quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O Uso Ritualístico das Ervas – A Magia Vegeto-astromagnética

O reino vegetal em sua grande riqueza de espécies oferece uma vasta possibilidade de estudo para os interessados em desvendar as curas as quais ele proporciona.
Na prática habitual dos terreiros de umbanda, é bastante comum observarmos o uso ritualístico das ervas em grande amplitude, ou seja, usam-se as folhas, frutos, caules e flores. Existe, inclusive, denominação própria para aqueles que são conhecedores maduros dos poderes curativos das plantas, também chamados de Tatá-macaias (Tatá – pai; Macaia – mata).
Entretanto, dada a grande diversidade de cultos e preceitos nos vários terreiros, é notório e bem possível que venham a existir diferenças no uso ritualístico das ervas, como também quanto aos nomes dados a cada uma delas. Essa diferença nasce da influência regional, da tradição de santo seguida pelo terreiro e da vivência templária de quem manipula estes materiais.
Fato é que, independente, do nome regional concedido a qualquer planta, a ciência acadêmica se ocupou de classificar a maioria, o que facilita o estudo quando tomamos por referência o nome científico da planta em análise.
Partindo desta premissa, o AUEA idealizou e desenvolveu dois setores imprescindíveis no uso e aplicabilidade da magia vegeto-astromagnética, no que diz respeito às práticas ritualísticas utilizadas dentro e fora do santuário. O setor de Herbário, que é responsável pelo plantio e cultivo das plantas (ervas sagradas), fornece a matéria-prima ao setor de Ciências, responsável pela manipulação das ervas, confecção dos banhos, defumadores, perfumes e desagregadores que são utilizados nas giras públicas e também disponibilizados ao público interessado. À frente dos aludidos setores, temos um técnico em agropecuária, responsável pelo cultivo das plantas, uma geneticista, um químico e um homeopata que, em conjunto, supervisionam toda a atividade de manipulação e confecção dos produtos de axé.
No aspecto magístico do uso das plantas ritualísticas, o agrupamento conta com a orientação do Mentor Dirigente das atividades, Caboclo Cobra Coral – Mestre Araniananda, além de nos apoiarmos também nos ensinamentos deixados pelo saudoso Matta e Silva, Mestre Yapacani[1].
As primeiras lições que cuidamos de aprender sobre o uso das ervas tratam da estrutura básica dos vegetais. Estudamos as constituições das raízes, caules, folhas, frutos e frutas, a fim de entendermos todo o mecanismo de reações químicas e energéticas que podem acontecer nos vegetais. Em linhas gerais, as plantas têm a propriedade de absorver e transformar energia luminosa captada do sol em substâncias químicas que são somadas aos micro e macro-nutrientes absorvidos do “habitat” natural dela. Todo esse processo é conhecido como fotossíntese, processo físico-químico que permite um grande acúmulo de energia prânica nos vegetais.
Para nós integrantes do grupo mediúnico do AUEA, a magia astro-vegetomagnética é a magia cuja ciência tem por fundamento extrair, por processo natural magístico, o magnetismo do vegetal (energias vitais provenientes do sol) em perfeita correspondência com o astro e a linha de força que o influencia. Pode ser, ainda, a magia que procura relacionar magneticamente o astro e o vegetal, obtendo os seus benefícios físicos e astrais, em causa própria ou em benefício de terceiros, por meio da utilização de vários métodos, tais como as defumações e banhos, na intenção ritualística de agregrar, desagregar, fixar etc.
Da imensa variedade de espécies vegetais possíveis de serem usadas pelos umbandistas ou não, começamos analisando 49 ervas sagradas classificadas pelo Caboclo das 7 Espadas, por meio da mediunidade do Mestre Arhapiagha, no livro “Umbanda, O Elo Perdido”.
Vejamos o quadro de correlações vibracionais abaixo, pois, com elas, é possível entender as intermediações entre os sete orixás em toda manipulação que se deseje fazer.
TABELA DE CORRELAÇÕES VIBRACIONAIS E INTERMEDIAÇÕES
Planta sagradasOrixáIntermedia paraExu-ServentiaPosição Planetária
MaracujáUrubatão da Guia(OXALÁ)Sete EncruzilhadasSol em Leão
Erva CidreiraUbirajaraYemanjá7 VentaniasSol em câncer
JasmimUbiratanYori7 PembasSol em Gêmeos ou Virgem
LouroAymoréXangô7 ChavesSol em Sagitário ou Peixes
GirassolGuaracyOgum7 PoeirasSol em Áries ou Escorpião
HortelãGuaranyOxossi7 CruzesSol em Touro ou Libra
ArrudaTupyYorimá7 CapasSol em Capricórnio ou   Aquário
PanacéiaYara(YEMANJÁ)Pomba-GiraLua em Câncer
PariparobaEstrela do MarOxaláExu CarangolaLua em Leão
QuitocoOxumYoriExu do MarLua em Gêmeos ou Virgem
Folhas de VioletaInhassãXangôExu MaréLua em Sagitário ou Peixes
Picão do MatoSereia do MarOgumMá-CangiraLua em àries ou Escorpião
ManacáIndaiáOxossiNanguêLua em Touro ou Libra
Arruda fêmeaNana BurucumYorimáGererêLua em Capricórnio ou   Aquário
ManjericãoTupanzinho(YORI)TiririMercúrio em Gêmeos ou   Virgem
Capim-limãoOriOxaláToquinhoMercúrio em Leão
VerbenaYaririYemanjáMirimMercúrio em Câncer
AmoreiraDoumXangôLaluMercúrio em Sagitário ou   Peixes
Melão S. CaetanoYariOgumGangaMercúrio em Áries ou   Escorpião
MorangoDamiãoOxossiManguinhoMercúrio em Touro ou Libra
CrisântemoComeYorimáVeludinho da Meia-NoiteMercúrio em Capricórnio ou   Aquário
PlantaOrixáIntermedia paraExu-ServentiaPosição Planetária
LimãoXangô Kaô(XANGÔ)GiramundoJúpiter em Sagitário ou   Peixes
Lírio da CachoeiraPedra BrancaOxaláE. MangueiraJúpiter em Leão
AbacateX. 7 PedreirasYemanjáE. VentaniaJúpiter em Câncer
Erva-tostãoXangô 7 CachoeirasYoriE. Quebra PedraJúpiter em Gêmeos ou   Virgem
Alecrim do MatoXangô 7 MontanhasOgumE. CorcundaJúpiter em Áries ou   Escorpião
FedegosoXangô AgodôOxossiE. das PedreirasJúpiter em Touro ou Libra
GoiabaX. Pedra PretaYorimáE. Meia- NoiteJúpiter em Capricórnio ou   Aquário
RomãOgum de Lei(OGUM)Tranca-RuaMarte em Áries ou   Escorpião
TulipaMatinataOxaláE. Tira-TeimaMarte em Leão
LosnaOgum YaraYemanjáE. Tranca-GiraMarte em Câncer
MacaéOgum MegêYoriE. Limpa TudoMarte em Gêmeos ou Virgem
JurubebaBeira MarXangôE. Tira-TocoMarte em Sagitário ou   Peixes
SamambaiaRompe MatoOxossiE. VeludoMarte em Touro ou Libra
Cinco FolhasOgum de MalêYorimáE. PorteiraMarte em Capricórnio ou   Aquário
Erva-DoceArranca Toco(OXOSSI)MarabôVênus em Touro ou Libra
Malva-CheirosaC. ArrudaOxaláE. CampinaVênus em Leão
MalvaíscoPena BrancaYemanjáE. das MatasVênus em Câncer
Erva da JuremaC. JuremaYoriE. BauruVênus em Gêmeos ou Virgem
Parreira-do-MatoCobra CoralXangôE. Capa PretaVênus em Sagitário ou   Peixes
DracenaAraribóiaOgumE. PembaVênus em Áries ou   Escorpião
SabugueiroTupynambáYorimáE. LonanVênus em Capricórnio ou   Aquário
EucaliptoPai Guiné(YORIMÁ)Pinga-FogoSaturno em Capricórnio ou   Aquário
AlfavacaPai ToméOxaláE. Come-FogoSaturno em Leão
Vassoura BrancaPai ArrudaYemanjáE. BrasaSaturno em Câncer
Sete-SangriasP. Congo d´AruandaYoriE. LodoSaturno em Gêmeos ou   Virgem
TamarindoMaria CongaXangôE. CaveiraSaturno m Sagitário ou   Peixes
TrombetaPai BeneditoOgumE. AlebáSaturno em Áries ou   Escorpião
Guiné-PipiuPai JoaquimOxossiE. BaraSaturno em Touro ou Libra

É de capital importância que o interessado em manipular a magia astro-vegetomagnética conheça o ciclo de energia vital que ocorre nas plantas para que consiga obter na colheita dos materiais o maior potencial de axé. Este ciclo funciona resumidamente da seguinte forma:

“… A colheita das ervas, independente de seu uso, deverá ser processada na quinzena positiva, isto é, nas luas Nova e Crescente. E por que nessas luas? Porque a energia vital ou prana faz seu ciclo, no reino vegetal, obedecendo ao seguinte rito: na lua Minguante ou Quarto Minguante, a força prânica ou de vitalidade se concentra na raiz, vitalizando-a, permitindo que ela tire do solo nutrientes físicos e os de ordem espiritual ou hiperfísicos. Essa fase demora em geral 7 dias para ser completada. Após essa fase entramos na lua Nova. Na lua Nova o éter vital ou prana se concentra nas folhas, flores e frutos. Essa fase também dura 7 dias. Após a lua Nova, entramos na lua Crescente ou Quarto Crescente. Nessa fase ainda há uma corrente energética ou prânica nas folhas, mas após o 3º dia a corrente se desloca para os galhos menores, e daí ao 7º dia passa para os galhos maiores. Na fase seguinte, da lua Cheia, a corrente prânica desce ainda mais, alcançando o caule primário; desce até o 7º Dia da lua Cheia, quando o prana já está praticamente acumulado na raiz. Aí, na próxima Minguante, reinicia-se novo ciclo. Pelo exposto, fica-nos muito claro que não se deve colher ervas nas luas Cheia e Minguante, pois a força vital, o prana, as energias eletromagnéticas estão na raiz e é claro ninguém vai tomar banho de raiz, pois se o fizer será uma só vez para aquela planta, e não é de nosso feitio aniquilar o reino vegetal, nobre auxiliar para a sobrevivência do Homem.” (RIVAS NETO, F.(Arapiaga). Umbanda, o elo perdido: obra mediúnica, 3ª. ed – São Paulo: Editora Ícone,1999, p.259.)

Ciente das informações acima relatadas, resta-nos então, sucintamente, entender os requisitos daquele que será o responsável pela colheita das ervas escolhidas.
Em primeiro lugar, a colheita deve ser realizada por quem conheça o processo e a técnica exigida para tal ato. A incumbência dada ao responsável não poderá fugir das etapas predeterminadas, bem como ao zelo, às recomendações, principalmente, de cunhos espirituais. É bom sempre lembrar que existe uma íntima ligação entre o vegetal e os espíritos elementares que zelam pela sua manutenção junto à natureza. Assim, é evidente que a pessoa que irá colher as ervas deva ter noção desses fundamentos…
Sendo assim, seguem algumas dicas importantes:
–   Ter autorização espiritual quando a colheita for para uso coletivo, salvo se for para uso pessoal;
–   É vetado à mulher autorização para colheita quando estiver em seu período menstrual, principalmente, se for voltada para terceiros;
–   Saber identificar as ervas de acordo com as suas características individuais e coletivas;
–   Estar afinizado com as evocações e procedimentos junto aos elementares (espíritos que comandam ou estagiam na natureza) para retiradas desses vegetais do “habitat” natural;
–   Não proceder à colheita das ervas sem estar física e espiritualmente higienizado.
Enfim, ressaltamos a importância de harmonizarmos o uso ritualístico das ervas com as orientações espirituais, visto que os mentores sempre buscam potencializar os benefícios dessa prática em nós, incrementando as várias terapias utilizadas nos inúmeros terreiros de umbanda espalhados pelo Brasil.
Tashirodhan
20/06/2013
*Correção ortográfica e gramatical – Cleane Drumond


[1]Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda.

Visitas aos Cemitérios – o que fazer e como comportar-se

Newton Teixeira Carvalho
Associado do AUEA – Agrupamento de Umbanda da Estrela Azul – Templo do Senhor Caboclo Cobra Coral. Juiz de Direito Familiarista. Mestre em Direito Processual Civil. Professor de Direito de Família, Processo Civil e Pro – Reitor de Pesquisa da Escola Superior Dom Hélder Câmara. Conselheiro Consultivo do IBDFAM-MG.
É sabido que não nos encontramos preparado para aceitarmos a morte, a nossa e a de nosso semelhante, apesar de este acontecimento ser previsível, inevitável. O corpo humano é finito. Evidentemente que, morrer para nós é despir-se, por mais uma vez, do corpo físico. É o espírito sem a “camisa de força” que é o corpo físico, em constante busca de aperfeiçoamento.
Entretanto, este fato, para nós Umbandista, deveria ser um acontecimento normal, independentemente de nosso grau de parentesco com o falecido. Demonstraríamos, caso assim agíssemos, nossa evolução, nossa compreensão acerca do mundo espiritual, a partir do momento em que aceitássemos este ritual de passagem, naturalmente.
Contribui ainda para a nossa não aceitação da morte, o nosso egoísmo. Queremos que nosso ente querido continue conosco; não sabemos viver sem ele. Não conseguimos superar a saudade… Rezamos inclusive para que ele não se vá, apesar de todo o sofrimento pelo qual possa estar passando…
Também certas religiões são responsáveis por este estado de coisa (não aceitação da morte), a partir do momento em que prometem o paraíso, para alguns, ou o “fogo eterno”, para outros, ou o sono profundo, até a chegada do juízo final.
Encaremos, pois, a morte como algo natural e necessário ao nosso aperfeiçoamento espiritual. Urge entendermos que somos uma família universal, aqui e do outro lado da vida. A presença física não é necessária para demonstração de carinho e afeto.
Entretanto, com a morte do corpo físico, necessário é darmos um fim, civilizado, a este corpo, em respeito até mesmo ao falecido, familiares e amigos. E, apesar dos crematórios, o sepultamento ainda prevalece, em mais de 96% dos casos, pensamos nós.
Assim, em cada cidade, por menor que seja, há um cemitério, a receber diariamente visitas de pessoas que pretendem referenciar seus mortos, quando não o seja para sepultá-los.
Nota-se, porém, que algumas pessoas não se comportam corretamente naquela Casa dos Mortos. Alguns, no dia do sepultamento, contam piadas, brincam, fazem negócios, enfim, fazem de tudo, sem preocupar-se com o “morto”.
Conhecemos, nós do interior de Minas, várias pessoas freqüentadoras assíduas de velórios, em busca de bate-papo, comida e bebida,
num intercâmbio entre o baixo astral e aquelas pessoas, que se inicia no velório, continua no sepultamento e tem seqüência no dia a dia de todos aqueles que lá também estiveram, sem os cuidados que serão abaixo aludidos.
Duas outras questões surgem, entre os espiritualistas, quando se trata da morte do corpo físico: a doação ou cremação do corpo é prejudicial à liberação do espírito?
Acerca desses temas (doação e cremação), Luis Eduardo de Souza, em Desvendado o Nosso Lar, Editora Universo dos Livros, esclarece, inclusive socorrendo-se de Emmanuel:
“Como o objetivo do ser humano é evoluir, e para isso, a principal ferramenta é a prática da caridade, o Espiritismo é favorável à doação de órgãos.
No entanto, apresenta-se uma questão importante. Segundo os espíritas, é preciso diferenciar morte e desencarnação. Enquanto a morte é a paralisação definitiva das funções físicas, a desencarnação é o desligamento do Espírito do corpo físico, e não necessariamente os dois fenômenos ocorrem simultaneamente.
Comentamos anteriormente que pode ocorrer a morte, mas o Espírito continua ligado ao corpo em virtude do excessivo apego que ele tem pela matéria. Enquanto o Espírito se mantém ligado ao corpo, ele possui todas as sensações ligadas à matéria. Por essa razão, o Espiritismo aconselha que se obtenha antes a concordância do doador, pois se efetuada a retirada de algum órgão sem que o Espírito esteja de acordo, ele pode vir a sofrer algum tipo de perturbação ou de dor, uma vez que as sensações físicas perduram algumas horas após a morte, principalmente se o Espírito for muito materialista.
Quanto a enterro e cremação, vemos que o Espírito preexiste e sobrevive ao corpo. Tanto o sepultamento como a cremação são formas de acomodar o cadáver e expressam o livre-arbítrio de cada um. No entanto, a escolha da cremação exige que se tenha um desapego aos laços materiais, pois se estiver ligado à matéria, o Espírito poderá sofrer demasiadamente ao ver seu corpo incinerado.
O Espírito Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, informa que “a cremação é legítima, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de espera para que ela ocorra”.
A cremação, com base em critérios médico-científicos, pode ser dar em 24 horas, mas, segundo o Espiritismo, o período deve ser maior para que se tenha a certeza de que o Espírito e desligou totalmente do corpo e, dessa forma, não receba a impressão do acontecido, o que evita traumas psíquicos.”.
Quanto ao enterro, se o Espírito continuar apegado à matéria e velando seu corpo, ele poderá sofrer da mesma maneira ao perceber a decomposição deste. O ideal é que a pessoa se torne mais espiritualizada, para que, no momento em que passar pelo processo de desencarne, ela se desligue tranquilamente e inicie uma nova etapa de vida.”( Eduardo de Souza, 2010, p. 39/40).
Considerando ainda o fenômeno MORTE, não podemos deixar de mencionar um pouco sobre os EXUS e, mais adiante, todos saberão qual a razão de adentrarmos pelos caminhos da QUIMBANDA.
Sabemos que o mal absoluto não existe, razão de negarmos a existência do inferno, como algo perpétuo, eis que seria a negação total da misericórdia.
Ensina Rivas Neto, na obra: Exu o Grande Arcano, p. 48: “só o bem é eterno, o mal é relativo, passageiro. O mal é sinônimo de ignorância. A ignorância existe, assim como existe a treva até que se não encontre a luz”, concluindo, este aludido Umbandista, ora citado, que “o bem e o mal são uma única força, só que em sentidos opostos.”
Entretanto e para os espíritos que insistem em continuar no mal, inclusive prejudicando semelhantes, do lado de lá e também deste lado da vida, necessário é que algumas providências sejam tomadas, pela espiritualidade, como maneira de frenar tais atitudes ou de socorrer os necessitados, inclusive os já cansados de praticar maldades.
E, em proteção ou cumprindo à lei com relação aos visitantes dos cemitérios, encarnados ou não, indispensável mencionarmos a atuação do EXU CAVEIRA, Cabeça de Legião da Faixa de AMIROY , que entrecruza com OGNAX , e sua valorosa Legião. Os Exus Caveiras afastam correntes deletérias provenientes das almas penadas.
É o EXU CAVEIRA, por sua vez, o responsável pelos EXUS DAS ALMAS, que são os que fazem a intermediação entre os entrecruzamentos “vivos” e os entrecruzamentos “mortos”.
Acerca do que seja entrecruzamento vivo e entrecruzamento “mortos”, ensina Rivas Neto,
“Os entrecruzamentos “vivos” são as forças sutis em movimentação, as quais são manipuladas pelos Exus. Os entrecruzamentos “mortos” são as forças sutis vitais “coaguladas” que passaram pelos processos transformativos, isto é, são livres, prontas para serem devolvidas às “forças vivas”, portanto qualquer Força Sutil que fique livre, está sujeita ao controle dos Exus das Almas, todos sob a supervisão do Exu Pinga-Fogo e sob as ordens do Exu Caveira. Como Força livre entendemos resíduo de matéria etérica oriunda da morte de qualquer ser vivo, inclusive e principalmente, as humanas criaturas, (bem como, acrescentamos) toda e qualquer alteração na intimidade da matéria e muito principalmente as de ordem interna do planeta, nas zonas sub-crostais. No terra-a-terra, é responsável pelos cemitérios, necrotérios, matadouros, “casas de prostituição”, hospitais, berçários, maternidade, penitenciárias etc.”. (RIVAS NETO, p. 218)
Portanto, tem os Exus das Almas a principal função de ser “Guardião das Energias Livres”. Entretanto, os demais EXUS, enviam intermediários para trabalharem com o Exu Caveira, razão de ouvirmos a denominação Tranca-Ruas das Almas, elo do Exu Tranca-Ruas com o “povo do Exu Caveira”, eis que o Exu Tranca-Ruas das Almas é o Comandante dos demais Exus que intermediam e que, por conseguinte, ganham o título de Exu 7 Encruzilhadas das Almas, Marabô das Almas, Gira-Mundo das Almas, Tiriri das Almas, Pomba-Gira das Almas etc.
Assim, Tranca-Ruas das Almas é Comandante de numeroso exército, mas sob o comando direito do Exu Caveira, o qual lhe é superior na hierarquia. O Exu Tranca-Ruas das Almas faz a intermediação da Kimbanda com a Kiumbanda, com seu poder de irradiação mentalizadora e frenação, conforme esclarece Rivas Neto, na obra Exu – O Grande Arcano, p. 89.
Robson Pinheiro, pelo espírito de Ângelo Inácio, em sua obra: Legião – Um Olhar sobre o Reino das Sombras menciona sobre a atuação dos Exus Caveiras, destacando, de vez, as inversões e distorções sobre a atuação destes Exus:
“Estes guardiões são os caveiras, como são conhecidos nestas regiões do astral inferior, bem como nos cultos umbandistas e de tradição afro. Ao contrário do que muitos médiuns ignorantes da realidade espiritual dizem, esta legião de espíritos trabalha para o bem, auxiliando nos cemitérios aqueles seres que desencanaram e que, por algum motivo, permaneceram ligados ainda aos despojos em deterioração nas sepulturas. Especializou-se na tarefa de limpeza energética dos cemitérios, evitando que magos negros e feiticeiros ainda encarnados, mas desdobrados, tenham êxito quando vêm em busca do fluido vital restante contido nos duplos das pessoas recém-desencarnadas.” (Robson Pinheiro, p. 128).
É ainda Robson Pinheiro a elucidar, também às páginas 128: “Por que este nome tão bizarro, caveiras?
“- Muitos guardiões utilizam-se de nomes cabalísticos, pois que convivem diariamente com uma espécie de seres desencarnados, habitantes das regiões inferiores, que os respeitam exatamente por trazerem algo diferente, um nome ou um símbolo que evoca em sua memória espiritual algo que eles mesmos não sabem explicar. Como trabalham em cemitérios, o símbolo mais óbvio a ser escolhido foi a caveira. Sua tarefa, de singular importância, consiste no processo de limpeza energética, ao mesmo tempo em que realizam a transição, para as esferas mais altas, daqueles espíritos que já acordaram para algo maior.”.
Demonstrado está que Exu Caveira não se assemelha com esqueleto, bem como não se utiliza, no astral, de nenhum trono, de pedra ou de ouro, e que também não “baixa” em nenhum médium que se veste de negro saindo de dentro de um caixão.
Toda pessoa que necessitar ir ao Cemitério, conhecido também por “campo do pó” ou Kalunga pequena, deverá:
– levar consigo um saquinho vermelho com carvão e sal, o qual carregará na mão esquerda;
– ao ir embora, deixar o saquinho na porta do cemitério do lado esquerdo, pedindo ao EXU CAVEIRA a proteção e que todo mal possa ali ficar e que ninguém, a não ser seus mentores, possam dali lhe acompanhar.
– ao chegar em casa, banhar-se com água e sal, inclusive passando pela cabeça. Em seguida, perfumar-se com sândalo (essência de Orixalá) ou alfazema (essência de Yori), tudo debaixo de orações.
Todo esse cuidado é indispensável quando se vai ao “campo do pó”, mesmo que fiquemos apenas em sua porta, eis que lá se encontram espíritos atrasados, esquisitos, muitos ainda loucos ou perdidos na vingança, no ódio ou revoltados, em razão do desencarne.
Ressalte-se que o sal destina-se a limpeza astral do campo áurico da pessoa, retirando energias coaguladas e deletérias, que poderiam causar inúmeros incômodos e doenças ao sobrecarregar o funcionamento do organismo, desequilibrando e desarmonizando-o interna e externamente.
E, com a utilização do carvão, todas essas energias negativas, retiradas pelo sal, são absorvidas, retidas.
Portanto, não vá ao Cemitério, a não ser que seja estritamente necessário. Não é correta a atitude de ir, com freqüência, ao Campo do pó. Reze sim aos desencarnados, porém, em casa ou no local em que você pratica o seu credo.
Conforme ainda anota Rivas Neto (Mestre Arapiaga), ainda na obra: Exu – O Grande Arcano, 2ª edição, obra esgotada há muitos anos, ditada por um EXU, que não quis se identificar (EXU…),
“Há, nesses ambientes, seres que só atuam, só acordam de noite, que saem de seus esquifes, pois quando encarnados acreditavam mais na morte-aniquilação, portanto são pobres duendes, zumbis, vampiros comandados por frios e calculistas magos-negros, que se utilizam dos mesmos como escravos. É, Filho de Fé, como disse, são tristes seres espirituais que, para aqueles que têm clarividência ou vidência, se apresentam vestidos de preto, com olhar de hipnotizado, ou como se estivessem dormindo, mas como característica identificadora o semblante macilento, parecendo um cadáver, inclusive na cor, muitos guardando algodões na boca, narinas etc.”. (RIVAS NETO, p. 222)
Portanto, as pessoas que costumam ir ao Cemitério, com oferendas, pensando estar alimentando Exu Caveira, sem a orientação segura de um verdadeiro Caboclo ou Preto Velho, na verdade estão alimentando e se afinizando com esses seres trevosos (quiumbas), levando-os para os seus terreiros, para seus lares e, no desencarne, com certeza também serão recepcionadas por eles.
W.W. da Matta e Silva, mestre Yapacani, na 3ª edição do livro: Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda, também já alertava com relação às oferendas nas encruzilhadas de ruas e, com maior perigo, nos cemitérios:
“botar oferendas nesses locais é alimentar o astral-inferior e viciado que não faz nada e ainda fica em cima do infeliz que assim procede, rondando-o e instigando-lhe a mente com sutis sugestões, para que ele volte sempre a esses ambientes, com os mesmos tipos de oferendas.
A mesma coisa acontece com os ambientes dos cemitérios, porém, a coisa por ali assume de fato aspectos perigosíssimos. Vamos clarear aqui os ensinamentos, porque, depois de se ler isso, achamos difícil uma criatura, conscientemente, fazer “trabalhos” ou oferendas nos cemitérios ou os seus cruzeiros, ditos das almas…
Bem – dentro do que há de mais certo, de mais positivo nos ensinamentos ocultos ou esotéricos de todas as correntes e, principalmente, de nossa, os cemitérios são considerados como verdadeiros depósitos de larvas, cascões astrais, matérias em decomposição, odores e gases internos, formando tudo isso uma espécie de ambiente astral altamente negativo e afim ao que há de mais trevoso no baixo mundo astral…” (MATTA E SILVA, p.143)
Aliás, para quem pretender aprofundar um pouco mais no assunto, ler em Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda o capítulo “SOBRE AS ENCRUZILHADAS DE RUAS, OS CEMITÉRIOS E OS CHAMADOS CRUZEIROS DAS ALMAS”, páginas 141 a 150.
Ressaltamos que às páginas 150 daquela obra, Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda há também orientação, mais completa, para àqueles que desejarem ir ao Cemitério ou velório. Assim, transcrevemo-la abaixo.
A opção em utilizar-se de uma ou de outra orientação ou até mesmo de combinar uma com outra, será do próprio interessado, dependendo do local e momento em que se encontrar. Porém, de observar-se que todo o ritual abaixo descrito deverá ser realizado com o máximo respeito e ausente conversação inadequada:
– ao sair de casa, acenda uma lamparina (iluminação de azeite) em louvor de sua Entidade de Guarda. Neste momento, faça suas orações de firmeza e ponha um copo com água ao lado. A luz da lamparina deverá permanecer acessa, enquanto não acabar o azeite. Após, despejar a água em uma planta qualquer.
– não colocar no pescoço nenhuma “guia”, bem como nenhum talismã, sob pena de abalar o eletromagnetismo;
– colocar no bolso 3 (três) dentes de alho ou 3 (três) pedras de sal grosso;
– no portão do cemitério, faça uma evocação mental para sua Entidade de Guarda e para seu protetor, em nome de Miguel Arcanjo, para que o seu protetor lhe possa acompanhar;
– ainda no portão do cemitério, antes de nele adentrar, faça uma cruz, com um pedaço de carvão virgem, em cada sola do sapato;
– ao retornar ao lar ou serviço, faça uma vigorosa defumação de palha de alho, ou outra apropriada. Exemplo: casca de limão, fumo de rolo, alecrim, erva cidreira, guiné ou arruda;
– Não entre calçado em casa ou no local de serviço. Bata bem os sapatos para retirar todo pó ou terra proveniente do cemitério. Retirar toda a roupa que vestiu, lavando-a, imediatamente.
Bilbliografia básica:
NETO, F. Rivas. A Proto-Síntese Cósmica. Editora Pensamento. São Paulo, 1989.
NETO, F. Rivas. Exu – O Grande Arcano. 2ª edição (esgotada).
PINHEIRO ROBSON. Legião – Um Olhar sobre o Reino das Sombras. Editora Casa dos Espíritos, 2ª ed. Contagem, 2006.
SILVA, W.W. da Matta. Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda. Livraria Freitas Bastos S.A. 3ª ed. Rio de Janeiro, 1994.
SOUZA, Luis Eduardo de. Desvendando o Nosso Lar. Universo dos Livros. São Paulo, 20100

HORAS NA UMBANDA

Todas as horas da Umbanda são controladas por um Orixá independente dos demais, pouco conhecido, chamado ORIXÁ TEMPO, que é o determinante do envio das vibrações cósmicas, assim como o momento exato da utilização do ritual necessário.
   
Como estamos encarnados no terceiro planeta do sistema solar, controlado por uma estrela de 5grandeza, da 2Galáxia, um planeta presídio por nós chamado de Terra, temos que nos antenar ao sistema de contagem de tempo do mesmo, embora que não muito consonante com o Tempo Real. Baseados na nossa forma de contagem de Tempo, a Umbanda divide as horas de um dia em três tipos diferentes, à saber:
  • Horas Abertas
  • Horas Fechadas
  • Horas Neutras
   
HORAS ABERTAS:
são consideradas horas abertas na Umbanda, as não classificadas como neutras ou negativas, portanto positivas para a feitura de qualquer dos trabalhos abaixo enumerados:
  1. Mentalização
  2. Vidência
  3. Irradiação
  4. Jogo de Búzios
  5. Agrados
  6. Amalás
  7. Amacís
   
HORAS FECHADAS:
são aquelas que nenhum dos atos ritualísticos ou litúrgicos descritos acima podem ser efetuados. São consideradas horas fechadas, os 15 minutos anteriores e posteriores à HORA PEQUENA e à HORA GRANDE, ou seja de 11:45hs às 12:15hs, assim como também das 23:45hs às 00:15hs; horas que são destinadas à entrega de EBÓS, DESCARREGOS, ou o emprego da Força Negativa para a prática do Bem.
   
Nestas Horas Fechadas, não se deve praguejar, amaldiçoar, discutir, entrar ou sair de lugares cobertos e freqüentar locais espúrios.
  
HORAS NEUTRAS:
são aquelas em que qualquer tipo de Ato Litúrgico ou Ritualístico é dado à cada um segundo, o seu mérito.
   
Estas Horas Neutras da Umbanda são muito utilizadas no Esoterismo e classificadas comoHORAS TERÇAS HORAS NONAS (6hs e 18hs).
   
NOTA: excetuando-se as Horas Negativas e Neutras, todas as outras horas do dia são consideradas como positivas.
   
Das 7 Linhas da Umbanda, apenas três podem interferir e alterar o ritual praticado em todas as horas:
  1. A Linha de Oxalá
  2. A Linha das Senhoras (OXUM, IEMANJÁ, IANSÃ e NANÃ)
  3. IBEJI
   
   
HORAS-
SEMANA
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Observ.
Espaço de 15 minutos após às 0hs até 00:15hs
Negativa
Até 1h
Almas
Ogum
Xangô
Oxóssi
Oxalá
Senhoras
Ibeji
Positiva
De 1 às 2hs
Oxóssi
Xangô
Ibeji
Ogum
Almas
Oxalá
Senhoras
Positiva
De 2 às 3hs
Ogum
Ibeji
Senhoras
Xangô
Oxóssi
Almas
Oxalá
Positiva
De 3 às 4hs
Xangô
Senhoras
Oxalá
Ibeji
Ogum
Oxóssi
Almas
Positiva
De 4 às 5hs
Ibeji
Oxalá
Almas
Senhoras
Xangô
Ogum
Oxóssi
Positiva
De 5 às 6hs
Senhoras
Almas
Oxóssi
Oxalá
Ibeji
Xangô
Ogum
Neutra
De 6 às 7hs
Oxalá
Oxóssi
Ogum
Almas
Senhoras
Ibeji
Xangô
Positiva
De 7 às 8hs
Almas
Ogum
Xangô
Oxóssi
Oxalá
Senhoras
Ibeji
Positiva
De 8 às 9hs
Oxóssi
Xangô
Ibeji
Ogum
Almas
Oxalá
Senhoras
Positiva
De 9 às 10hs
Ogum
Ibeji
Senhoras
Xangô
Oxóssi
Almas
Oxalá
Positiva
De 10 às 11hs
Xangô
Senhoras
Oxalá
Ibeji
Ogum
Oxóssi
Almas
Positiva
De 11 às 11:45hs
Ibeji
Oxalá
Almas
Senhoras
Xangô
Ogum
Oxóssi
Positiva
De 11:45 / 12:15hs
Espaço do tempo de hora fechada
Negativa
De 12:15hs às 13hs
Senhoras
Almas
Oxóssi
Oxalá
Ibeji
Xangô
Ogum
Positiva
De 13 às 14hs
Oxalá
Oxóssi
Ogum
Almas
Senhoras
Ibeji
Xangô
Positiva
De 14 às 15hs
Almas
Ogum
Xangô
Oxóssi
Oxalá
Senhoras
Ibeji
Positiva
De 15 às 16hs
Oxóssi
Xangô
Ibeji
Ogum
Almas
Oxalá
Senhoras
Positiva
De 16 às 17hs
Ogum
Ibeji
Senhoras
Xangô
Oxóssi
Almas
Oxalá
Positiva
De 17 às 18hs
Xangô
Senhoras
Oxalá
Ibeji
Ogum
Oxóssi
Almas
Neutra
De 18 às 19hs
Ibeji
Oxalá
Almas
Senhoras
Xangô
Ogum
Oxóssi
Positiva
De 19 às 20hs
Senhoras
Almas
Oxóssi
Oxalá
Ibeji
Xangô
Ogum
Positiva
De 20 às 21hs
Oxalá
Oxóssi
Ogum
Almas
Senhoras
Ibeji
Xangô
Positiva
De 21 às 22hs
Almas
Ogum
Xangô
Oxóssi
Oxalá
Senhoras
Ibeji
Positiva
De 22 às 23hs
Oxóssi
Xangô
Ibeji
Ogum
Almas
Oxalá
Senhoras
Positiva
De 23 às 23:45hs
Ogum
Ibeji
Senhoras
Xangô
Oxóssi
Almas
Oxalá
Positiva
De 23:45 / 00:15hs
Espaço do tempo de hora fechada
Negativa