segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Pomba Gira Sete Cruzeiros das Almas: A Guardiã dos Mortos e dos Caminhos Esquecidos Sua Vida, Amores e Família

 

Pomba Gira Sete Cruzeiros das Almas: A Guardiã dos Mortos e dos Caminhos Esquecidos

Sua Vida, Amores e Família



Pomba Gira Sete Cruzeiros das Almas: A Guardiã dos Mortos e dos Caminhos Esquecidos

Sua Vida, Amores e Família

Nasceu com o nome de Isabel Moura, em uma vila isolada nos arredores de Minas Gerais, por volta do final do século XIX. Filha de Dona Catarina, uma parteira temida e respeitada, conhecida por rezar pelos nascituros e pelas almas penadas, Isabel cresceu entre velas acesas, banhos de descarrego e sussurros vindos do além. Seu pai? Nunca teve nome certo — alguns diziam ser um padre que fugira do seminário; outros, um andarilho que sumiu na neblina da serra. O que se sabe é que Isabel herdou dele o olhar distante e a alma inquieta.

Desde menina, via o que os outros não viam. Enquanto as crianças brincavam de esconde-esconde, ela conversava com sombras sob as árvores do cemitério. Sua mãe lhe ensinou: “Quem ajuda os mortos, nunca caminha só.”

Ao crescer, sua beleza era tanta que os homens da vila a desejavam — mas seu coração só batia por João Elias, um soldado marcado pela guerra e pelo luto. João era casado com Dona Lúcia, uma mulher frágil, doente e reclusa, mas seu espírito pertencia a Isabel. Os dois se encontravam às escondidas nas encruzilhadas, jurando amor sob a luz da lua, prometendo fugir juntos.

Quando Lúcia descobriu o caso, não gritou — chorou em silêncio. Dias depois, faleceu. A vila culpou Isabel. Diziam que ela usara feitiço para matar a rival. Até Dona Catarina, sua própria mãe, afastou-se, temendo a ira dos vizinhos e a maldição que parecia seguir a filha como uma sombra.

Sozinha, Isabel não se curvou. Continuou seus rituais, rezando não só por João, mas por todas as almas esquecidas: pelas mães que perderam filhos, pelos enforcados, pelos suicidas, pelos injustiçados da história.

Sua Morte e Transformação

Certo dia, Isabel desapareceu.

Dias depois, seu corpo foi encontrado aos pés de sete cruzeiros erguidos em um cemitério abandonado nos fundos da antiga fazenda de São Joaquim. Cada cruzeiro marcava a sepultura de uma alma que ela tentara salvar ou libertar:

  • Lúcia, a esposa traída
  • Manuel, um escravo enforcado por roubar pão
  • Rosa, uma menina que morrera de parto aos 14 anos
  • Frei Tomás, que se jogara do sino da igreja após quebrar seus votos
  • Zé do Mato, um jagunço arrependido
  • Iaiá, uma pajé perseguida pela Inquisição
  • E João Elias, que, ao saber da morte de Isabel, enforcou-se na mesma árvore onde juraram amor eterno

Na noite do enterro, sete relâmpagos caíram sobre os cruzeiros, e uma risada rouca ecoou pela mata. Isabel não havia morrido — havia ascendido.

Seu espírito fundiu-se às almas que tanto amou e protegeu, tornando-se Pomba Gira Sete Cruzeiros das Almas: uma entidade que não apenas caminha nas encruzilhadas, mas guarda as portas entre os vivos e os mortos.

Como Ela Trabalha e Em Que Linha Atua

Ela atua na Linha das Almas, com forte ligação à Falange das Almas Penadas e à Quimbanda Ancestral. Diferente de outras Pombas Giras mais voltadas ao desejo carnal, Sete Cruzeiros das Almas é uma curadora espiritual, mediadora entre os planos e protetora dos que carregam dívidas kármicas, obsessões ou laços espirituais mal resolvidos.

Ela é invocada para:

  • Libertar obsessores e almas perdidas
  • Proteger médiuns sensíveis
  • Ajudar no desligamento de entes queridos desencarnados
  • Trazer justiça ancestral
  • Fortalecer a conexão com a linha de frente espiritual

Seu campo de força é o cemitério, especialmente em noites de Lua Minguante, nas vésperas de Finados ou nas sextas-feiras 13.

Como Montar Seu Altar

O altar de Sete Cruzeiros das Almas deve ser sombrio, respeitoso e cheio de simbolismo ancestral:

  • Cores: Preto (mistério), roxo (espiritualidade), vermelho-sangue (força vital) e branco-ossário (pureza das almas)
  • Local: Canto silencioso, longe de áreas de refeição ou alegria mundana
  • Itens essenciais:
    • Sete cruzeiros pequenos (de madeira envelhecida ou ferro oxidado)
    • Velas pretas, roxas e vermelhas
    • Taça com água de coco ou vinho tinto (oferecida às almas)
    • Flores roxas ou brancas murchas (simbolizando o luto e a passagem)
    • Terço preto ou contas de osso simbólicas
    • Foto antiga (opcional, representando uma alma esquecida — como Isabel, Lúcia ou João)
    • Incenso de mirra, benjoim ou arruda
    • Espelho coberto com pano preto (só descoberto durante trabalhos espirituais)

Evite exageros em sensualidade — ela é Pomba Gira, mas sua energia é mais mística, ancestral e funerária do que carnal.

Oferendas para Situações Específicas

  1. Para libertar uma alma obsedora:
    Ofereça sete velas pretas, sete copos com água e sete cravos. Reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria por cada alma sofredora. Enterre no cemitério ou em local ermo, dizendo:
    “Sete Cruzeiros das Almas, guiai essa alma perdida à luz. Que ela descanse, e que eu fique em paz.”

  2. Para proteção contra magia negra ou inveja espiritual:
    Use sete folhas de arruda, sete alfinetes pretos e uma vela roxa. Coloque sob seu travesseiro por sete noites, invocando:
    “Sete Cruzeiros, cerca-me com vossos sete véus. Nenhum mal passe por vós.”

  3. Para contato com ancestrais ou entes desencarnados:
    Ofereça café preto, pão caseiro e uma vela branca na noite de Finados ou em lua minguante. Sussurre os nomes dos antepassados e peça:
    “Sete Cruzeiros das Almas, abri o caminho para que meus ancestrais falem comigo em sonho ou sinal.”

Magia Simples: Banho de Proteção Ancestral

Na véspera de sábado (dia consagrado às Almas), prepare um banho com:

  • 7 folhas de guiné
  • 7 cravos-da-índia
  • 1 colher de mel (para adoçar o destino)
  • Água de poço ou mineral

Após o banho comum, jogue do pescoço para baixo, pedindo:
“Sete Cruzeiros das Almas, envolvei-me com a força dos que já partiram. Que minha linha ancestral me proteja, me guie e me fortaleça.”


Pomba Gira Sete Cruzeiros das Almas não é uma entidade para curiosos ou para quem busca magia fácil. Ela exige respeito aos mortos, seriedade nos pedidos e compromisso com a verdade espiritual. Mas para quem a honra com devoção — como Isabel Moura um dia honrou as almas —, ela é uma ponte entre os mundos, uma guardiã fiel e uma curadora das feridas mais profundas da alma.

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