro Sagrado.
Capítulo III: Sua Atuação Espiritual
Zé Pelintra atua na Linha de Exus da Quimbanda, mas com forte presença também na Umbanda de Rua e nas giras populares. É regido pelo Orixá Oxóssi, caçador das florestas e senhor da abundância, o que explica sua ligação com a sorte, o sustento e a fartura. Alguns terreiros também o associam a Xangô, pela justiça que aplica com equilíbrio — nem cruel, nem indulgente.
Áreas de atuação de Zé Pelintra:
- Abertura de caminhos profissionais e financeiros
- Proteção contra inveja e traição
- Resolução de problemas amorosos (especialmente ciúmes, reconciliação e afastamento de rivais)
- Sorte em jogos, negócios e empreendimentos
- Defesa contra magias negativas disfarçadas de amizade
- Auxílio a prostitutas, artistas, comerciantes, taxistas e trabalhadores informais
Zé Pelintra não gosta de hipocrisia. Ele ajuda quem é honesto consigo mesmo — mesmo que tenha defeitos. Mas nunca ajuda quem mente para si ou para os outros.
Capítulo IV: Como Montar o Altar de Zé Pelintra
O altar de Zé Pelintra deve refletir seu estilo: elegante, simples e cheio de vida. Pode ser montado em casa, em comércios ou até em um cantinho do quintal — desde que com respeito.
Itens essenciais:
- Pano branco ou listrado (como os de antigamente)
- Vela branca ou vermelha (alguns usam preta, mas Zé Pelintra prefere a luz)
- Copo com cachaça branca (pinga de boa qualidade)
- Charuto inteiro (não precisa acender, a menos que seja oferenda específica)
- Cartas de baralho (especialmente o valete de ouros ou copas)
- Moedas antigas ou atuais (símbolo de prosperidade)
- Foto antiga de um malandro elegante (opcional, mas simbólico)
- Flores brancas ou amarelas (gérberas, margaridas)
Evite: imagens de santos católicos, velas pretas em excesso, ou objetos sujos. Zé Pelintra é limpo, elegante e organizado — mesmo na esquerda.
Capítulo V: Oferendas e Trabalhos Práticos
1. Oferenda para Abrir Caminhos Profissionais
- Ofereça:
• 1 copo de cachaça
• 7 moedas
• 1 charuto
• 1 vela branca - Local: encruzilhada ou porta de comércio
- Oração:
“Zé Pelintra, malandro da sorte e senhor dos caminhos, abre as portas do trabalho, traz clientes, protege meu ganha-pão e afasta a inveja dos falsos amigos. Eu te respeito, tu me abençoas. Saravá!”
2. Trabalho para Reconciliação Amorosa
- Escreva os nomes dos dois em um papel com tinta vermelha.
- Envolva com um lenço branco (símbolo de paz).
- Coloque em um prato com mel, canela e 3 moedas.
- Ofereça a Zé Pelintra com vela vermelha.
- Deixe em local alto por 7 dias, depois enterre em terra fértil.
3. Banho de Proteção e Sorte
- Ingredientes:
• 1 punhado de arruda
• 1 punhado de guiné
• 1 colher de mel
• 1 colher de cachaça
• Folhas de louro - Ferva, coe e use após o banho comum, do pescoço para baixo.
- Diga:
“Zé Pelintra, cobre meu corpo com teu paletó branco, afasta o mau-olhado e traz a sorte que eu mereço. Axé!”
4. Descarrego de Inimigos Ocultos
- Pegue um boneco de pano (ou amarre um pano com linha preta).
- Escreva “inimigo oculto” nele.
- Coloque em um copo com vinagre, sal grosso e pimenta.
- Ofereça a Zé Pelintra com vela preta.
- Enterre longe de casa, preferencialmente em encruzilhada.
Capítulo VI: Dia, Cores e Símbolos
- Dia da semana: Sexta-feira (dia de Exu)
- Cores: Branco, vermelho e preto (mas o branco predomina em sua vestimenta)
- Símbolos: Chapéu panamá, charuto, copo de cachaça, baralho, moedas
- Ponto de força: Encruzilhadas iluminadas, bares antigos, portas de comércio, becos com movimento
Epílogo: O Amigo dos Que Não Têm Amigos
Zé Pelintra não é um Exu distante ou temido. Ele é o amigo que aparece quando todos viram as costas, o conselheiro que fala com ironia, mas acerta em cheio, o protetor dos que vivem à margem, mas com dignidade.
Ele não pede perfeição — pede sinceridade. Não exige riquezas — exige respeito. E, em troca, oferece caminhos onde só havia muros, sorte onde só havia azar, e justiça onde só havia traição.
Por isso, quando passar por um bar à noite e sentir o cheiro de charuto no ar, mesmo sem ninguém fumando…
Saiba: Zé Pelintra está ali — de paletó branco, sorrindo de canto de boca, pronto para te ajudar… se você merecer.
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