Pombagira Sete Catacumbas: A Dama das Sombras que Dança nas Encruzilhadas da Dor e do Amor
Pombagira Sete Catacumbas: A Dama das Sombras que Dança nas Encruzilhadas da Dor e do Amor
Na cidade de Ouro Preto, ainda sob o domínio do Império brasileiro, nasceu uma menina chamada Maria das Dores — mas o mundo espiritual a conheceria como Pombagira Sete Catacumbas. Filha de Manuel Alves e Isabel de Oliveira, dois libertos que construíram uma vida simples entre as ladeiras da serra, Maria cresceu entre segredos sussurrados ao pé de fogueiras e rezas feitas sob a luz de velas pretas.
Manuel era ferreiro e conhecia os caminhos secretos das montanhas. Dizia que toda estrada tem dois lados: um para quem foge, outro para quem busca. Isabel, por sua vez, era parteira e benzedeira. Sabia curar febres com folhas de boldo e afastar inveja com sal grosso e incenso de copal. Em casa, o orixá Oxum era reverenciado com oferendas de mel e espelhos, mas Exu sempre teve um cantinho à porta — pois, como dizia Manuel, “sem Exu, nem a bênção entra”.
Desde cedo, Maria demonstrava dons incomuns. Via vultos onde outros viam sombras. Ouvia vozes nas rajadas de vento que desciam das minas. Aos sete anos, já conversava com as almas que vagavam pelas catacumbas abandonadas atrás da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. As crianças da vila a evitavam. Mas ela não se importava. Preferia a companhia do silêncio e dos segredos antigos.
O Amor que Roubou seu Coração
Aos dezessete anos, Maria conheceu Tomás Soares, um jovem soldado português que desertara do exército. Ferido e perdido, ele bateu à porta de Isabel pedindo ajuda. Durante semanas, enquanto se recuperava, Tomás e Maria se olhavam em silêncio — até que, uma noite, sob um luar prateado, os dois se encontraram atrás do cemitério novo, onde as almas ainda não tinham nome.
O amor entre eles foi intenso, puro e proibido. Ele jurou levá-la embora, para um lugar onde pudessem viver sem medo. Encontravam-se nas grutas escondidas, nas encruzilhadas sem nome, nos becos onde só os cães e os espíritos caminhavam à meia-noite. Tomás lhe dava flores silvestres e prometia mundos. Maria, em troca, lhe ensinava os pontos de Exu e os banhos que protegem o coração dos males.
Mas o amor verdadeiro, como sabem todas as Pombagiras, raramente tem final feliz neste mundo.
A Traição e a Morte nas Sete Catacumbas
O coronel Antônio Mendes, homem rico e poderoso da região, também desejava Maria. Ao descobrir o romance, enlouqueceu de ciúmes. Mandou prender Tomás sob falsas acusações de roubo e, em segredo, ordenou que fosse executado. Para garantir o sofrimento de Maria, forjou uma carta — assinada com o nome de Tomás — dizendo que ele a abandonara por uma moça da capital.
Desesperada, Maria correu até a igreja. Lá, nas catacumbas abandonadas, encontrou o corpo de Tomás pendurado por uma corda grossa, com uma rosa negra presa ao peito. Seus olhos estavam abertos, olhando para o nada. Maria caiu de joelhos, arrancou a rosa e beijou os pés frios do amado. Jurou vingança.
Mas o coronel foi mais rápido. Na mesma noite, mandou seus homens sequestrarem Maria. Levaram-na até a sétima câmara das catacumbas, aquela onde até os padres tinham medo de entrar. Lá, a humilharam, a feriram e, por fim, a mataram com sete facadas — uma para cada pecado que diziam que ela carregava: orgulho, luxúria, desobediência, rebeldia, paixão, verdade e liberdade.
Seu corpo foi enterrado ali mesmo, sem nome na lápide, sem flores, sem orações.
Mas o sangue de Maria não secou.
Ela não descansou.
A Ascensão como Pombagira
Do chão frio da sétima câmara, sua alma se ergueu envolta em fumaça de velas queimadas e perfume de jasmim noturno. Guiada por Exu das Almas, transformou-se em Pombagira Sete Catacumbas — guardiã das mulheres traídas, das almas injustiçadas, das verdades enterradas.
Ela pertence à Linha das Almas, atuando sob o comando direto de Exu Rei das Sete Encruzilhadas, com afinidade profunda com Oxum — a orixá do amor, da beleza, da sedução e da vingança justa. Sua energia é densa, sensual, feroz, mas nunca cruel sem propósito. Ela corta ilusões, revela traições e devolve o poder àqueles que foram esmagados pelo mundo.
Seu domínio está nas encruzilhadas de meia-noite, nos cemitérios antigos, nas catacumbas esquecidas — lugares onde a matéria termina e o espírito começa.
Como Montar o Altar de Pombagira Sete Catacumbas
Seu altar deve ser montado com respeito, em local reservado e longe da luz direta do sol. Pode ser sobre uma mesa escura ou dentro de uma caixa de madeira. Use um pano vermelho-sangue com bordas pretas. Os elementos essenciais são:
- Velas pretas e vermelhas (sempre acesas juntas)
- Uma taça com vinho tinto ou cachaça envelhecida
- Sete rosas negras secas (ou vermelhas, se as negras forem difíceis de encontrar)
- Um punhal ou faca simbólica (não precisa ser afiada, basta representar o poder de corte)
- Sete moedas antigas (ou réplicas, mas consagradas)
- Uma caveira pequena (de resina ou cerâmica, nunca de animal real)
- Ervas de encruzilhada: arruda, guiné, pimenta malagueta, manjericão roxo, cravo-da-índia
- Perfume de jasmim noturno, almíscar ou patchouli
Evite santos católicos ou imagens de igreja. Ela prefere representações simbólicas: uma mulher de vestido vermelho com véu negro, sentada sobre uma lápide, segurando uma rosa e uma faca.
Oferecimentos para Situações Específicas
1. Para justiça espiritual ou vingança justa:
Ofereça sete moedas, uma taça de cachaça com sete grãos de pimenta malagueta, e acenda sete velas pretas em círculo ao redor de uma foto (ou nome escrito em papel preto). Peça que ela revele a verdade, corte as mentiras e restaure o equilíbrio — nunca por ódio, mas por justiça.
2. Para proteção contra traição amorosa:
Ofereça vinho com mel, uma rosa negra e um pequeno espelho virado para baixo. Peça que ela feche seu coração contra falsidades e afaste energias que fingem amor.
3. Para abrir caminhos no amor verdadeiro:
Ofereça sete pétalas de rosa vermelha, doces de ameixa preta e um frasco com perfume de jasmim. Peça que ela desperte sua autoestima, atraia almas compatíveis e afaste jogos emocionais.
Magia Simples para Invocar Sua Presença
Escolha uma sexta-feira à meia-noite. Vá até seu altar ou a uma encruzilhada limpa (sem lixo, sem maldade). Acenda uma vela vermelha e uma preta. Coloque uma taça com vinho tinto. Com respeito e voz firme, diga:
"Pombagira Sete Catacumbas,
Filha das Almas, Guardiã dos Amores Perdidos,
Venha até mim sem julgamento.
Traga-me a força da verdade, o fogo da justiça e a clareza da encruzilhada.
Não peço destruição, peço equilíbrio.
Não peço dor, peço despertar.
Assim seja, pelo poder de Exu e da Calunga!"
Fique em silêncio por sete minutos. Sinta sua presença — um perfume suave, um frio repentino, um sussurro no vento. Ao final, agradeça e deixe a oferenda por pelo menos 24 horas antes de enterrar ou descartar com respeito.
Um Chamado às Almas Feridas
Pombagira Sete Catacumbas não é para os que buscam ilusões. Ela é para quem já chorou até secar os olhos, para quem foi usada, calada, apagada. Ela não ensina a perdoar cegamente — ensina a se reconhecer, a se defender, a transformar a dor em poder.
Se você carrega uma ferida de amor, de traição, de injustiça... saiba que ela está ao seu lado. Não para te afundar na escuridão, mas para te ensinar a dançar nela.
Porque nas sombras, também há luz.
E nas catacumbas, também há coroas.
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Dona 7 é uma Pomba Gira da Calunga, vem na falange dos Caveiras juntamente com outras Pombas Giras que fazem parte como Rosa Caveira, Maria Caveira, etc. É o par espiritual do Exu 7 Catacumbas.
É uma feiticeira espiritual, trabalha diretamente com cura e sobe as Leis Divinas. Quando dizemos que é uma feiticeira, não queremos dizer no sentido pejorativo da palavra, pois dona 7 com seus feitiços concede facilidades para caminhos abertos de seus médiuns e de quem a procura, quando merecido.
Não há muitos relatos sobre suas reencarnações anteriores, mas conta-se que sacrificou muitas coisas por um amor proibido, enlouquecendo e logo após desencarnando, onde vagou durante muitos anos e pagou por seus erros cometidos.
Hoje é uma Pomba Gira extremamente séria e de respeito, não gosta de muitos apetrechos como pulseiras, colares, brincos. Gosta de cigarros e cigarrilhas pouco adocicados e champanhe do mesmo modo.
Veste-se geralmente toda de preto, tendo alguns detalhes no branco. Não devemos confundir Dona 7 Catacumbas com a Maria Padilha Rainhas das 7 Catacumbas ou Maria Mulambo das 7 Catacumbas, apesar dos nomes parecidos e fazendo referência as 7 Catacumbas sagradas, são Pombas Giras diferentes com funções diferentes. O Povo das Catacumbas costuma ser sérios e ser de poucas brincadeiras, mas sempre vêem ao nosso favor quando solicitados e jamais viram as costas aqueles que prezam. Dona 7 Catacumbas é leal aqueles que ama, fiel ao seu médium até onde ele fazer merecer essa fidelidade. Laroyê dona 7 Catacumbas Salve o Povo das Catacumbas Salve o Povo da CALUNGA