quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ogun Sete Lanças


Aquele que perfurou Jesus com sua lança!

Na postagem de hoje contaremos a história de um mensageiro espiritual que já é conhecido de muitos, mas sem utilizar o método da psicografia; apenas, ajudaremos a relembrar sua história, pois ela já é contada e recontada de geração a geração. Ogun Sete Lanças era Longinus que viveu no primeiro século (contemporâneo de Jesus) e seria ele o centurião romano que feriu o lado de Jesus com a sua lança (Jo 19:34). Também deve-se a ele a revelação de que Jesus era realmente o Filho de Deus (Mateus 27:54; Marcos 15:39 e Lucas 23:47).
Diz a lenda que a água que saía do lado ferido de Jesus respingou em seu rosto e ele imediatamente sarou de um sério problema. Então, abandonou para sempre o exército e tornou-se um monge, percorrendo toda a Cesarea e a Capadócia, levando a palavra de Cristo. Mais tarde, convertido como monge, promoveu prodígios pela graça do Espírito Santo. Entretanto, o governador de Cesarea, que estava irritado com a conversão de seu secretário particular, descobriu sua identidade de centurião e o denunciou a Pôncio Pilatos em Jerusalém. Este, acusou Longinus de desertor e o condenou a morte, caso não pedisse redenção, renegando sua fé. "Longuinho" manteve-se fiel a Cristo e por isso foi torturado, tendo seus dentes arrancados e sua língua cortada; em seguida, foi decapitado.
Sua lança é reverenciada como uma relíquia religiosa e está a mostra em Viena na Áustria. Na Espanha e no Brasil ele é conhecido como "São Longinho" e aclamado como protetor para encontrar objetos perdidos. Esse costume deve-se ao fato de que seus companheiros de msosteiro sempre extraviam os objetos pelo mosteiro e Longinus os encontrava facilmente. Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 15 de março e ele é conhecido como "São Longuinho".
Após sua morte, Longinus assumiu o nome de Ogun Sete Lanças, pois foi convidado a trabalhar para o Evangelho de Jesus, ajudando a semear a religião Cristã no planeta. Como símbolo de sua devoção pelo Mestre Jesus, Longinus carrega em seu corpo os estigmas de Cristo e em seu peito ele preserva o símbolo do Sagrado Coração de Jesus, para relembrar sempre a lança que perfurou o filho de Deus. Em muitos momentos é possível vê-lo como Ogun, altivo e combatente e, em outros, como um monge cabisbaixo procurando algo perdido...

Os caboclinhos e as caboclinhas da Umbanda


Na Umbanda Sagrada temos a Linha de Ibeji, comandada por São Cosme e São Damião - data comemorativa em 26/09 no Catolicismo e 27/09 na Umbanda. Nessa Linha atuam Entidades Infantis, que desencarnaram ainda crianças em sua última passagem terrena. Porém, além da "Ibeijada" que atua nos Terreiros e da famosa Festa de São Cosme e São Damião, existem "Caboclos e Caboclas" infantis que atuam nas demais Linhas.
Qual a diferença de um Ibeji para um Caboclinho? A diferença está na idade, na maneira que sua última vida foi conduzida e na forma como ele desencarnou. Normalmente os Erês possuem até sete anos e os Caboclinhos ou Caboclinhas possuem um pouquinho mais de idade ou são adolescentes. Aqui podemos citar o trabalho dos Exus Mirins e das Pombagiras Mirins. Na Linha das Almas (ou Pretos-velhos) não vemos a atuação de crianças porque, apesar de termos um Ibeji escravo, ele atua em outra Linha...
Na Linha de Oxalá podemos citar: Caboclinho Estrelinha, Caboclinho Raio de Sol, Caboclinho Luz do Luar, Caboclinho de Jesus, Caboclinho Luzeirinho, Caboclinho Lamparininha ou  Lampadinha, Caboclinha Mariana, Caboclinha Coraçãozinho, Caboclinho Sete Velas, etc...
Na Linha de Xangô: Caboclinho Pedreirinha, Cachoeirinha, Machadinha, Trovãozinho, Foguinho, Caboclinha das Pedras, Caboclinho ou Caboclinha do Deserto, Caboclinha das Cavernas, etc...
Na Linha de Ogun: Caboclinho Espadinha, Estradinha, Cavaleirinho, Boideirinho, Caçadorzinho, Caboclinho Sentinela e outros.
Na Linha de Oxóssi: Caboclinho Folhinha, Sementinha, Flechinha ou Peninha (Verde, Azul, Amarela, etc), ou usando nomes indígenas, como: Coeté, Airumã, Airy, Ajira, entre outros...
Na Linha de Iemanjá: Caboclinha das Ondas, Caboclinha Pérola, Caboclinha Sereiazinha, Jandirinha, Conchinha, Caboclinho das Marés, Caboclinho Pescador, etc. 
Na Linha de Oxum: Caboclinha Cachoeirinha, Caboclinha Florzinha, Caboclinha Gota d'Água, Caboclinho Cascatinha, Caboclinho das Nascentes, Caboclinho da Chuva, Caboclinha Dourada e outros.
Na Linha de Yansã: Caboclinho Furacãozinho, Caboclinho Raiozinho, Caboclinho dos Ventos, Caboclinha Pimentinha, Caboclinha da Fogueira, Caboclinha Juremeira, Jureminha, etc.
Em outras Falanges, temos: Capoeirinha, Cangaceirinho, Baianinho, Ciganinhos e Ciganinhas, etc. Assim como qualquer Entidade que trabalha na Umbanda, cada um deles possui suas histórias e suas particularidades para nos contar, sobre sua última passagem terrena.

Ogun Beira Mar e Ogun Matinata


Dois Cavaleiros e uma só história!

Esses dois emissários de São Jorge, viveram, lutaram e morreram juntos. Foram criados desde crianças para a luta. Confiaram sua vida a Deus e a serviço da humanidade. Defenderam a Terra Santa e a Santa Madre Igreja. Morreram lado a lado, lutando por justiça e por honra. A história que vou narrar, transcrevo-a exatamente como ouvi do Senhor Ogun Beira Mar:
"Eu nasci no ano de 1268 de Nosso Senhor Jesus Cristo. Meu amigo e companheiro de jornada, Senhor Matinata, nasceu um pouco antes, em 1257, na região que hoje se chama San Vicenzo, na Itália. Seu nome era Guido Franciesco. Meu nascimento ocorreu em território gaulês, hoje ocupado pela França e meu nome era  Olave de Gusttave.
Apesar da diferença de idade, nos dávamos muito bem. Éramos inseparáveis e sempre lutávamos lado a lado, nos campos de batalha. Dedicamos nossa vida a defender a Igreja e cada um foi designado para servir em uma Ordem. Ele foi destacado para servir a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta e se tornou um Hospitalário. Eu fui destacado para a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão e tornei-me um Templário.
Dedicamos nossa vida a defender a Santa Madre Igreja, as Terras Santas de Jerusalém e os peregrinos cristãos. Fomos treinados desde os 7 anos, fizemos votos de pobreza e castidade; éramos monges guerreiros. Porém, fomos traídos pela própria Igreja, acusados de heresia e de esconder tesouros no Convento da Ordem. Sabíamos que era um golpe militar para extinguir a ordem.
Eu estava no Convento de Jerusalém, quando fomos atacados pelos soldados do rei. Guido estava a serviço dos Hospitalários e passava um tempo no convento. Estávamos em número reduzido, mesmo assim lutamos. Alguns conseguiram fugir para contar sua história, outros morreram ali mesmo. Eu fui decapitado, juntamente com meu amigo Guido. Nossa morte ocorreu no ano de 1303. Poucos anos depois a Ordem dos Templários estava extinta e a dos Hospitalários permaneceu por possuir diferentes interesses.
Eu tornei-me um Cavaleiro de São Jorge, servindo a Virgem Maria e a São Miguel Arcanjo e Guido passou a servir São Jorge, São Thiago e São João Batista. Recebi a insígnia de Cavaleiro de Ogun e meu nome tornou-se Beira Mar. Guido recebeu a mesma insígnia, mas seu nome tornou-se Matinata. Atuamos em campos diferentes do Plano Espiritual, porém, permanecemos no mesmo ideal de servir a Cristo Jesus e a nossa Amada Mãe Maria. Podemos nos deslocar no tempo e no espaço e, assim, atuar em locais distantes e desconhecidos."

Ogun Rompe Mato


O Ogun das Matas!

Esse Cavaleiro de Ogun viveu no Brasil Colônia do século XVI. Sua função era servir ao Rei e a Rainha de Portugal. O Brasil ainda era uma terra de muitos índios e muita natureza. Seu nome era Jorge, em homenagem ao Santo de devoção de sua mãe. Ao chegar ao Brasil acompanhando o cortejo real, sentiu-se atraído pelo lugar. Era especialista em abrir novos caminhos nas matas virgens e descobrir novas civilizações, por isso seus serviços foram solicitados. Comandava um grupo de 200 soldados, como capitão da guarda. Buscavam os melhores lugares para construir os aposentos reais e retirar as riquezas da terra. Haviam lhe falado que os índios eram selvagens cruéis.
Na primeira aldeia que ele conquistou percebeu temor nos olhos indígenas. E nas próximas aldeias, apesar das resistências e das lutas, foi percebendo que os índios apenas se defendiam e tentavam manter suas terras. Em uma das aldeias capturaram muitos índios para fazê-los escravos. Entre eles havia uma índia potiguara de beleza única, por quem se apaixonou. Retirou-a do meio dos escravos, chamou um intérprete e foi conversar com ela. Essa índia chamava-se Guaraci, para homenagear o Sol. Guaraci tentou mostrar a Jorge o que os brancos estavam fazendo, através de gestos e palavras. Jorge, apesar de seguir as ordens reais tinha bom coração. A índia convidou-o a ir com ela até a Aldeia Portiguara e aprender os costumes indígenas. Propôs a ele levá-lo e devolvê-lo em segurança, desde que aceitasse conviver 10 dias nas terras indígenas.
Jorge aceitou a prosposta da índia. Chamou o sargento da guarda e pediu-lhe que assumisse seu posto. Avisou aos demais que se ausentaria por um tempo, pois queria estudar os costumes indígenas e procurar os melhores lugares para extrair as riquezas da terra. E assim foi que a índia portiguara Guaraci chegou à sua Aldeia sã e salva carregando um homem branco. Isso foi motivo de grande orgulho para o Chefe da Tribo, que era seu pai. Explicou ao Cacique que Jorge permaneceria com eles por um período de 10 dias para aprender os costumes e tentar uma negociação. O cacique aceitou e assim Jorge começou seu período de aprendizagem. Ele se despiu de seu uniforme e aceitou um saiote de penas para se cobrir. No período em que conviveu com os índios começou a aprender o tupi-guarani. Também lhe ensinaram a usar o arco e a flecha e a entender os sinais da natureza. Essa vida simples tocou alguma coisa dentro de Jorge, que passou a admirar os nativos potiguaras.
Quando os 10 dias findaram, Guaraci levou Jorge novamente aos brancos. Ele não era mais o mesmo. Percebeu que não poderia mais lutar contra um povo que passou a admirar e também não poderia renunciar ao seu cargo, pois seria considerado desertor. Esse dia foi decisivo na vida de Jorge. Ele esperou todos irem dormir, arrumou suas tralhas e penetrou na floresta. Foi até o acampamento portiguara. Procurou por Guaraci e lhe propôs fugirem juntos. A índia falou que não poderia abandonar seu povo, mas Jorge sabia que a tribo estava com os dias contados e que em breve seriam atacados. Sem saber o que fazer, capturou a índia e embrenhou-se na mata com ela. Tentava explicar-lhe que não poderiam ficar por ali pois a tribo seria atacada. Guaraci não aceitou e falou que deviam voltar, pois para os potiguaras covardia era uma desonra! Então, ele voltou com Guaraci e entregou-se ao Chefe. Ele foi aprisionado na Oca e seu futuro seria decidido em breve.
Os índios potiguaras já haviam tido contato com o homem branco, quando os franceses se aproximaram tentando uma negociação. Os portugueses retomaram as terras e agora imporiam sua vontade aos índios de qualquer maneira. A raça potiguara ocupava todo o litoral nordestino e eram muito numerosos, mas os portugueses possuíam armas que cospiam fogo e explodiam como trovões! Por isso, a derrota dos índios era visível. A sobreviência deles ocorreu pelo acordo firmado entre os portugueses e os índios.
Jorge e Guaraci nunca ficaram juntos. Jorge foi morto durante o combate. Seu espírito vagou por anos nas matas litorâneas e muitos contavam a história de um cavaleiro das matas que rompia a floresta com seu galope e emitia um grito de guerra. Quando Jorge foi recolhido à Aruanda, ele estudou, evoluiu e passou a trabalhar nas Linhas de Ogun e de Oxóssi, como Ogun Rompe Mato.

Boiadeiro "Zé do Laço


Um bandeirante tropeiro.

José Aparecido nasceu em Sorocaba-SP e moleque ainda já acompanhava seu pai na lida como bandeirante a serviço dos portugueses. Ele era um mameluco. Seu pai era português e sua mãe uma índia tupinambá a serviço dos brancos. Quando José tornou-se adulto, seu pai o levou para as campinas do Rio Grande do Sul; era o ano de 1780 e os portugueses já haviam dominado quase todo o sul do país.
José ouviu falar da guerra que ocorreu entre índios e brancos e da matança desmedida e sentiu tristeza, porque parte de seu sangue era de índio. Ao ver os pampas gaúchos apaixonou-se pelas pradarias, vegetação, o gado, as construções e decidiu morar nesse local. Era uma região entre São Miguel e São Borja e havia muito gado solto devido a revolta e fuga dos índios.
José desde cedo descobriu que era bom no laço e em pegar gado arrisco; então foi apelidado de "Zé do Laço". De bandeirante Zé passou a tropeiro e de tropeiro passou a boiadeiro. Adquiriu um terrinha nas cercanias de São Borja e passou a cuidar do gado para os bandeirantes paulistas. O sul ainda era uma terra sem lei e a disputa entre espanhóis e portugueses ainda era visível. Por isso, Zé andava armado e cercado de jagunços. Foi nessa época que Zé conheceu a índia Potira da Aldeia São Borja das Missões e decidiu roubá-la.
Antigamente, índio se pegava no laço e laçar era o que Zé fazia melhor. Então ele "laçou" Potira e a levou para seu sítio, mas isso desencadeou uma pequena revolta e uma lutou se travou entre os jagunços e os irmãos de Potira. Os dois lados perderam pois morreram homens de ambas as partes. Zé quedou em combate atingido no peito. Mas, ainda conseguiu dizer a Potira: - Eu também sou índio!
Potira voltou ao acampamento, mas carregava em seu ventre uma criança gaúcha. O filho de Potira cresceu catequizado pelos Jesuítas e mais tarde lutou na Revolução Farroupilha. Zé do Laço tornou-se boiadeiro espiritual e passou a trabalhar em Aruanda.

XOROQUÊ


Exu ou Ogun?

Esse trabalhador cultuado no Candomblé e na Umbanda, desperta curiosidade em alguns e temor em outros, pois ele é cheio de mistérios! Ele é muitíssimo venerado na Nação Jeje, onde ocupa um lugar especial. Na Umbanda ainda existem algumas discriminações pelo desconhecimento de seu arquétipo e pelas incoerências sobre sua personalidade.
Então, o que vem a ser um Xoroquê? Ele é uma entidade "metá", meio a meio. Parte de seu trabalho ele realiza como Ogun e parte como Exu. Ou seja, ele pode se locomover nos dois mundos - na direita e na esquerda - sem se macular ou perder sua fortaleza. Quem possui um Xoroquê em sua casa, possui um trabalhador dedicado, conhecedor dos mistérios profundos e detentor de grande sabedoria.
Está enganado quem pensa que Xoroquê é uma entidade negativa ou mundana. Ele representa o fogo e a terra juntos, como a lava ao ser expelida por um vulcão, que queima tudo o que toca. Assim, Xoroquê, com sua força de transmutação, dissolve o mal e transforma as energias mais densas em energias sutis de regeneração. Sua missão é magnânima, como o magma do interior da Terra!

O Senhor Xangô Sete Pedreiras


Um cacique que sofreu a perda de sua tribo.

O Senhor Xangô Sete Pedreiras é uma entidade totalmente do bem, tranquilo, de fala mansa, como todo bom xamã! Ele gosta de elucidar os problemas da pessoa com muita sabedoria. Ao atender faz isso com toda a humildade e benevolência que um espírito abnegado tem que ter. Já o vi chorar, uma vez, por um filho que não quis cumprir sua missão e que ainda reclamou de tudo o que lhe estava acontecendo. Ele se condoeu dessa pessoa e tirou a dor dela.
Ele sempre explica que cumprir missão na Lei Maior do Bem não é fácil, que existem as escolhas pessoais a serem feitas e que é preciso muita dedicação. Uma vez perguntei como ele se tornou um "guia espiritual" e ele me disse: "Todo aquele que cumpre sua missão de vida, torna-se guia espiritual de alguém ao desencarnar."  Também perguntei porque eu ainda via nele sofrimento pela morte dos índios da tribo e ele me respondeu: "Nunca deixamos de amar e de nos preocupar com nossa família espiritual..."
Esse espírito de fala simples, possui muita elevação. Viveu no norte da América e viu sua tribo ser dizimada pelos conquistadores. Nada conseguiu fazer e sentiu-se responsável por todos eles. Ele era o cacique da tribo e ao fim de tudo, foi martirizado de várias maneiras até que o mataram. Ao chegar no Plano Espiritual, havia cumprido sua missão de vida e podia seguir seu caminho de luz, mas preferiu ficar e trabalhar. Quando estou na presença dessa entidade sinto-me pequeno, como se eu fosse uma criança com muito a aprender...

 

A Falange de Ogun Rompe-Mato e sua Tribo


"Os Nez Perce" - os grandes cavalgadores!

Existe uma Lenda que conta a origem dos Nez Perce: "Houve uma vez um monstro que vivia no vale do rio Clearwater, perto de Kamiah. Essa besta devorava todos os animais que viviam na região e se tornou uma ameaça, até que o "Coiote", um herói corajoso de muitos mitos indígenas, decidiu que ele deveria ser morto. Armado com uma faca, ele pulou na garganta do animal e apunhalou seu coração. Então ele cortou o corpo em muitos pedaços, que foram lançados para ocupar as montanhas e as planícies ao redor e, assim, surgiram as tribos norte-americanas. "Coiote Corajoso" descobriu que não havia nenhuma tribo no belíssimo vale no qual o monstro vivia. Então, ele espremeu algumas gotas de sangue do coração do animal e, dessas gotas, surgiram os Nez Perce."
Os Nez Perce acreditam em espíritos chamados Wy-a-kins que oferecem uma ligação com um mundo invisível de poder espiritual. Os Wyakin protegem de todo o mal, tornando-se um guardião espiritual individual. Para receber um wyakin, uma jovem garota ou garoto, em torno de 13 a 15 anos, deve ir às montanhas para buscar uma visão. A pessoa deve estar desarmada, em jejum e ter bebido pouca água. Na montanha, em contato com o Grande Espírito, ele(a) receberá a visão de um espírito que pode ter a forma de um mamífero ou de um pássaro. Essa visão pode aparecer fisicamente, em sonhos, ou em transe. O wyakin da pessoa é muito pessoal e raramente é compartilhado com outras pessoas, pois sua contemplação é realizada de forma privada. O wyakin permanece com a pessoa até a sua morte. Portanto, um Wyakin é um guia espiritual que aconselha e protege a pessoa por toda a sua vida.
Assim, se Ogun Rompe-Mato precisa de um fundamento, sua tribo de origem, com certeza, são os "Nez Perce" - os grandes domesticadores do cavalo appaloosa. Os Nez Perce viviam apenas na região do noroeste pacífico (Rio Columbia) dos Estados Unidos. Uma teoria antropológica diz que a tribo originou-se nas Antigas Cordilheiras, que se moveram para o sul a partir das Montanhas Rochosas e depois para o oeste nas atuais terras do Nez Perce. Atualmente a tribo governa e habita uma reserva em Idaho. Os Nez Perce se autodenominam "Nimíipu", que quer dizer "O Grande Povo". A tradição oral dos Nez Perce indica o nome "Cuupn'itpel'uu" que significa: "Nós andamos fora da floresta e fora das montanhas...". Essa tradição remete a um período anterior aos Nez Perce, quando eles não utilizavam os cavalos.
O nome "Nez Perce" deriva do francês "nariz furado", devido a um erro de observação dos viajantes estrangeiros, pois, na verdade, eles não utilizavam nenhum ornamento que necessitasse furar o nariz, a boca ou a orelha. A atual tribo "nariz furado" que vive ao longo do baixo Rio Columbia, no Noroeste Pacífico, são chamados comumente de Chinooks pelos antropólogos e historiadores. Os Chinook dependem densamente da pesca dos salmões, assim como os Nez Perce. Eles dividem a pesca e trocam entre si os locais de moradia, mas os Chinook possuem uma sociedade muito mais hierarquizada. Os Nez Perce, assim como muitas tribos do oeste, eram migratórias e viajavam conforme as estações do ano ou de acordo com a maior quantidade de comida durante um período do ano. Sua migração seguia um modelo previsível de aldeias permanentes de inverno para acampamentos temporários, voltando sempre para os mesmos locais ano após ano. Eles foram conhecidos por irem ao extremo leste, como as Grandes Planícies de Montana, para caçar o bisão-americano, e ao extremo oeste como as Cachoeira de Celilo para a pesca do salmão no rio Columbia. Eles coletavam bastante Camassia, na região entre as drenagens do rio Salmon e do rio Clearwater, como fonte de alimento.
Os cavalos Appaloosa dos Nez Perce (ou Nimíipu) corriam soltos pela bacia do rio Colúmbia e seus afluentes, onde foram capturados e domesticados pelos índios. Eles domavam os cavalos pintados, usando-os como meio de transporte, montaria para a caça e instrumento para a guerra. Os appaloosa são cavalos ágeis, rústicos, velozes e resistentes. E por conta disso sua raça já se distinguiu em muitos meios. Os cavalos pintados resistem a longas cavalgadas, travessia de regiões íngremes e áridas e jornada de longas distâncias. Os historiadores acreditam que a origem dos cavalos Appaloosa seja mais antiga que a história dos Nez Perce. Existem fontes que revelam a existência desses cavalos em regiões da China Antiga, há mais de 5 mil anos. Outras fontes indicam sua existência na Pérsia e regiões da Mesopotâmia há mais de 1,6 mil anos. Mas, também foram encontradas pinturas rupestres na Espanha e na França, desenhadas há 18 mil anos antes de Cristo.
Um cavaleiro não existe sem seu cavalo! Por isso, dessa forma, é possível dizer que os cavalos Appaloosa acompanham a Falange de Ogun há milhares de anos! Durante toda a evolução da história é possível ver e entender a ligação entre um cavaleiro de Ogun e seu cavalo.
*Assistam o filme "Hidalgo - Mar de Fogo" que relata a história de um Cavalo Appaloosa.*
   

Xamã Vermelho - Red Shaman - Pupa Shaman


"Pupa" realiza seu trabalho nas Falanges Orientais de Cura em toda a Umbanda Sagrada, sob as ordens das Linhas de Iansã e Xangô. Ele nasceu nas Planícies Geladas, que ficam próximo às Montanhas Rochosas ao dos Estados Unidos, entre os estados de Montana e Wyoming. Ele pertencia ao Povo Cree, da Tribo Assiniboine (Ojíbua).
Ele conta que, desde a última grande Era Glacial, muitos povos começaram a habitar as Montanhas Rochosas, como os: apache, arapaho, crow, cheyenne, sioux, ute, kutenai, entre outros. Eles viviam nas planícies durante as estações do outono e inverno, onde caçavam bisões (búfalos-americanos). E nas estações mais quentes (primavera e verão), viviam entre as Montanhas onde pescavam peixes, caçavam alces e colhiam raízes e frutos.
Por causa da Guerra do Ouro, as histórias dos estados de Oregon, de Wyoming, de Montana e de Idaho se confundem. A palavra "Wyoming" na língua indígena significa Terra de Vastas Planícies e "Montana" deriva de Montanha mesmo. Oregon deriva de uma frase: "Caminho do Ouro" - para a qual não há tradução literal: ore go on (minério de continuar). Idaho possui um cognome: Gem State - "Estado da Jóia.
Mas, voltando a história de Pupa... Ele viveu entre os séculos XVII e XVIII, quando o homem branco tentava conquistar o território norte-americano. Os nativos das Montanhas Rochosas ainda estavam protegidos pela região desconhecida e pouco desbravada. Mas, quando os brancos começaram a chegar, pareciam "possuídos" por espíritos maus, pois seu único intuito era matar e conquistar.
Por conta de tanto ódio e sede de conquista por parte dos europeus, os nativos escondiam-se cada vez mais entre as montanhas e o frio. Pupa havia sido preparado desde adolescente para sua tarefa de líder religioso da tribo, então sabia realizar todas as curas necessárias para seu povo. Todos o respeitavam por seus ensinamentos. Ele aconselhou sua tribo a manter-se escondida nas montanhas e evitar o confronto com o branco. Disse que o homem branco já trazia o ódio dentro de si.
Quando Pupa estava idoso e preparava-se para deixar o mundo dos vivos, chamou seu sucessor e disse-lhe: "Prepara-te para a grande mudança da terra. O homem branco a tudo transformará e nossa nação nunca mais será a mesma. Preserva nossa gente e nossos costumes, para que o Grande Espírito mantenha nossos descendentes sobre essa terra."

Chefe Manitoba


Um Cacique que tentou preservar sua raça.

A palavra Manitoba vem das palavras algonquinas "manito" e "waba" que significam, respectivamente: Grande Espírito e estreito. Os nativos americanos que viviam na região do Lago Winnipeg, acreditavam que os sons vindos do vale estreito próximo ao Lago, eram emitidos por "Grandes Espíritos" antigos. Mas, atualmente, sabem-se que são ecos.
Toda a região de Manitoba é abundante em rios e lagos. É uma das dez províncias do Canadá, coberta por enormes planícies com solo próprio para agricultura. A região também possui muitas áreas florestais e depósitos de cobre, zinco e níquel.
Durante o século XIX, Ingleses e Franceses disputaram a posse de terras do Canadá. Manitoba fez parte inicialmente de um gigantesco território conhecido como "Terra de Rupert", administrada pela Companhia Inglesa da Baía de Hudson. Mas, algumas regiões de Manitoba também foram colonizadas pelos Franceses.
Em 15 de maio de 1870, após a Rebelião de Red River (Rio Vermelho), o governo Canadense elevou a região sul do atual Manitoba à categoria de Província - isso equivalia a apenas 5,6% de seu tamanho atual. Sua extensão territorial cresceu gradualmente até 1912.
Foi nesse cenário que o Cacique Manitoba viu sua terras e tribos serem dizimadas e aos poucos colonizadas pelo homem estrangeiro. Ele viveu 112 anos sobre as Terras Canadenses e pode ver muita coisa com seus próprios olhos.
O Rio Vermelho tornou-se Rio de Sangue muitas vezes, pelas mortes que assistiu e pelos corpos que recebeu em seu leito. As terras de Manitoba presenciaram muitas transformações. Mesmo assim, o Cacique tentou manter a cultura e a tradição de seu povo intactos após a colonização.
Foi difícil... Nessa época, ele sentiu-se "pequeno", como o estreito do Lago Winnipeg; porém, em outros momentos, sentia a força do "Grande Espírito" a lhe sustentar. E assim, aguentou o quanto pode para preservar seu povo e sua raça.
Antes de exalar o último suspiro fez um pedido a seu neto Kanna Kanna (Dois Caminhos): "Meu filho, não deixe morrer nossa tradição ou nossos costumes. Preserve-os a todo custo, para que um dia o homem branco possa conhecer a sua origem..."
Hoje em dia, Ele trabalha como Mensageiro Espiritual na Falange do Povo do Oriente, sob o comando de Xangô. Ele exerce maior domínio quando atua na Linha de Oxalá e na Linha das Águas, ao harmonizar e fluidificar o ambiente.

Ogun de Malê


Um comandante da Lei e da Ordem no Reino de Oxalá!

Alguns pronunciam seu nome como Ogun de "Malei", outros como Ogun de "Malê"... Devido a língua yorubana ser bastante distinta de uma região a outra, na África, as grafias e pronúncias, muitas vezes, modificam-se, pois ao ser trazido para o Brasil, o africano "continha" o seu vocabulário, com medo das chibatadas. Em yorubá, é comum dizermos: "Maleime, Malembe ou Maleme" que significa: "Misericórdia, meu Pai! Perdão, meu Pai!" Por isso, existe confusão com relação ao nome desse Ogun.
 
Ogun de Malê é considerado um Orixá de Nação, com Culto no Candomblé e é venerado como uma das qualidades de Ogun. Quando a Umbanda apresentou-se em solo brasileiro, algumas Entidades mantiveram seu nome ligado ao Orixá que elas representam, por isso, Ogun de Malê no Candomblé é um Orixá, enquanto na Umbanda é o nome de uma Entidade que atua na Linha de Ogun. Como Entidade, esse Ogun possui inúmeras histórias para contar e todas elas cheias de muitos acontecimentos! Mas, aqui vamos narrar apenas uma delas, a pedido dessa Entidade.

Inclusive, sobre isso, gostaríamos de ressaltar que a Umbanda acredita na Reencarnação, assim como o Espiritismo e algumas religiões Orientais; portanto, um espírito sempre teve mais de uma vida encarnada. Ao publicarmos uma história sobre a vida de uma Entidade, não significa que seja sua única história de vida; pois, até mesmo o Caboclo Sete Encruzilhadas narrou duas vidas distintas ao apresentar-se na Federação de Niterói no Rio de Janeiro. Assim, é normal a Entidade escolher qual história de vida ela quer narrar para, em seguida, descrever porque fez essa escolha... As Entidades procuram se preservar e para isso não contam tudo sobre suas passagens terrenas. Em alguns casos, é possível saber mais de uma vida da Entidade, como ocorreu com Emmanuel de Chico Xavier, onde ele narra algumas de suas existências em livros: http://pt.wikipedia.org/wiki/Emmanuel_(esp%C3%ADrito). Mas, há casos em que a Entidade conta apenas uma de sua existência e pronto. O próprio "Pai José de Aruanda" nos contou duas de suas existências e, depois, justificou sua escolha por escolher narraressas histórias.
 
Sobre o Senhor Ogun de Malê, na vida em que viveu na Grécia, no século II a.C., ele foi um General que preparava suas tropas para a conquista de novos territórios. A Grécia era um Reino populoso e distinto nessa época, onde proliferavam as artes, as ciências e as filosofias. Os gregos eram considerados pessoas cultas e de fino trato. A Civilização Helênica (como também era chamada) já havia ocupado grande parte da Europa e conquistado muitos territórios em 1500 anos de história!
Ele chamava-se Helano e cresceu ouvindo as histórias de conquistas de seu povo, como a "Guerra do Cavalo de Troia" e de "Alexandre - o Grande". Também tinha conhecimento de todos os Deuses do Olimpo e de como Eles "premiavam" os vencedores. Ele amava servir à Grécia e pertencer a essa civilização era uma honra para sua vida!
Porém, em 167 a.C. o sul da Grécia ficou sob os domínios da Macedônia e depois, em 146 a.C., a Península Grega foi anexada à Roma. Algumas propriedades da Grécia conseguiram manter uma certa independência, juntamente com as ilhas do Mar Egeu, até 133 a.C. Em 88 a.C. Atenas, com outras cidades, rebeleram-se contra Roma, mas foram devastadas pelo General Silas. Mais guerras romanas devastaram a região e em 27 a.C. Augusto César reorganizou a península grega como a Província de Acaia.
Helano era criança quando a Macedônia comandava parte do território grego. Ele cresceu sendo treinado para tornar-se um soldado na luta pela libertação de seu povo. Mas, por mais que lutasse não conseguiu evitar que a Grécia fosse perdendo seus valores, sua cultura e toda a sua identidade para os povos europeus, principalmente os romanos. A história da Grécia, seus monumentos e toda a sua estrutura começou a ser modificada; mas, ao mesmo tempo, também foi assimilada pelos demais. Assim, a filosofia, a ciência e a arquitetura grega passaram a ser conhecidas em todo o mundo.
Toda Guerra possui um preço a ser pago: pela perda da vida de seus combatentes ou pela perda dos valores de sua cultura. De qualquer forma, todos saem perdendo: uns mais, outros menos. E Helano perdeu sua vida no ano de 99 a.C., quando os Romanos tomaram definitivamente a Grécia. Ele estava com 55 anos de vida; perdeu família, filhos e amigos. Muitos morreram na luta por seus valores e ideais; inclusive mulheres, crianças e idosos. Essa parte da batalha poucos contam, porque é desonroso para um General conquistar uma Vila massacrando a todos. E assim fez o General Silas: devastou diversas cidades! Como fez depois César...
Essa foi uma vida que Helano demorou a superar e esquecer, pois a dor de ter perdido toda a sua gente era muito grande! Ele não compreendia porque os "Deuses" permitiram tudo isso. Então, seu espírito fechou-se em si mesmo... E, somente um século depois, quando renasceu em território judeu, ele compreendeu o propósito maior de tudo aquilo. Mas, essa é uma outra história que Ele nos pediu para guardar...

Cacique Cobra Preta


O Mensageiro de Omulu...

Esse Caboclo, que atua na Linha das Almas, foi um Inca que viveu no século XV, na região onde hoje se encontra a cidade de Lima no Peru. O Império Inca era dividido em quatro partes, chamados Suyus. Ele pertencia ao Império Chinchaisuyo, localizado ao Norte. E ainda haviam os Suyus: Kollasuyu, Antisuyu e Kuntinsuyu. Cada Suyu era comandado por um governador, o Tukriquq (ou Apus). Os Suyus se dividiam em regiões (aldeias), que eram comandadas pelos "Kurakas" - uma espécie de Cacique - que se dirigia ao Tukriquq. O Império Inca (chamado na época de Tawantisuyu) era governado por Pachukuti, imperador Inca, que inicou a expansão do Reino e sua divisão em suyus. O governo se concentrava no Templo do Sol (Koricancha) na cidade de Cuzco, considerada a capital do Império e o umbigo do Império Inca. 
Alchuapa, esse era seu nome, pertencia ao Clã das Serpentes Negras e como todo iniciado em xamanismo, mantinha contato com toda espécie de animais peçonhentos durante a iniciação. Podia ficar dias sem comer ou beber e mesmo assim sobreviver incólume. Sua força estava em contactar as cobras negras da região: muçuranas, caninanas e sucuris escuras. Elas se enrodilhavam em seu corpo enquanto entrava em transe, depois de beber o preparado de ervas do ritual xamânico. Ele assumiu como Kuraka uma das aldeias do Suyu norte, após terminar sua formação como xamã e governou até o ínicio do século XVI, quando os espanhóis iniciaram sua invasão. Então, muitas batalhas foram travadas, muitos Apus foram mortos e Alchuapa terminou sua jornada como inca nesta terra.
Alchuapa peregrinou como espírito por toda a América do Sul e viu muitas tribos diferentes e muitos homens de outras nações. Assistiu muitas batalhas e muitas mortes. Muitas transformações aconteceram em suas terras. Quando ele viu o negro chegar ao Brasil para ser escravizado, admirou sua cor de pele, pois era negra como as serpentes que ele conhecia. Alchuapa acompanhou a tudo como espírito e percebeu a força dessa raça, parecida com a sua em determinação. Foi nesse momento que um Ser muito iluminado e de aspecto bondoso se aproximou dele e lhe ofereceu amparo. Alchuapa pensou se tratar de um de seus deuses da tradição Inca, mas o ser lhe disse que veio de outra terra, chamada África.
Alchuapa perguntou quem era ele e o que ele comandava e Ele respondeu:
" - Eu sou o Senhor da Morte! Chamam-me de Omulu!"
- O que o senhor faz nesta terra?
" - Trago uma nova crença ao homem e conforto aos filhos da Terra. Venho com outros como eu e nos chamam de Orixás."
- O senhor também exige sacrifícios?
" - Não, meu filho, apenas recolho as almas e encaminho a uma nova morada..."
- E que morada é essa?
"-É Aruanda, meu filho!"
- Existem outros como o senhor?
" - Existem... E há um que é o maior entre todos e que ensina o amor ao próximo. Seu nome é Oxalá e Ele atua na vibração do amor do Criador de Tudo Aquilo que existe. Eu trabalho para Ele. Venha trabalhar comigo meu filho e eu te ensinarei tudo isso..."
Alchuapa pensou por um momento... Seu espírito estava cansado de peregrinar e ele queria encontrar um caminho que lhe ajudasse a compreender tudo o que lhe havia acontecido. Então respondeu: Sim, eu irei... E foi assim que Alchuapa iniciou sua jornada espiritual como "Cacique Cobra Preta".
 

Caboclo Serra do Mar


Um Cacique, um Pajé, um Xamã...

Como já escrevemos, nós não publicamos histórias que já existem em outros blogs ou sites, pois nossa intenção não é concorrer. Também, aqui queremos esclarecer que, quando escrevemos as histórias é a pedido das Entidades que nos procuram e usamos a clariaudiência, a clarividência e a psicografia para isso. Em momento algum, dissemos que estas histórias pertencem unicamente àquela Entidade, ou que aquela Entidade é única. Por mais que existam diversas Entidades atuando em uma mesma Falange, elas possuirão os mesmos aspectos e semelhanças durante sua apresentação. Nossa intenção é apenas elucidar as características de cada Entidade junto ao médium; pois, mesmo que suas histórias de vida sejam diferentes, a aparência e a postura serão sempre a mesma.
 
Sobre esse Caboclo, em especial, ele nos contou que viveu à Beira-Mar de Serra Leoa, na África. A região é considerada uma região de muitas riquezas minerais, vegetais e animais. Durante séculos, sua tribo vivia em perfeita paz, ordem e harmonia, mas isso foi modificado com a chegada do homem branco e do comércio de escravos e pedras preciosas. Ele era um nativo da tribo dos Temnese viviam nos vales próximos a praia. Eles ornamentavam-se com as pedras coloridas que encontravam, sem saber de seu valor comercial. Também usavam peles de animais e outros enfeites no corpo. Em sua tribo era costume desenhar na pele com espinho e depois passar carvão aquecido na água com chá de noz de cola (Obi). Assim eles tatuavam-se usando uma técnica diferente dos Maoris.
Após a chegada dos brancos em sua região, eles foram obrigados a trabalhar para eles, recolhendo pedras preciosas e trocando pela vida de sua gente. Assim, conseguiram, durante muito tempo, manterem-se afastados da escravidão, sem serem "vendidos". Como sabiam da localização exata dos minérios especiais e das pedras preciosas, eram poupados. Porém, certa vez, quando o homem branco estava afastado de sua Tribo, eles decidiram lutar por sua liberdade e armaram uma estratégia de guerra. Sua tribo apesar de numerosa não possuía armas sofisticadas para a luta. Então, quando o homem branco chegou eles começaram sua luta. Não é preciso dizer que muitos morreram e foi um massacre, pois lanças e flechas nada podiam contra armas de fogo. Ele desencarnou nessa luta junto com quase toda a sua gente. Quem não morreu lutando, foi vendido como escravo. E assim, acabou seu povo e sua vida.
Hoje, sua paz de espírito está em ajudar a todos que lhe procuram, com palavras de ânimo, sabedoria e tranquilidade. Ele entendeu que a vida é só uma escola e uma passagem e que aqui tudo não passa de uma aprendizagem. "A verdadeira vida é aquela que desfrutamos após nossa morte, pois é onde nosso espírito apresenta-se verdadeiramente como é..."

Cacique Aimoré e Cacique Tupinambá


E a história de suas vidas...

Após a chegada dos portugueses ao Brasil, outras etnias quiseram disputar espaço, como os franceses e os espanhóis. E isso gerou muitas revoltas no litoral de toda a extensão do território brasileiro. Houveram muitas guerras, como a de Paraguaçu, no Recôncavo Baiano; o extermínio dos Potiguaras, no Rio Grande do Norte; entre outras que nem são relatadas pela história, pois foram esquecidas. Mas, aqui quero falar da bravura de dois caciques: Tupinambá e Aimoré; e relatar a sua visão da história.
Uma das guerras mais importantes, disputadas pela aliança entre índios e brancos, para preservar seu território dos invasores foi a Confederação dos Tamoios. Para os índios, pior do que perder suas terras para um estranho, era perdê-la para muitos estranhos! Por isso, mesmo vendo o tamanho do inimigo que se aproximava à beira-mar, entre 1563 e 1567, os índios Tupinambá (do Rio de Janeiro), os Carijós (do Planalto Paulista), os Aimoré (da Serra do Mar) e os Goitacá (também da Serra do Mar), fizeram a Aliança com o homem branco e criaram a Confederação dos Tamoios. Mas, nos dois lados da disputa haviam índios e brancos e, nos dois lados, a história não era verdadeiramente narrada aos de "pele vermelha" (pele que o sol queimou).
Os Tamoios venceram muitas batalhas e eles nem sabiam porque lutavam, pois o homem branco apenas fez uso de sua força. O índio foi enganado e usado por "Brancos Reformadores" (os Conquistadores) e por "Brancos Pacificadores" (os Jesuítas). De qualquer forma, o índio perdeu, pois milhares de vidas foram dizimadas; dezenas de tribos desapareceram e muitos índios fugiram e se embrenharam nas matas densas. Essa foi a história da Reforma e da Contra-Reforma - era o destino da Colonização, da Coroa contra a Igreja, de uma nação contra outra e da qual o índio participou sem saber porque lutava. As Tropas Indígenas dos Tamoios foram vencidos pelos Jesuítas e aqueles que não fugiram, tornaram-se servos do homem branco. E aqui iniciou-se uma nova história para o Brasil...
O Cacique Tupinambá e o Cacique Aimoré eram amigos, suas Tribos eram vizinhas e dividiam os mesmos costumes, as mesmas tarefas e a mesma língua. Os habitantes das duas tribos eram amigos e podiam se auxiliar. Durante séculos puderam viver em paz e tranquilidade. As guerras eram somente com os índios Guaikurus, quando esses tentavam invadir seu território. Os índios das diversas etnias, que habitavam as Américas, eram altos, fortes, destemidos e nobres. Sabiam progredir sem ameaçar a natureza, viviam em aldeias bem organizadas. Mas, a interferência do branco e a mistura das raças fez o índio perder sua origem e seu verdadeiro código de valor.
Quando a Guerra que dizimou as tribos Tupinambá e Aimoré aconteceu, os Caciques deram suas vidas para evitar a extinção total de suas raças. Ao final da batalha perceberam que haviam sido enganados pelo homem branco e ajudaram alguns índios a fugir para preservar a raça e a verdade de sua história. Aqueles que se salvaram foram o mais longe que puderam e até hoje não se sabe mais onde os encontrar...
Cacique Aimoré e Cacique Tupinambá choraram a perda dos seus, pelo massacre que aconteceu. Não importava o lado da batalha: todos perderam. Eles partiram para a morada de Mboi para aguardar o chamamento de Tupã. Quando lhes falaram de uma Terra semelhante a deles onde poderiam trabalhar suas origens eles aceitaram a tarefa. Foi assim que se dirigiram a Jurema e ajudaram a Aruanda no trabalho de propagação da nova religião de amor e união de todas as raças: a Umbanda! Aceitaram comandar as falanges que receberiam seus nomes e trabalhar com os índios desencarnados nas batalhas à beira-mar.
E aqui teve início uma nova história de refazimento do solo brasileiro pelos nativos de pele vermelha. Agora eles poderiam trabalhar com seus irmãos brasileiros, sem o preconceito pela cor de sua pele e pelas suas origens, pois hoje eles são aceitos como são: apenas índios! E essa é a AUMBANDHÃ!
 
 

Caboclo Sete Conchas


Um antigo habitante da Ilha de Marajó!

Esse Caboclo manifestou-se algumas vezes em nossa seara. Disse que é um Protetor, que trabalha na Linha das Águas de Mamãe Iemanjá. Seu trabalho é coordenar as limpezas e purificações energéticas nos filhos da Corrente Mediúnica da Casa ou nos assistentes.
Ele era um índio Aruak, da Tribo Aruã e viveu na Ilha de Marajó, hoje estado do Pará, no primeiro século do Brasil Colônia, entre os anos de 1500 a 1600. Sua tribo representa o fim de uma civilização de nobres artesãos - a quarta fase. A tribo já estava entrando em extinção, quando os portugueses chegaram a ilha.
Viviam principalmente da pesca. Faziam artesanatos, cultivavam tubérculos e criavam alguns animais. Evitavam ir ao continente, pois ouviram falar de uma tribo cruel vinda da Venezuela (os Karib), que se apossavam das mulheres e dos pertences de outras tribos.
Os Aruak sempre foram pacíficos. Evitavam a discórdia e resolviam tudo com diálogo. Por isso eram facilmente atacados. Sua proteção estava, justamente em ficar o mais longe possível do continente. A ilha, para eles, era seu refúgio.
Nessa vida, disse ele, aprendeu o amor ao próximo, o respeito a natureza e a viver pacificamente... E é isso que ele transmite aos médiuns enquanto atua nos trabalhos.

Caboclo Cobra Amarela


Um índio pantaneiro.

Esse índio nasceu na margem esquerda do Rio Paraguai, onde hoje se localiza a cidade de Cáceres, no estado de Mato Grosso. Ele era um índio forte e destemido da tribo dos Paiaguá. Seu nome indígena era Membira M'Boi (Filho do Deus Serpente), pois ele conseguia ficar submerso na água por longos minutos. Escondia-se nos arbustos e folhagens sem ser visto e atacava sorrateiramente, como uma cobra. Adorava brincar com todas as cobras da região, principalmente com a "Cobra Amarela" (Bothriechis Schlegelii).
Os Paiaguás uniam-se aos índios Guaikurus nas batalhas contra os invasores, alcançando a vitória nas lutas. Eles entendiam de montaria e estratégias de guerra, por isso, eram exímios guerreiros. Manejavam o arco e a flecha com destreza. Eram hábeis navegadores, sabiam mergulhar e, praticamente, viviam sobre as águas. Eles tornaram-se conhecidos como "índios canoeiros". Eram nômades, deslocavam-se com rapidez e possuíam muitas aldeias, com rota de fuga dentro da floresta.
Sua tribo possuía um código de honra que os impedia de recuar em uma batalha. Por isso, junto aos Guaikurus, lutaram contra os portugueses, oferecendo grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense. O Mato Grosso foi povoado por terra, através da Rota Madeira Guaporé, pois, pela água, os índios ainda dominavam. Somente em 1791, um Tratado de Paz conseguiu apaziguá-los e declará-los súditos da coroa portuguesa. Então, chamou-se "Guaikuru" todos os indígenas do Pantanal que compartilhavam a mesma língua nativa.
Membira M'Boi morreu lutando por sua terra e por sua gente, no começo do século XVIII. Soldados fortemente armados devastaram a maior parte das aldeias Paiaguá, em busca de ouro e pedras preciosas. Assim, ele concluiu sua jornada terrena e inicou sua jornada espiritual. Segundo esse caboclo, que já viveu na Austrália e na Europa, em vidas anteriores, sua maior aprendizagem ocorreu no Brasil, onde aprendeu a respeitar a natureza e a vida. Hoje, ao trabalhar na Umbanda, Membira M'Boi atende pelo nome de Caboclo Cobra Amarela; ele trabalha para as Mães d'Água e para Oxumaré.

Urubatão da Guia


Salve o Cacique Guerreiro!

Esse índio viveu e comandou uma das Tribos Sioux, em Dakota do Norte, nos Estados Unidos, no século XVII. Os Sioux ou Lakotas eram excelentes caçadores, coletores e guerreiros. Suas táticas de luta eram temidas pelos inimigos. Durante a colonização pelo homem branco, resistiram o quanto puderam na conquista de seus territórios.
Seu nome era Tatanka Eitanka (que quer dizer "Grande Búfalo" na língua indígena), ele foi o tataravô de Tatanka Yotanka ("Búfalo Sentado"). Tatanka prevenia seu povo sobre a chegada de um homem de pele clara, que devastaria as riquezas das terras e dominaria seu povo. Isso aconteceu quase dois séculos depois, quando um dos maiores genocídios indígenas da história manchou de sangue o território americano.
Esse nobre e corajoso guerreiro ensinou seu povo a lutar, a resisitir e a crescer. Seus costumes eram respeitados pelas tribos vizinhas. Tatanka Eitanka morreu uma morte natural, mas seu espírito ficou no solo americano para ver suas profecias se concretizarem. Quando muitos índios quedaram ao chão no maior massacre americano, Tatanka estava lá para recolhê-los e levá-los consigo ao Reino do Grande Espírito.
Ele tornou-se um guia para os espíritos desencarnados. Os índios diziam que ele parecia o urubá (Marantácea - Maranta uruba), a planta que mais crescia nas florestas e era muito usada para forrar o chão antes de se deitar. Mas, outros índios, diziam que ele parecia a ubatã (Anacardiácea - Gonçalo-Alves), uma árvore dura e resistente, da qual se fabricavam canoas. Outros diziam que ele era como o urubá, mas resisitente como a ubatã. Então, diziam Urubá Ubatã é nosso Guia! Assim, sua lenda cresceu e sua história ficou perdida no tempo. Urubá Ubatã da Guia é hoje Urubatão da Guia, servo fiel de nosso amado Pai Oxalá.

Caboclo Arariboia


Um Comanche amigo dos animais!

Essa é a história de um nativo americano que nasceu na região onde hoje se localiza o estado de Oklahoma, na Tribo dos Comanches. Desde cedo perceberam que ele possuía o dom para falar com os animais e para entender a linguagem da natureza, por isso lhe deram o nome de Índio Andante, pois perceberam que ele era uma criança bastante inquieta e esperta.
Os comanches eram um povo originário dos Astecas e falavam a língua derivada desse povo. Sabiam domesticar cavalos e isso os fez crescer e conquistar outros territórios. Eram exímios coletores e caçadores. E aprendiam rapidamente outros costumes. Por isso, quando o homem branco chegou ao seu território, os Comanches tentaram uma convivência. Mas, a guerra e a ganância impediram o convívio das raças.
Índio Andante não ficou em sua tribo quando os homens começaram a alterar sua cultura. Preferiu andar pelas terras e verificar com seus próprios olhos a transformação que estava acontecendo. Andou por diversos territórios ao sul dos Estados Unidos, pela América Central e parte da América do Sul. Ao chegar à região da Amazônia, já havia conhecido diversas raças e muitas coisas diferentes. Sobreviveu devido ao seu dom de comunicação com os animais e por saber ler os sinais da natureza.
Esse índio comanche se tornou um cidadão do mundo e morreu na região onde hoje é o estado do Pará, aos sessenta anos de idade de causas naturais, cercado por seus amigos animais, pela natureza exuberante e feliz por ter vivido uma vida diferente e cheia de aventuras! Hoje, Índio Andante trabalha na Linha de Oxóssi, sob o comando e nome do Caboclo Arariboia e sente-se satisfeito por compartilhar com seus filhos os conhecimento sobre a natureza, o amor à vida e aos animais.

Caboclo Ventania


"Aquele que corre como o vento!"

O Caboclo que nos contou essa história viveu no sul do Brasil, entre os anos de 1623 e 1700 em uma das Aldeias dos Sete Povos das Missões. As vilas que foram construídas pelos jesuítas espanhóis tinham a intenção de catequizar os índios. A disputa entre os portugueses e os espanhóis pelo sul das Américas dizimou muitos índios. E depois, muitos bandeirantes paulistas, infiltraram-se nas terras gaúchas buscando suas riquezas e expulsando índios e jesuítas.
Esse índio guarani possuía a habilidade de se locomover com destreza entre as planícies geladas do sul e podia ir rapidamente de uma vila a outra. Os jesuítas lhe davam a missão de levar mensagens e conduzir em segurança aqueles que trabalhavam nas vilas. Ele era um excelente coletor, caçador e condutor e, por isso lhe chamavam: APUAMA (aquele que não para em casa; aquele que é veloz). Ele dedicou sua vida a servir seus irmãos e após sua morte tornou-se mais um trabalhador do Reino da Jurema, passando a atuar nas Linhas de Iansã e Ogun, sob a égide do nome "Ventania"!

Os Caboclos de Ogun


Ogun na Umbanda é festejado em 23 de abril, dia de São Jorge Guerreiro, santo com o qual é sincretizado. Na Bahia seu sincretismo muda para Santo Antônio, comemorado em 13 de junho. Ogun é o grande estandarte da Umbanda, é o defensor dos terreiros e dos filhos de fé. Ele é o grande soldado de Oxalá! Ogun representa a força do soldado disciplinado que atua em batalha e luta para defender seu reino. Todo caboclo de Ogun já foi, em outrora, um combatente e, por isso, conhece as estratégias e as artimanhas de um campo de guerrilhas. Assim, um Caboclo de Ogun poderia ser chamado de "Cavaleiro de Ogun".
Toda entidade possui uma vibração, uma Linha de atuação e uma forma de apresentação. Uma entidade que atua na vibração do Orixá Ogun, quando se apresenta no terreiro possui determinados aspectos inconfundíveis, como a postura do corpo e a entonação da voz. E, como toda Linha trabalha em mais de uma vibração, temos assim o Cavaleiro de Ogun ou Caboclo de Ogun, com seu nome e título (ou atuação). Por exemplo:
- Ogun na própria Linha de Ogun pode apresentar-se com o nome de: Ogun Guerreiro, Ogun Sete Espadas, Ogun Sete Lanças, Ogun Sete Bandeiras, etc.
- Ogun vibrando na Linha de Oxalá, se apresenta com o nome de: Ogun Onirê, Ogun Matinata, Ogun Sete Estrelas, Ogun Estrela Dourada, Ogun , etc.
- Ogun na Linha das Águas apresenta-se como: Ogun Beira-Mar, Ogun Iara, Ogun Sete Ondas, Ogun Sete Marés, Ogun Sete Cachoeiras, Ogun Sete Conchas,  Ogun Sete Luas, etc.
- Ogun na Linha de Yansã pode ser: Ogun Ventania, Ogun Onira, Ogun Sete Raios, etc.
- Ogun na Linha de Xangô pode atuar como: Ogun Sete Pedreiras, Ogun Dilê, Ogun de Malê, Ogun Justiceiro, Ogun de Nagô, etc.
- Ogun na Linha de Oxóssi: Ogun Rompe-Mato, Ogun Sete Flechas, Ogun Sete Penas, Ogun Sete Folhas, Ogun da Flecha Dourada, Ogun Capangueiro, etc.
- Ogun atuando na Linha de Obaluaiê: Ogun do Cruzeiro,  Ogun Megê, Ogun das Almas, Ogun da Calunga Menor, Ogun da Porteira Sagrada, etc.
- Ogun com Exu: Ogun Sete Estradas, Ogun Xoroquê, Ogun de Ronda, Ogun Naruê, entre outros.
Também existem as Caboclas que atuam na Linha de Ogun. São elas: Jupiara, Jupiá, Jacy, Jussara, Cabocla Guerreira, Cabocla Moema, Cabocla Maria Quitéria* (não confundir com a Pombagira), etc.

* Maria Quitéria de Jesus, foi uma heroína da Guerra da Independência: http://www.brasil.gov.br/secoes/mulher/elas-fazem-a-diferenca/maria-quiteria
 
"Ogun, em seu cavalo corre, com sua espada de luz...
Ogun, Ogun Iara, sua bandeira cobre os filhos de Jesus!"

Caboclo Pedra de Fogo


Um Caboclo de Xangô Aganju...

Sua história nos foi contada por ele mesmo:
"Eu nasci e vivi em uma Aldeia na Ilha dos Maoris, próximo ao Vulcão Maior. Hoje tudo isso recebeu outro nome e transformou-se em cidade. A cultura é outra e nosso povo está quase extinto. Nós iniciamos o Culto aos Ancestrais através das Tatuagens no corpo, onde utilizávamos o martelo de madeira, uma agulha de osso e a brasa do fogo (ou a pedra de fogo, como chamávamos). Eu era o Chefe de uma dessas tribos e sentia orgulho de nossa raça, de nossa crença e de nossa natureza. Vivíamos em perfeita comunhão com tudo o que nos cercava. A Mãe Terra era benéfica e amorosa com nossos filhos, pois nada nos faltava. Contávamos os dias e o tempo, pelo sol, pela lua e pelas estrelas. Tudo ia bem até a chegada de um conquistador branco, que se tornou famoso para vocês. A história dele é contada em livros e estudada nas escolas... Mas ninguém conta o que nós passamos e o que nós vivemos nesses dias.
Nossa terra até hoje é considerada um Paraíso, então, "imaginem vocês", naquela época! Era o Jardim do Éden - como dizem na Bíblia. Éramos muito felizes e abençoados! Vivíamos em perfeita paz e harmonia. Todas as aldeais e povos se entendiam e não haviam guerras em nossa ilha. Fazíamos oferendas à Deusa Mãe Papatuanuku (nossa Natureza, nossa Terra) e ao Deus Pai Ranginui (Senhor dos Céus).  Cuidávamos de apaziguar Hiro (o Deus do Fogo, que habitava o interior da Terra), pois ele cobrava suas almas após a morte; então, cremávamos os corpos. Todos os Filhos e Filhas dos Deuses eram sagrados para nós tudo e respeitávamos seus avisos. Na natureza tudo era vivo e possuía Mana (Alma).
Com a chegada dos Conquistadores, houveram muitas guerras e muitas tribos mudaram de lado, por medo. Assim, os Paheka se distanciaram de nós, os Maoris. E as disputas foram inúmeras. Não aceitamos pacificamente a colonização e lutamos muito para não entregar nosso povo, nossa cultura e nossa natureza. Eu lutei o quanto pude para manter meu povo unido e para manter nossa crença protegida. Foram anos difíceis aqueles e estávamos sempre alertas. Eu sabia que meu tempo na Terra estava terminando, pois eu sentia o chamado de Rangi e Papa (nossos deuses). Quando a minha hora chegou, aconselhei meu filho a assumir a liderança e a manter nossa tribo unida. Pedi que cumprissem todo o ritual, pois eu queria descansar em paz e não queria perturbar Hiro. E assim fizeram...
Hoje trabalho no Plano Espiritual, com tudo aquilo que aprendi e convivi nessa minha última encarnação como Chefe Maori. Procuro passar ao meus filhos três conceitos básicos: o respeito à Natureza; o respeito ao próximo; e o respeito por si mesmo. Nós somos Templos Sagrados do Divino e precisamos cuidar de nosso templo; assim, como tudo o que nos envolve é um templo sagrado habitado por Mana. Devemos honrar e respeitar nossos Ancestrais e os mais velhos que nós, pois é deles que vêm a verdadeira sabedoria. Somos todos irmãos e iguais, feitos do mesmo material estelar e nossa luz só pode aumentar se preservarmos nossa essência primordial. Eu sou o Caboclo Pedra de Fogo, aquele que trabalha em equilíbrio com as Leis Naturais!"

Caboclo Arranca Toco


O Filho do Trovão!

Esse índio da Tribo dos Peles Vermelhas da Amazônia, os Bororos, nasceu em 1625, no meio da Mata Virgem. E, desde pequeno, sua história começou a ser escrita diferente dos demais. Ele sempre foi o mais alto e o mais forte de sua tribo. Ele crescia muito rápido e adquiria fortes músculos. Gostava de arrancar tubérculos com sua mãe e de retirar todos os tocos de árvores que encontrasse pelo caminho. Os índios sempre comentavam: "Ele é mesmo o Filho do Trovão!" E, quando ele chegava, carregado de raízes, diziam: "O Arranca-toco arrancou todos os tocos do caminho!"
Nas disputas corpo a corpo entre os índios guerreiros da tribo, ele era sempre o mais forte! E muitos temiam enfrentá-lo, pois sabiam que sairiam perdedores. Quando ele saía pela floresta para caçar, sempre trazia um javali sobre um dos ombros e um jacaré sobre o outro. Seus pais tinham muito orgulho de ter um filho tão forte! O cacique logo o nomeou o guerreiro sagrado da tribo, aquele responsável por todas as batalhas e comandante em qualquer ataque.
A índia que lhe foi prometida temia pelo seu tamanho, mas ele ajudava com delicadeza as índias de sua aldeia e era admirado por elas. Mas, ele não casou... Com idade jovem ainda foi encontrado morto nas matas sem causa ou explicação, sentado abaixo da árvore mais alta. O pajé disse que Tupã o levou de volta aos céus onde era sua morada, pois ele não pertencia ao Povo da Terra.

Caboclo Chefe das Matas


Um Encantado da Jurema!

A história desse Cacique é bastante singular, pois tornou-se uma Lenda, contada entre os índios, de geração em geração. Esse caboclo nasceu na mata Atlântica, antes da colonização dessas terras pelo homem branco. Sua tribo constituía uma aldeia numerosa, com mais de dois mil índios. Suas ocas não eram construídas no chão; eles viviam em casas elevadas e sabiam dormir nas árvores. Alimentavam-se de frutos, animais selvagens e peixes. Eram exímios caçadores e coletores. Sabiam encontrar o alimento. Locomoviam-se na mata com destreza e sagacidade. A aldeia era defendida pelos guerreiros da tribo com grande habilidade. As mulheres e crianças ficavam protegidos e trabalhavam na confecção de objetos ornamentais, de utensílios de barro e no preparo da comida.
Sua história tornou-se Lenda da seguinte maneira: ele estava sentado em sua oca, fumando seu cachimbo de ervas, quando ouviu gritos distantes na mata. Dois guerreiros já haviam desaparecido buscando o que causava esses gritos. Ele resolveu verificar por conta própria e embrenhou-se na mata densa. Voltou no mesmo dia horas depois e nada encontrou de diferente. Na manhã seguinte resolveu verificar novamente. Era costume na tribo o Chefe nunca sair desacompanhado, mas ele pediu que ninguém o acompanhasse e saiu... Voltou da mesma forma, horas depois... No terceiro dia, fez a mesma coisa e desapareceu por 7 dias. Os índios ficaram preocupados, acharam que ele havia morrido e começaram a se lamentar. No oitavo dia, o Cacique retornou, vestindo um cocar enorme na cabeça e portando vestes luminosas. Conversou com todos, instruiu os conselheiros da tribo, abraçou os indiozinhos e apaziguou as mulheres. Falou que essa terra um dia seria tomada, por homens de uma aldeia distante, diferentes no falar, no andar e no vestir. Pediu a todos que seguissem com suas rotinas, pois ainda estava tudo bem, não era hora disso tudo acontecer. Depois indicou um amigo mais jovem como Cacique. Os índios estranharam, pois um novo cacique só era escolhido com a morte do cacique mais velho. Passou para as mãos do novo cacique uma lança e um cinto de penas. Depois desapareceuperante os olhos incrédulos de todos.
A partir desse dia, todas as vezes que a coruja cantava, podiam ver um clarão nas matas e ouvir um assovio. Em seguida, por um breve momento, alguém na tribo avistava o Cacique "Chefe das Matas". Assim, passaram a contar essa história de geração em geração. Após meio século, chegou um aviso de uma aldeia vizinha, que homens diferentes chegaram de terras distantes e eles se lembraram as palavras do cacique. A partir desse momento iniciou-se outra história... Nos momentos de maior perigo ou dificuldade podiam ver o Cacique "Chefe das Matas" os observando e os aconselhando. E assim, sua lenda cresceu!