sábado, 30 de maio de 2015

BAIANA MARIA OLINDINA DA LUZ

A baiana chegou da Bahia…
Rosalva caminhava com dificuldade equilibrando os baldes com água que trazia, um sobre a cabeça e mais um em cada mão. Essa era sua tarefa de todas as manhãs, seguia até a cacimba que ficava a cinco quilômetros de seu pequeno povoado, enchia os três baldes que serviriam para as tarefas diárias de sua família e voltava cantarolando pelos caminhos secos e arenosos do sertão nordestino. Normalmente ia e voltava com outras pessoas que faziam o mesmo percurso, mas hoje, tinha pressa, era dia de procissão na igreja de São João e ela não queria perder tempo, despediu-se dos acompanhantes e partiu com pressa. Na flor de seus dezesseis anos, sonhava encontrar alguém para casar e nada melhor que a quermesse da paróquia. Ia fazendo planos de namoro e casamento com alguém que encontraria logo mais a noite. De repente dois homens pularam em sua frente. Seu coração disparou. Eram cangaceiros. Conhecia as histórias que se contavam a respeito deles e sabia que teria de fugir imediatamente, jogou os baldes e precipitou-se em uma corrida desesperada. A perseguição foi difícil, a menina corria muito, mas os homens conseguiram enfim alcança-la. As lágrimas e pedidos de clemência foram inúteis. Rosalva foi impiedosamente deflorada por ambos. Jogada no chão tentando cobrir a nudez com os restos do vestido rasgado, encarou seus algozes que riam satisfeitos: – Vou com vocês! – falava sério, com o olhar vidrado de ódio – O que mais me resta depois do que me fizeram? Os homens entreolharam-se surpresos: – O que tá dizeno menina? – Quero seguir seu bando, não posso mais casar, estou perdida! Vou com vocês. Assim Rosalva entrou para a vida errante do cangaço. Durante vários anos fez parte do grupo que perambulava pelas cidades fazendo assaltos que garantiam a sobrevivência do grupo. Não aprovava as mortes espalhadas pelo bando e por isso nunca usara nenhuma arma, fazia apenas o “apanhamento” que era como eles chamavam o furto praticado depois de algumas chacinas. Foi em um desses ataques que tudo se precipitou. Um pequeno sitio foi invadido por eles e dois homens foram mortos. Rosalva recebeu a ordem de fazer o apanhamento, como de hábito. Ao entrar no quarto para exercer sua tarefa encontrou uma mulher, grávida, totalmente descontrolada que empunhava uma grande faca e partiu para cima dela. A lâmina provocou um corte profundo em seu braço fazendo com que gritasse de dor. Roxinho que estava em outro cômodo correu para lá a tempo de chutar a mão da mulher, o que fez com que a faca voasse por sobre a cama e a mulher em desequilíbrio fosse ao chão. O cangaceiro ao perceber a avançada gestação, entregou sua garrucha para Rosalva: – Mate a vagabunda, fiz promessa de não matar prenha! Ela olhou pra o companheiro espantada. – Não posso, nunca matei ninguém! – Sempre tem primeira vez, mate logo. Essa franga te cortou! Ela sabia que as ordens de Roxinho não deviam nunca ser desobedecidas. Empunhou a arma e apontou para a cabeça da mulher. Esta, acuada e pronta para a morte, olhou com ódio para ela: – Mate infeliz e leve para o inferno o pecado de ter matado dois! Rosalva, trêmula, engatilhou. Em uma fração de segundos levou o cano para a própria fronte e disparou. Acabava aí a história de uma mulher que nunca conseguiu ser feliz.
Hoje, nossa companheira de todas as horas traz na terra o nome de Maria Olindina, na linha dos baianos é só sorriso e alegria, deixou para trás a vivência sofrida em terras nordestinas para ser nossa mãe, amiga e confidente para todas as horas.
Sarava Dona Maria Olindina da Luz

quinta-feira, 28 de maio de 2015

CIGANA LETICIA

 Cigana Letícia, é que se trata de uma Entidade muito alegre e positiva. Gosta das pessoas sinceras e honestas. Trabalha com punhais dourados, pedras coloridas, baralho e essências. Não tolera desrespeito, pois quando isso acontece, torna-se agressiva.
Sempre com um sorriso nos lábios, faz da sua experiencia de vida, um caminho para auxiliar seus consulentes.
Foi uma Cigana muito rica, por conta de uma herança deixada por seu pai (que não era cigano). Pois sua mãe foi excluída do Bando quando  engravidou. Sem destino, sua mãe, passou a vender o pouco que conseguira levar quando expulsa do Bando. Daí em diante, trabalhou em várias casas em troca de comida e dormida. Seu pai antes de morrer, deixou um testamento, onde garantia a Letícia metade de todos os seus bens. Nessa época Letícia tinha por volta de 14 anos, e foi sua mãe quem administrou tudo até sua maior idade. Aos 17 anos Letícia fica órfã e seu padastro rouba-lhe tudo, fugindo para destino desconhecido. Compadecidos com o triste destino da menina, um casal de empregados, oferece-lhe moradia. Letícia então passa a viver com eles. E juntos passam a trabalhar em garimpo. Numa madrugada de lua cheia, Letícia sonha com seu pai que lhe pede para ir ao garimpo, levando sua peneira e garimpe num aluvião próximo ao pé de um tamarindeiro (sua fruta preferida). Para sua surpresa, após algumas garimpadas, eis que Letícia se depara com duas lindas pepitas de ouro. Muito esperta e sagaz, sabe fazer essa pepeitas lhe renderem um ótimo lucro. Deste lucro, Letícia passa a negociar com os garimpeiros e torna-se uma grande comerciante de ouro. Seu nome foi lenda por muitos e muitos anos.
Uma boa oferenda pra Letícia do Ouro, para se ter prosperidade é o seguinte: Embaixo de uma árvore frondosa (se for tamarineiro, melhor ainda) estenda um pano dourado, escreva em um papel branco o nome PROSPERIDADE, sete vezes, com caneta azul. Cubra tudo com folhas de hortelã e pulverise com açúcar cristal. Por cima, ponha um espelho redondo, neste espelho, pingue algumas gotas do seu perfume (o que você usa diariamente ou o que mais gosta). Prepare um buquê com flores 'sempre-vivas', margaridas e rosas ou flores amarelas. Faça um laço bem bonita com fita azul acetinada. Em volta despeje licor de tamarindo ou de pêssego (um copo é o bastante).Reze um pai nosso e ofereça a Cigana Letícia. Não é necessário acender velas. O restante do licor deixe na garrafa e leve para sua casa, e todas as quintas-feiras ou domingos, coloque um pouco desse licor em um cálice de vidro, com seu nome escrito em um pedaço de papel e na frente a palavra PROSPERIDADE. Ex: Eni ... PROSPERIDADE. Acenda uma vela amarela e outra azul, reze um pai nosso e ofereça para seu Anjo da Guarda.

VOVÓ MARIA DO ROSARIO



a Vovó Maria do Rosário é uma Preta-Velha que foi muito importante na luta dos negros pela libertação. Como escrava doméstica, desempenhava a função de cozinheira, e foi exatamente através de suas receitas que conquistou a confiança de seus 'senhores', o que dava a ela livre acesso aos encontros que faziam em suas casas. Sempre dava um jeito de ouvir o que estava sendo discutido e, aquilo que dizia respeito aos interesses dos escravos, ela dava um jeito de chegar aos ouvidos dos líderes negros.
É uma entidade que protege a família , trabalhando para sua harmonia. Seus médiuns devem sempre pedir-lhe orientação, quando se virem em conflitos familiares. Pois esta Vovó, sabe como poucos, orientar e resolver pendengas familiares.
É uma preta-velha que gosta muito de dar bons conselhos. Sua reza é sempre de grande valia.
Sua guia geralmente é feita de lágrimas de Nossa Senhora, com olho de boi, semente de noz moscada, fava divina e um crucifixo de arruda ou guiné. Usa no punho direito, um rosário. Gosta de ter junto ao seu banquinho, folhas de ervas aromáticas, como: alecrim, manjericão, arruda, erva cidreira etc.
Em suas oferendas costumamos servir: cuscuz, cocada branca (caseira), bolo de aipim. Ela aprecia muito a roupa-velha (prato feito com carne-seca desfiada, refogada na cebola, tomate, pimentão verde e salsinha). Usa-se no preparo da roupa-velha o óleo de soja ou banha de porco. Serve-se com farinha branca e um pedaço de pão amanhecido.
Gosta de receber flores do campo. Tendo uma predileção pelas margaridas.
Paz e luz!

VOVÓ MARIA CONGA

Sentada em um toco de madeira no terreiro contou, certa vez, alguns fatos de sua vida terrena. Começou dizendo que só o fato de podermos conviver com nossos filhos é uma grande dádiva. Naquele tempo as negras eram destinadas, entre outras coisas, a procriar, a gerar filhos que delas eram afastados muito cedo, até mesmo antes de serem desmamados. Outras negras alimentavam sua cria, assim como tantos outros “filhotes” foram alimentados pela Mãe Conga. Quase todas as mulheres escravas se transformavam em mães; cuidavam das crianças que chegavam à fazenda, rezando para que seus próprios filhos também encontrassem alento aonde quer que estivessem.
Os orixás africanos, desempenhavam papel fundamental nesta época. Diferentes nações africanas que antes guerreavam, foram obrigadas a se unir na defesa da raça e todos os orixás passaram a trabalhar para todo o povo negro. As mães tomavam conhecimento do destino de seus filhos através das mensagens dos orixás. Eram eles que pediam oferendas em momentos difíceis e era a eles que todos recorriam para afastar a dor. Maria Conga teve que se utilizar de algumas “mirongas” para deixar de ser uma reprodutora, e assim, pelo fato de ainda ser uma mulher forte, restou-lhe a plantação de cana. A colheita era sempre motivo para muito trabalho e uma espécie de algazarra contagiava o lugar.  Enquanto as mulheres cortavam a cana, as crianças, em total rebuliço, arrumavam os fardos para que os homens os carregassem até o local indicado pelo feitor.Foi numa dessas ocasiões que Maria Conga soube que um dos seus filhos, afastado dela quando já sabia andar e falar, era homem forte, trabalhando numa fazenda próxima.
Seu coração transbordou de alegria e nada poderia dissuadi-la da idéia de revê-lo. Passou então a escapar da fazenda, correndo de sol a sol, para admirar a beleza daquele forte negro. Nas primeiras vezes não teve meios de falar com ele, mas os orixás ouviram suas súplicas e não tardou para que os dois pudessem se abraçar e derramar as lágrimas por tanto tempo contidas.  Parecia a ela que eles nunca tinham se afastado, pois o amor os mantivera unidos por todo o tempo. Certa tarde, quase chegando na senzala, a negra foi descoberta. Apanhou bastante,mas não deixou de escapar novamente para reencontrar seu filho. Mais uma vez os brancos a pegaram na fuga, e como ela ainda insistisse uma terceira vez resolveram encerrar a questão: queimaram sua perna direita, um pouco acima da canela, para que ela não mais pudesse correr. Impossibilitada de ver o filho, com menor capacidade de trabalho, a Vó Maria Conga passou a cuidar das crianças negras e de seus doentes. Seu coração se encheu de tristeza ao saber que haviam matado seu filho quando tentava fugir para vê-la.Sua vida mudou, de alegre e tagarela passou a ser muito séria, cuidando do que falava até mesmo com os outros negros. Para as crianças contava histórias de reis negros em terras negras, onde não havia outro senhor. Sábia, experiente e calada, Vovó Maria Conga desencarnou. Com lágrimas na alma ela acabou seu conto. Disse que só entendeu a medida do amor após a sua morte. Seu filho a esperava sorrindo, guardião que fora da mãe o tempo todo em que aguardava seu retorno ao mundo dos espíritos.

PAI JOAQUIM DE ANGOLA

Pai Joaquim ,como muitos Pretos Velhos, foi trazido ao Brasil na época da escravidão, era um simples morador de uma aldeia na Angola, quando houve a invasão portuguesa. Os portugueses escravizaram diversos negros que apresentavam um bom estado de saúde para que servissem de escravo do outro lado do Oceano. Os portugueses escravizaram diversos negros que apresentavam um bom estado de saúde para que servissem de escravo do outro lado do Oceano. Um de seus filhos gerou um filho com o nome de Tomáz, seu neto, hoje uma entidade conhecida na Umbanda que apresenta-se com o nome de Pai Tomáz.  Quando Pai Joaquim chegou ao Brasil trabalhou pelo resto da vida em uma fazenda de cana e café na região de Minas Gerais. Durante sua vida na fazenda começou a ser chamado de Pai Joaquim pois era o curandeiro da tribo que se formou. Sempre tinha uma maneira de aliviar o sofrimento físico de seus irmãos através do uso de plantas, desenvolvendo chás,ungüentos e emplastos. Era muito hábil em animar seus irmãos com mensagens de carinho e esperança, sempre tinha uma lição para ensinar. Seus feitos milagrosos com seus irmãos chamaram a atenção dos senhores das fazendas que começaram a levar seus entes para serem tratados por Pai Joaquim.  Ele amorosamente os tratava da melhor maneira possível, a notícia de seus feitos estava disseminando entre as comunidades mais próximas , o que o afamou como curandeiro e, para algumas pessoas da época, simplesmente bruxo, conhecedor das magias dos negros e , nesta época,totalmente condenável pela igreja.  Certo dia, uma criança, filha de um dos senhores, foi levada até Pai Joaquim para que fosse tratada de sua enfermidade, ela apresentava sérios problemas de saúde, no início do tratamento, Pai Joaquim já sabia que ela lhe foi levada tarde demais e que seria quase impossível devolver-lhe a saúde tão esperada. O senhor, pai da criança, disse que se Pai Joaquim não curasse de tal enfermidade, ele mesmo trataria de ordenar sua morte e que esta se daria com muito sofrimento. Pai Joaquim, com todo seu conhecimento não pôde restaurar-lhe a saúde e a criança acabou desencarnando. Após a dor da perda, o senhor imediatamente ordenou que o velho Joaquim fosse açoitado até a morte, para que dessa maneira todos os outros aprendessem com quem estavam lidando e que lhe adiantavam quaisquer outros meios de cura se não fosse pela tradicional. Os senhores das fazendas não tolerariam mais os atos de curandeiros, nem negros que detivessem o poder de manipular as magias que só eles conheciam. Pai Joaquim foi açoitado por um dia inteiro, sem direito à qualquer alimento ou sequer um pouco de água.  Pai Joaquim deixou o plano terreno ao entardecer, quando a luz do sol já não lhe aquecia mais o corpo. A criança cuja, enfermidade não foi possível curar hoje acompanha esse querido preto Velho em todos os trabalhos em que participa. Ela somente incorpora em médiuns que apresentam grande afinidade vibratória com Pai Joaquim e que estejam muito equilibrados durante o trabalho, sua incorporação só é necessária quando determinada pelo Pai Joaquim.

PAI BENEDITO DE GUINE

eu nome foi José Benedito, nasceu na Guiné na Oceania, mas foi levado para a África por negreiros. Um dia, quando ainda era criança, perdeu-se de sua aldeia, e foi encontrado por um velho aborígine, que antes de levá-lo para o seu povoado ficou com ele por um período de 3 meses, nos quais o aborígine procurou ensinar suas crenças a ele. Mas José Benedito já possuía suas crenças, por isso não acreditou muito no que o aborígine lhe falou. Ao voltar para sua aldeia, ele deparou com vários negreiros, que o levaram juntamente com seu pai para o mercado da África. Dentro do navio ele era um dos mais jovens, contava com 10 anos. O navio, que comportava 700 pessoas, tinha mais de 1500, onde todos faziam suas necessidades fisiológicas ali mesmo, onde estavam presos. Isto ocasionava muitas doenças, além das transmitidas por ratos. Durante a viagem muitos foram morrendo, e os que estavam feridos, os negreiros jogavam água com sal sobre as feridas. Durante a noite jogavam água com sal aonde os negros ficavam, por acharem que isso desinfetava o local, e de dia abriam as portinholas para que a luz do sol entrasse, os negreiros queriam evitar as mortes, pois isso lhes causava prejuízos, seu pai contraiu uma virose e veio a falecer, sendo seu corpo jogado ao mar. Logo após a morte de seu pai, veio-lhe a primeira provação de fé. Sentia-se mal e sabia que tinha adquirido alguma doença, por causa da lavagem que lhes serviam. Surgiu-lhe então, a imagem do aborígine. Era tão real que ele chegou a ter certeza de que não era sonho, pois falava com ele. Este lhe disse para parar de beber a água e de comer a lavagem que lhes davam ao invés, ele deveria pegar a alfafa já quase apodrecida que estava forrando o chão, e lavá-la com a água do mar que jogavam lá dentro todos os dias e assim ele fez. Após uma viagem de mais de 40 dias, ele finalmente chegou no continente africano, e lá ficou por 6 anos ater ser levado ao Brasil.  Em terras africanas conheceu foi um angolano chamado Zimzumba, que era curandeiro e feiticeiro da nação nagô. Zimzumba ensinou-lhe sua magia e a ler , e disse-lhe em uma de suas visões de que nada lhe adiantaria fugir, porque seria escravo por toda a sua vida, que iria ensinar a muitos negros como ser forte e lutar por seus ideais, e que viria a não mais escutar a voz das pessoas.A princípio não entendeu, mas acreditou, lembrando-se de como o aborígine havia lhe ajudado. Após esse período de 6 anos foi levado ao Brasil Colônia, em uma viagem de mais de 30 dias. Aportou em Parati e foi vendido em um leilão ao Sr. Patrocínio e à Sra. Joaquina, que moravam em uma fazenda no interior de São Paulo. Lá chegando conheceu o único amor de sua vida, Maria Benedita, que hoje trabalha na linha da Vovó Conga.  Passou-se vários anos, e ele, insatisfeito com a vida que levava, viu novamente, em uma noite de lua cheia, o aborígine. Este pediu-lhe que entrasse em contato com a cultura daquele país. Fazendo isso, teve o primeiro contato com o que seriam os Orixás. Longe de suas crenças, e já crendo no aborígine, começou a se aprofundar nesse culto afro-brasileiro, onde acabou por casar-se com Maria Benedita, sendo ela mucama da casa grande, pois sabia ler e escrever, conseguiu junto a seus donos que ele fosse trabalhar lá. Importante notar que seus donos gostavam muito de ambos, mas sendo ele um tanto bisbilhoteiro, acabou descobrindo uma tramóia contra o Sr. Patrocínio, movida por seus filhos para tomarem posse das terras; um deles, ao descobrir que José Benedito havia descoberto tudo, mandou-o de volta para a senzala, e ordenou que lhe furassem os dois ouvidos. Foi aí que começou a sua caminhada de fé, começou a acreditar de verdade na força espiritual dos Orixás, e passou a freqüentar mais os cultos; nesse período conheceu quem seria seu maior carrasco.  Como castigo por ter tentado avisar o Sr. Patrocínio, ele facilitou minha fuga para então me matar, mas durante a fuga surgiu uma luz forte que cegou a ele e ao capitão-do-mato, não conseguindo ele seu intento. Levou-me então de volta e permaneci vários dias no tronco, sendo chicoteado diariamente, mas algo me fazia ter forças para viver, e sabia que alguém cuidava dele. Quando Maria Benedita veio lhe dar água, disse-lhe que estava grávida, após alguns meses nascia José Benedito de Angola, seu único filho; não satisfeito, o filho do Sr. José Patrocínio vendeu Maria Benedita, desagradando a Sra. Joaquina  Seu filho ficou sendo cuidado por uma outra escrava. José Benedito revoltou-se sendo novamente amarrado ao tronco. Surgiu então diante dele a figura de uma mulher, dizendo-lhe que iria conseguir trazer Maria Benedita de volta, e de que nada adiantaria ele pegar a criança e fugir, que sua missão era ali. Ela falou-me que sairia dali e traria Maria Benedita, e voltaria ao tronco por mais alguns dias. Duvidou, mas o aborígine apareceu-lhe e disse-lhe para acreditar, pois já havia tido muitas provas. Surgiu diante dele um homem em um cavalo branco e em seguida ele adormeceu; quando acordou Maria Benedita estava de volta à fazenda, o capitão-do-mato passou a temê-lo, chamando-o de feiticeiro, passou então a seguir o culto dos negros de longe, e maltratando-os menos. Passaram-se anos. Maria Benedita desencarnou antes dele, e seu filho morreu de uma doença desconhecida. José Benedito passou todos os seus conhecimentos para as gerações seguintes. Quando desencarnou encontrou-se com o aborígine, que era seu Mentor Espiritual. Uma de suas missões era fazer com que alguém que tivesse feito muito mal às pessoas, acreditasse que poderia trabalhar no astral, ajudando a muitos. Essa pessoa foi o capitão-do-mato, que após desencarnar foi ser doutrinado por Pai Benedito.

VOVÓ CATARINA

“Era noite. Naquele tempo não tínhamos as luzes da civilização. O gemido do negro no poste do martírio fazia com que todos temêssemos por nossas vidas. Ninguém estava seguro. Sinhazinha era temida por toda a negrada, e muitas e muitas noites nós passamos ao relento, sem ao menos ter a chance de dormir dentro das senzalas. Era o nosso castigo por sermos negros. Quitéria era uma negra muito bonita e por causa dela todos nós sofríamos. Nas noites triste das senzalas, ouvia-se o som dos nossos tambores. Os tambores de Angola, nossa terra, que talvez nunca mais veríamos. Ah! como era duro ser negro naqueles dias. Nosso destino era servir. Servir até a morte. Os tambores tocavam o ritmo cadenciado dos Orixás, e nos dançávamos. Dançávamos todos em volta da fogueira improvisada ou a luz de tochas ou velas de cera que fazíamos. A comida era pouca, mas para passar a fome nós dançávamos a dança dos Orixás. E assim, ao som dos tambores nosso povo, nos divertíamos, para não morrer de tristeza e sofrimento. Eu era chamada de feiticeira, mas eu não era feiticeira não, era curandeira , entendia de ervas com as quais fazia remédios para o meu povo, e de parto; eu era a parteira do povo de Angola, que estava errante naquela terra de meu Deus. Até que Sinhazinha me tirou do meu povo. Ela não queria que eu usasse meus conhecimentos para curar os negros, somente os brancos; afinal, dizia ela?”- Negro tinha que trabalhar até morrer, depois, era só substituir por outro. Mas Dona Moça, não pensava assim. Ela gostava de mim, e eu, dela. Fui jogada num canto, separada dos outros escravos, e todas as noites eu chorava ao saber que meu povo sofria e eu não podia fazer nada para ajudar de dia eu descascava coco e moía café no pilão, a noite eu cantava sozinha. Solitária, ouvia o cantar triste de meu povo, de longe. Ouvia lamento dos negros de Angola, pedindo a Oxalá a liberdade, que só depois nós entendemos o que era. E os tambores tocavam o seu lamento triste, o seu toque cadenciado, enquanto respondia de meu cativeiro com as rezas dos meus Orixás, a liberdade, que era cantada por todos do cativeiro, só mais tarde é que nós a compreendemos, a liberdade era de dentro, e não de fora.  Aqueles eram dias difíceis, e nós aprendemos com os cânticos de Oxóssi e as armas de Ogum o que era se humilhar, sofre e servir, até que nosso espírito estivesse acostumado tanto ao sofrimento e a servir sem discutir, sem nada obter em troca, que, a um simples sinal de dor ou qualquer necessidade, nós estávamos ali, prontos para servir, preparados para trabalhar. E nosso Pai Oxalá nos ensinou, em meio aos toques dos tambores na senzala ou aos chicotes do capitão, que é mais proveitoso servir e sofrer do que ser servido e provocar a infelicidade dos outros. Um dia, vítima do desespero de Sinhá, eu fui levada à noite para o tronco, enquanto meus irmãos na senzala cantavam. A cada toque mais forte dos tambores, eu recebia uma chibatada, até que, desfalecendo, fui conduzida nos braços de Oxalá para o reino de Aruanda. Meu corpo, na verdade, estava morto mas eu estava livre, no meio das estrelas de Aruanda…  -Fui pra Aruanda, lugar de muita paz! Mas eu retornei. Pedi a meu Pai Oxalá que desse oportunidade pra eu voltar ao Brasil pra poder ajudar a Sinhá, pois ela me ensinou muita coisa com o jeito dela de nos tratar. E eu voltei. Agora as coisas pareciam mudadas. Eu não era aquela nega feia e escrava. Era filha de gente grande e bonita, sabia ler e ensinava criança dos outros. Um dia bateu na minha porta um homem com uma menina enjeitada pela mãe. Era muito esquisita, doente e trazia nela o mal da lepra. Tadinha! Não tinha pra onde ir e pai desesperado não sabia o que fazer. Adotei a pobre coitada, fui tratando aos poucos e quando me casei, levei a menina comigo. Cresceu, deu problema, mas eu a amava muito. Até que um dia ela veio a desencarnar em meus braços, de um jeito que fazia dó. Quando eu retornei pra Aruanda, o que vocês chamam de plano espiritual, ela veio me receber com os braços abertos e chorando muito, muito mesmo. Perguntei por que chorava, se nós duas agora estávamos livres do sofrimento da carne, então, ela, transformando-se em minha frente, assumiu a feição de Sinhazinha! Ela era a minha Sinhá do tempo de cativeiro. E nós duas nos abraçamos e choramos juntas. Hoje, trabalhamos nas falanges da Umbanda, com a esperança de passar a nossa experiência pra muitos que ainda se encontram perdidos em suas dificuldades”.

PAI JACO

Nasceu em Guiné, na África em 1764, ainda criança aos 7 anos de idade, veio ao Brasil, como escravo. Foi comprado por um fazendeiro, da região do norte de Minas Gerais, um homem rústico e de coração duro, que nunca na sua vida foi capaz de chorar nem por sua dor nem a dos semelhantes. Em criança chamava-se Jacó, não sabendo se foi ou não batizado com esse nome. Depois já de velho passaram a chamá-lo Pai Jacó. Sempre fora resignado, humilde e muito trabalhador e gozava da confiança do seu patrão, quem sempre procurava servir satisfeito e da melhor boa vontade. A véspera de Natal, era costume do seu senhor convidar, para um banquete, todos os seus vizinhos fazendeiros a passarem a noite na sua fazenda,com grande fogueira onde dezenas de pessoas se reuniam e dançavam até o alvorecer. Desde o dia 22, o seu senhor havia comprado perus, patos, galinhas e leitões para a festa do dia 24 de dezembro. Designou o Pai Jacó para tomar conta destes para que não fugissem. Na manhã seguinte, verificou o senhor que desapareceram muitas aves e animais por um buraco feito no cercado de taquara. Indignado pelo acontecido, mandou prender Pai Jacó e uma enxovia apropriada, sem luz e sem água, depois de recriminá-lo asperamente e ordenou ainda que nenhum alimento, nem água lhe fossem dado. Na manhã do dia 24, apareceram no terreiro, não se sabe como, todas as aves e leitões desaparecidos. Na madrugada desse dia, Pai Jacó, na sua prisão, ajoelhou-se e, em uma prece sentida entre lágrimas, pedia a Jesus que o seu amo não o culpasse da falta de que estava inocente e orando também por ele, para que recebesse do céu a luz de que carecia; que a ele concedesse a resignação e humildade que necessitava, para suportar a sua ira e a fome, porque estava passando e não sabia quantos dias continuaria assim, sem uma gota de água na sua prisão. Ao terminar a sua prece, viu clarear-se, repentinamente, a prisão, abrir-se o teto e aparecer um anjo, que lhe parecia o “menino Jesus”, trazendo, sorridente, em uma das mãos, um pão muito alvo, e na outra um copo com vinho, dizendo-lhe com voz angelical:
_ Pai Jacó, trago-te, meu amigo, este pão e vinho Jacó, estupefato, ajoelhou-se novamente, chorando de alegria e fitando aquele menino, que pairava no espaço, à pequena altura, envolto em muita luz.
O escravo comeu o pão e viu que saiam raios de luz do mesmo, cada vez que mordia; depois bebeu o vinho e o menino Jesus, sempre de fisionomia sorridente, abençoou-o com as suas mãozinhas rosadas e desapareceu, fechando de novo o teto e voltando a escuridão em que se achava. Mas, pouco tempo durou essa escuridão, pois notou que, pelas frestas da tosca e pesada porta, partiam raios luminosos que ele admirava; sem saber explicar o que era, ajoelhou-se novamente e em uma outra prece cheia de gratidão, agradeceu a Deus a sua misericórdia.
Quando terminou de orar, ouviu rumores de fora e vozes que se aproximavam, abriu-se a porta e apareceu o seu senhor, seguido do feitor e de outros escravos, e lhe disse:
- Pode sair, Jacó. E ordenou a um dos escravos que lhe fosse dado alimento.
- Não preciso comer, meu senhor, respondeu-lhe.
- Ninguém abriu até agora esta porta! Como, então não tem fome?
- Porque na madrugada do dia 24, creio que era de madrugada… eu fiz uma oração a Deus e abriu-se este teto.
O menino Jesus veio cheio de luz com um pão e um copo de vinho e deu-me. Comi o pão do qual saia uma espécie de fogo, e bebi o vinho que era saboroso.
“Depois, o menino Jesus subiu lentamente e desapareceu, fechando-se de novo o teto da minha prisão.Por muitos dias, meu senhor, não precisarei me alimentar”.
O meu senhor ouvia como que petrificado a minha narrativa singela e verdadeira, ficou olhando-me admirado e pelas suas faces corriam grossas lágrimas, lágrimas que ele vertia pela primeira vez na sua vida, pois nunca havia chorado! Chorava, sim, pela primeira vez aquele coração endurecido, que não havia dor que o abatesse.
Dai por diante o meu senhor mudou completamente: tratava bem os escravos e, portanto, a mim também, inteiramente regenerado, dando-me a liberdade quando já doente e sem forças para trabalhar. Pouco tempo, entretanto, durou a minha liberdade terrena, porque parti em busca de uma liberdade muito mais ampla, onde me acho, graças à caridade do Nosso Pai.
Oh! como sou feliz! Como bendigo os sofrimentos porque passei na Terra!
Quanto maiores são os sofrimentos que não buscamos pelas nossas maldades, maiores são também as dádivas do Céu!
Felizes dos que sofrem com resignação e humildade, porque sem essa resignação e humildade, teremos de recomeçar na presente ou em nova existência, as nossas tarefas de resgate.
“Devendo o meu progresso espiritual à minha condição humilde de escravo, e não de branco e grande médico na Espanha, prefiro que me chamem Pai Jacó e não Antonino Silas; e sinto-me bem quando posso falar na minha meia língua de africano, no meio de íntimos, na Terra”. Morreu com 83 anos, próximo a Minas Gerais, no ano de 1847.

PAI JEREMIAS

Preto velho
PRETO VELHO
Com a implantação de fazendas de gado e cultura em solo brasileiro, muitas vezes, ou quase sempre sacerdotes do culto africano chegavam trazidos como escravos pelos navios de contrabandistas que ganhavam a vida destruindo a de outros, entre estes vindos de tão longe e com a missão dada por Oxalá de divulgar sua religião engrandecendo outras terras com sua sabedoria e bondade. Entre estes chegava, então, um jovem que estava predestinado a ensinar amor e sabedoria. Ainda, menino foi introduzido no trabalho árduo e sem trégua. Por sua bondade e sabedoria logo cativou a todos, até mesmo seus senhores, que, percebendo sua condição de tratar com animais feridos ou doentes, solicitavam sempre seus serviços, logo estando este que seria um sacerdote em sua terra, curando e tratando pessoas a pedido de seus senhores. Era ele, então, tratado diferente em meio a tanta crueldade. Com esta oportunidade tinha, então, condição de cuidar dos seus, como predisse um escravo já velho que morrerá em suas mãos: seria ele chamado de pai pelos outros, por sua bondade de empenho em socorrer a todos, não importando se era escravo ou branco. Todos eram socorridos por pai preto, como era chamado pelos brancos. A fama de pai preto correu longe em solo brasileiro, tanto que chegou, sem tardar, ao conhecimento dos missionários, vindos para catequizar os povos da nova terra. Pai preto tinha, então, 85 anos, já velho e quase não mais conseguia andar, o que não impedia de continuar com suas curas e benzeduras. Mas chegou a ordem, e a orientação: pai preto era “feiticeiro” e devia morrer como todos de sua época. Os seus antigos senhores não tiveram coragem de cumprir a missão e então combinaram de esconder pai preto e este ficaria assim até a morte, cuidando, é claro, dos interesses de seus senhores. Mas pai preto, que nunca soube dizer não ou se intimidar por qualquer perigo, não se deteve e continuou com suas mirongas, suas rezas e sua caridade sem fim. Logo a notícia correu, seria um fantasma ou quem sabe ele teria ressuscitado para desafiar quem mandava?
Nova ordem chegou: então o “feiticeiro” deveria ser desenterrado e sua cabeça arrancada do corpo e enterrada em outro local, somente assim o “mal” deixaria de existir. Aqueles que tentaram esconder pai preto, agora com medo, decidiram matá-lo e cumprir o que lhes foi ordenado. Tendo assim, aos 86 anos, pai preto deixado o plano físico para trabalhar com suas mirongas em planos mais elevados. Hoje nós que aprendemos a amar a umbanda, com toda sua sabedoria, aprendemos sempre um pouco com aqueles que deixaram esta grande lição de vida e humanidade. Pai preto é hoje para nós pai Jeremias do cruzeiro, que, ao lado de Omulu, traz a cura para os sofredores dos dois planos. Pai Jeremias recebeu de Oxossi o direito de trabalhar em sua vibração, o que para nós é motivo de mais felicidade, pois como raizeiro e conhecedor das matas levou para o plano espiritual este conhecimento para a benção dos filhos da terra.

VOVÓ CAMBINDA

Olá irmãos


Que Oxalá nos abençoe sempre


Bem começamos o mês de homenagem aos Pretos-Velhos, nossos queridos conselheiros. E como sempre falarei de algumas entidade quem quiser é só me mandar e-mail que postarei de outra.
Hoje falaremos de uma entidade bem conhecida, alguns dizem ser irmã da Vovó Maria Conga, outros dizem que não, mas o importante é entendermos como é e não que é.

Vovó Cambinda que é a homenageada, esta entidade conheço pessoalmente, são muito amorosas querendo sempre abraçar o mundo, muito companheiras trabalham com suas ervas, pitando seu cachimbo. O Povo de Cambinda é um povo irmãos do Congo, pois também trabalham na linha das águas com Iemanjá, porem sofrem grande influência de Ogum, são entidades amorosas, mas quando preciso energéticas, sempre falando pro bem do filho, mesmo que seja uma verdade dolorida.

As Vovós ficam alegres em terra, sempre felizes com o reconhecimento dos filhos, grandes tarefeiras de Zambi praticam sua caridade com muita fé e vontade, adoram crianças e trabalhos ligados a cura, uma curiosidade é que as Médiuns destas entidades tem ligação com a Cabocla Jurema.


Ponto de Vovó Cambinda

Vem Negra Cambinda, Quem te chama é Nagô
Negra da Costa da Mina é De Babalaô
Negra pula, Negra dança na batida do tambor
Negra toma seu marafô pra saudar seu protetor.
------------------------------------------

Anaruê, Anaruá
Batida no Congo, É Cambinda que vou chamar
Anaruê, Anaruá
Batida no Congo, É Cambinda que vou chamar
Negra Cambinda é negra firme, negra de Fé vem Saravá
Negra Caminda é nossa luz, que na Umbanda vem trabalhar.



Que Oxalá nos abençoe sempre


Saravá  .'.

PAI BENEDITO

Olá irmãos



Que a paz de Oxalá esteja com todos.


Bem irmãos deveria ter postado ontem, mas peço desculpas, mas estava atarefado com a preparação para a homengem aos pretos-velho no Templo que frequento. gostaria de convidar a todos para irem na "3ª Quermesse do oriente", como nosso terreiro não cibra nada, fazemos festas para poder sustentar as despesas do nosso canto de oração, quem quiser fica o convite, na barra do lado da postagem estará tudo explicado.


Sobre a postagem de hoje, mais um preto-velho homenageado Pai Benedito, o grande comandante dos pretos-velhos de Obaluaye, tenho contato com um de seus tarefeiros, o Vovô Benedito da Cachoeira, então presto aqui uma homenagem a essa entidade.


Segue abaixo uma oração a ditada por Pai Benedito


EM NOME DE DEUS PAI TODO-PODEROSODA SANTA CRUZDO SANGUE DERRAMADO POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTODO DIVINO ESPÍRITO SANTODAS LÁGRIMAS DA VIRGEM MARIA SANTÍSSIMADOS ARCANJOS MIGUEL, GABRIEL E RAFAELDA LUZ DO MEU ANJO DA GUARDAE DOS MEUS GUIAS ESPIRITUAISTENHO FÉ QUE NENHUM MAL HÁ DE ME ACONTECER!OLHARES MALDOSOS SERÃO OFUSCADOSPENSAMENTOS NOCIVOS SE DISSIPARÃOE O BEM HAVERÁ DE TRIUNFAR AGORA E SEMPRE! ASSIM SEJA!


Que Oxalá nos abençoe sempre

PAI JOAQUIM

Olá irmãos

Que a paz de Oxalá esteja com todos


Pois bem irmãos continuando as postagens ligados aos nossos queridos Vovôs e Vovós da Aruanda, uma pessoa do blog pediu que falasse sobre o Vô Joaquim. Pois podemos fazer desta nomenclatura a entidade "Pai Joaquim".

Pai Joaquim é bem conhecido na Umanda, muitos usam seus nomes compostos: Pai Joaquim de Angola, Pai Joaquim da Guiné, Pai Joaquim de Aruanda e tantas e tantas outras variantes. Falarmos de especificamente um é imposspivel então falaremos da falange desta entidade.

Pai Joaquim é o preto-velho que comanda todos os outros pais-velhos que traballham com o Orixá Oxossí, apesar de muitas variantes, todos os médiuns que trabalham com ele tem uma ligação interna com este Orixá. Este pai velho trabalha muito com curas por ervas, é muito "mateiro", sempre usando seu cachimbo é um grande alquimista e manipulador de ervas, assim como seu Orixá Regente. Gosta muito das cores tipicas como preto-branco, ás vezes usando o verde. Adora trabalhar com pés de ervas do lado, aruda e alecrim não faltam na mão deste velhinho.

Sua roupagem fluídica parece um senhor que viveu no mato, de calças arregaçadas, costumam não aparentar muita idade, mas sim a experiência que traz em seus olhos, a experiência de praticar a caridade e a cura acima de tudo.

Ponto Pai Joaquim

Pai Joaquim ê, ê
Pai Joaquim ê ah...
Pai Joaquim já vem de Angola,
Pai joaquim vem de Angola, Angolá...

PAI JOÃO DO CONGO


Olá irmãos

Que a paz de Oxalá esteja com todos


Bem gostaria de agradecer os recados deixados no "Mural", se você ainda não deixou seu recado, deixe, assim poderemos estreitar nossos laços. A postagem de hojeé mais uma homenagem a um preto-velhoe este em especial é muito importante para mim, e para este blog, pois é o grande idealizador desta página, ele que passa a maioria das postagens aqui do nosso blog.
Pai João do Congo é uma falange bem conhecida, muits médiuns trabalham com esta linha, eu tenho a graça de trabalhar e sou um eterno devedor a esta entidade, pois se hoje sou umbandista, é graças a ele e sua temperança. Agradeço a Zambi por trabalhar com este mágnifico preto-velho. Preto-velho este que sua marca é o bom-humor, a simplicidade e a calma.

Segue abaixo uma oração ao preto-velho

"Meus benditos Pretos e Pretas Velhas. Meus Santos, guias e espíritos protetores. Mestres divinos da Linha das Almas.. Abençoai esta casa e os meus passos. Aplacai as forças dos nossos inimigos. Meus queridos Pretos Velhos, que a sua candura e bondade recaia sobre nós como o véu do divino amor. Meus Pretos Velhos, dai-nos a fé, a esperança e a felicidade. Eu adorei as Almas! Saravá, meus Pretos Velhos!"

Que Oxalá nos abençoe sempre

Saravá .'.

PAI ZULUA


Olá irmãos


Que a paz de Oxalá esteja com todos


A postagem de hoje é a primeira homenagem a um preto-velho específico, este mês terá algumas postagens assim, como em janeiro fiz com alguns caboclos. Pai Zulua, é um espírito muito querido por mim, pois é o dirigente do terreiro que frequento, e todos nós médiuns deste templo temos esta entidade como um pai carnal, um ser da nossa familia mesmo.Sempre com uma palavra doce, meiga faz os nossos problemas parecerem coisas fúteis, e fáceis de reslvermos, pois é só ter determinação para combate-las, como diz nosso guia espiritual.
Nosso querido Pai Zulua foi um "soba" isto é, rei na aldeia africana, mas depois de ver seu pov dizimado se aliou as forças negativas com sede de vingança, foi resgato por um Guardião, e só depois de um tempo aprendeu que não nos cabe julgar, devemos aprender a lidar com os designíos de Deus, ou Zambi como ele mesmo diz. Quem quiser conhecer melhor esta história o livro dele é vendido aqui no blog.
Fica aqui então a homenagem a este grande ser de luz, e obrigado por fazer parte da sua familia Pai Zulua.

ORAÇÃO AOS PRETOS VELHOS

Meu pensamento eleva-se ao teu espírito e peço Agô.
Que tuas guias sejam o farol que norteie minha vida.
Que vossa pemba trace o caminho certo para todos os meus actos.
Que vossas palavras, tão cheias de compreensão e bondade, iluminem minha mente e meu coração.
Que teu cajado me ampare em meus tropeços.
Ontem te curvastes aos senhores...
Hoje, ajoelho-me aos teus pés pedindo que intercedas junto a Oxalá por mim e por todos que neste momento clamam por vós.
Maleme e paz sobre meu lar e que a luz divina de Oxalá se estenda pelo mundo.
E que o grito de todos os orixás sejam o sinal de vitória sobre todas as demandas de minha vida.
Maleme as almas.
Maleme para todos os meus inimigos, para que saiam do negrume da vingança.
E encontrem fonte fecunda e clara do amor e caridade.


Que Oxalá nos abençoe sempre


Saravá .'.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Pai João do Congo

Um Velho a Caminhar

Um Velho que caminhava na Mata
Trazia Arruda e guiné na Mão
Era um velho andava e nunca descançava
Pintando seu cachimbo, Orando e ajudando o Irmão.

Era um velho simples que trazia a bondade no rosto
Bondade marcada pelas marcas de expressão
marcas maiores eram as chibatas 
que sempre lhe abalavam o coração.

Apoiado em sua bengala continuava o velho a caminhar
mas a quem ele havia  se preocupar.
"O que está aquele velho a procurar?"
Nada se sabia dele apenas ele passava e todos estavam a se admirar.

Com Certeza em suas andanças muita coisa viu o Velho
Por tantas cidades e terras passou sem deixar se cansar
O velho continuava a caminhar, esperando um dia encontrar
Quem sabe alo pro seu coração acalmar.

Em Velho Negro, de barba alva e cerrada
sempre por onde passava as crianças o vinah rodear
a espera de um simples sorriso, que o nêgo não negava a dar
Um sorriso que se destacava a tristeza de seu olhar.

Mesmo com seu filhos sempre a lhe amar.
Andava perambulando sempre a procurar
Um dia perguntei: "O que tanto há de um dia achar?"
Respondeu "A ùnica coisa que um dia soube me amar"


>>Autor: Pai Léo Del Pezzo

 Que Oxalá nos abençoe sempre


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MÃE PRETA

Olá irmãos

Que a paz de Oxalá esteja com todos


Hoje irmãos a postagem é uma poesia muito bonita e quem tem muito a ver com o Mês de Maio, o mês de nossos queridos Vovôs e Vovós.

MÃE PRETA

"O coração do inocente,É como a terra estrumada,
Qui a gente pranta a simente E a mesma nasce corada,
Lutrida e munto viçosa. Na nossa infança ditosa,
Quando o amô e a simpatia Toma conta da criança,
Esta sodosa lembrança Vai batê na cova fria.
Quem pela infança passou,O meu dito considera,
Eu quero, com grande amô, Dizê Mãe Preta quem era.
- Mãe Preta dava a impressão Da noite de iscuridão,
com seus mistero profundo, Iscondendo seus praneta;
Foi ela a preta mais preta Das preta qui eu vi no mundo.
Mas porém, sua arma pura, Era branca como a orora,
E tinha a doce ternura Da Virge Nossa Senhora.
Quando amanhecia o dia, Pra minha rede ela ia
Dizendo palavra bela; Pra cuzinha me levava
E um cafezim eu tomava Sentado no colo dela.
Quando as minha brincadêra Causava contrariedade
A minha mãe verdadêra Com a sua otoridade,
As vez brigava comigo E num gesto de castigo,
Botava os óio pra mim, Mas porém, não me batia,
Somente pruque sabia Qui mãe preta achava ruim.
Por isso eu não tinha medo, Sempre contente vivia
Mexendo nos meus brinquedo E fazendo istripolia.
Dentro de nossa morada, Pra mim não fartava nada,
O meu mundo era Mãe Preta; Foi ela quem me ensinou
Muntas cantiga de amô, E brincá de carrapeta.
Se as vez eu brincando tava De barbuleta a pegá,
E impaciente ficava Inraivicido a chorá,
Ela com munta alegria, Um certo jeito fazia,
Com carinho e com amô, Apanhava as barbuleta;
Foi ela uma santa preta, Que o mundo de Deus criou.
Se chegava a noite iscura Com seus negrume sem fim,
Ela com toda ternura, Chegava perto de mim
Uma coisa cochichava E depois qui me bejava,
Me levava pra dromida Sobre os seus braços lustroso.
Aquilo sim, era gozo, Aquilo sim, era vida.
E despois de me deitá Na minha pequena rede,
Balançava devagá Pra não batê na parede,
Contando estes lindos verso Qui neste grande universo
Ôtros mais belo não vi, E enquanto ela balançava
E estes versinho cantava, Eu percurava dromi.
Dorme, dorme, meu menino, Já chegou a escuridão,
A treva da noite escura Está cheia de papão.
No teu sono terás beijos Da rosa e do bugari
E os espíritos benfazejos Te defendem do saci.
Dorme, dorme, meu menino, Já chegou a escuridão
A treva da noite escura Está cheia de papão.
Dorme teu sono inocente Com Jesus e com Maria,
Até chegar novamente O clarão do novo dia.
Iscutando com respeito Estes verso pequenino,
Eu sintia no meu peito Tudo quanto era divino;
Nem tuada sertaneja, Nem os bendito da igreja,
Nem os toque de retreta, In mim ficaro gravado,
Como estes versos cantado Por minha boa Mãe Preta.
Mas porém, eu bem menino, Qui nem sabia pecá,
Os ispinho do destino Começaro a me furá.
Mãe Preta qui era contente, Tava um dia deferente.
Preguntei o que ela tinha E assim que ela oiô pra eu
Dois pingo d'água desceu Dos óio da coitadinha.
Daquele dia pra cá, Minha amorosa Mãe Preta,
Não pôde mais me ajudá Nas pega de barbuleta,
Sem prazê, sem alegria Dentro de um quarto vivia,
O dia e a noite intêra, Sem achá consolação,
Inriba de seu coxão De foia de bananera.
Quando ela pra mim oiava, Como quem sente um desgosto,
A minha mão apertava E o pranto banhava o rosto.
Divido este sofrimento, Naquele seu aposento,
No quarto onde ela viva, Me proibiro de entrá,
Promode não magoá As dô que a pobre sintia.
Eu mesmo dizê não sei Qual foi a surpresa minha,
Quando um dia eu acordei, Bem cedo domenhãzinha
Entrei na sala e dei fé Qui um magote de muié
Tava rezando oração; E vi Mãe Preta vestida
Numa ropona comprida, Arva, da cô de argodão.
Sinti no peito um cansaço, Depois uns home chegaro
Levantaro ela nos braço E numa rede botaro.
A rede tava amarrada Numa peça perparada
De madêra bem polida, E naquela mesma hora,
Levaro de estrada afora Minha Mãe Preta querida.
Mamãe com todo carinho, Chorando um bêjo me deu
E me disse - meu fiinho, Sua Mãe Preta morreu!
E ôtras coisa me dizendo, Sinti meu corpo tremendo,
Me jurguei um pobre réu, Sem consolo e sem prazê,
Com vontade de morrê, Pra vê Mãe Preta no céu.
O coração do inocente, É como terra estrumada
Que a gente pranta a semente, E a mesma nasce corada
Lutrida e munto viçosa; Na nossa infança ditosa,
Quando o amô e a simpatia Toma conta da criança,
Esta sodosa lembrança Vai batê na cova fria".

Autor: Patativa Do Assaré, 
ou ANTONIO GONÇALVES DA SILVA, 
direto do Ceará. Morreu em 2002 com 93 anos.

 Que Oxalá nos abençoe sempre

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UMA HISTORIA DE PAI PEDRO DE MOÇAMBIQUE

"Certa vez Dona Clotilde uma distinta senhora de classe média, viu-se nos seus 60 anos de idade, frente a inúmeros problemas de saúde. Após infindáveis visitas aos médicos, os resultados que conseguia eram pequenos, mas continuava a distinta senhora a contornar os seus problemas de saúde.
Uma das empregadas de sua residência ao notar seu estado doentio, lhe sugeriu uma visita a um templo de Umbanda.
Dona Clotilde havia recebido em sua vida uma educação esmerada, estudou no exterior e casou-se na juventude com rapaz de família tradicional. Sua família embora católica, freqüentava periodicamente reuniões kardecistas (espíritas) e nessas reuniões havia ouvido muito falar da Umbanda, sabia ser a Umbanda uma religião que visava ajudar os humildes e também já tinha conhecimento de suas poderosas forças aliadas do bem, já ouvira falar de caboclos e pretos velhos e sabia o que representavam. Por essa razão, resolveu atender o convite de sua humilde empregada e resolveu comparecer ao templo.
Após duas noites lá estava Dona Clotilde sentada nos bancos de madeira de um humilde templo de umbanda na periferia da cidade. Os trabalhos daquela noite seriam desenvolvidos pela linha dos pretos velhos. Após a abertura dos trabalhos, a linha de preto velho se fez presente e iniciou-se o atendimento. Gente de todas as classes sociais e com mos mais diferentes problemas passou a ser atendida em consultas pela linha de origem africana.
Quando chegou sua vez de ser atendida, sentou-se num banquinho na frente de uma jovem médium que incorporava um preto de velho de nome Pai Pedro de Moçambique. O preto velho após observar a debilitada senhora lhe disse:

- A mizinfia tá muito doente, mas o véio tem remédio zimbão prá mizinfia tomá”.

Em seguida ordenou ao seu cambone (médium auxiliar) que escrevesse:

- A mizinfia vai pega casca de ovo sem cozinhá, vai torra no forno, dispois vai moe as casca, mistura com leite morno e vai bebe toda as noite um copo bem cheio.

Feito isso, o Pai Pedro solicitou a ela que retornasse na semana seguinte para continuar com seu tratamento.
A Dona Clotilde um pouco desapontada foi-se embora, não esperava receber a receita de tal remédio absurdo. No caminho para casa raciocinava ela;
Mas que absurdo comer cascas de ovo torradas, pensava ela, como me deixei trazer por aquela empregada a este fim de mundo em meio a esta gente miserável.
Ao chegar em casa não deu ouvidos ao pedido do Pai Pedro e jogou o papel no lixo.
Os anos se passaram e a situação de Dona Clotilde agravou-se. Certa tarde Dona Clotilde muito doente recebeu a visita de uma de suas amigas, que era kardecista e dirigia um renomado centro espírita. Aconselhada pela amiga resolveu fazer uma visita ao centro espírita em dia determinado, ocasião em que o espírito do Dr. Pedro Pereira que havia sido em vida um médico renomado lá incorporava, dava consultas e conseguia verdadeiros milagres junto as pessoas doentes.
Contente pelas palavras da amiga, na noite seguinte lá estava Dona Clotilde sentada nas cadeiras do centro espírita aguardando ser atendida. Os trabalhos da noite se iniciaram com normalidade, a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo foi feita aos presentes e no ambiente a sensação de paz se instalou.
Iniciou-se em seguida o atendimento aos presentes pelo Dr. Pedro. Chagada a sua vez, sentou-se frente a um médium sexagenário que incorporava o Dr. Pedro Pereira que disse aos seus auxiliares:

- Nossa querida irmã encontra-se muito doente, atualmente o seu maior problema é a ostioporose. (Ostioporose = doença degenerativa dos ossos que em fase avançada deixa os ossos fracos e porosos, situação em que fraturas espontâneas são comuns, as vezes apenas o peso do próprio corpo já é suficiente para ocorrerem fraturas nas pernas) e ministrou a ela a seguinte receita:

- A querida irmã deve torrar cascas de ovo cru, em seguida moer as cascas e misturá-las em leite morno e deve tomar todas as noites um copo desse preparado.

Ao ouvir isso a Dona Clotilde disse ao Dr.Pedro;

- Que estranho doutor, há muitos anos atrás me passaram a mesma receita!

E o Dr. Pedro respondeu:

- Minha querida irmã, se você tivesse ouvido o Pai Pedro de Moçambique que lhe ensinou esse mesmo remédio, sua atual situação não seria tão grave!

Ao ouvir isso, a Dona Clotilde indagou:

- Mas como o senhor sabe disso?

Respondeu o Dr. Pedro;

- Eu sou o Pai Pedro de Moçambique que ainda incorporo naquele humilde terreiro de Umbanda nas noites de sexta feira e lá atendo e ensino remédios e soluções alternativas aos humildes que não tem como conseguir remédios que são caros. Ensino a eles o que aprendi na senzala junto a outros escravos que trouxeram da África os ensinamentos da milenar e poderosíssima magia africana. Se a irmã tivesse ingerido as cascas de ovo com leite que são ricos em cálcio, sua atual situação não seria tão grave.

Ao ouvir isso a Dona Clotilde pasma, levantou-se abruptamente caindo no chão em seguida, o esforço ao levantar-se foi grande demais para o seu debilitado esqueleto, ocasião em que o seu fêmur (osso da perna) quebrou-se, tendo que ser levada as pressas a um hospital"

Que Oxalá nos abençoe sempre


Saravá  .'.


"Semirombá"
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HISTORIA DE VOVÕ AMBROSIO

"Faz caridade Fio" (por vovô Ambrósio).
Faz caridade fio, faz caridade fio!
Assim era as fala do negro Ambrósio através do aparelho mediúnico que lhe servia de canal para fazer proseador.
Não era a primeira que aquele consulente ouvia esse conselho do Pai Velho, já havia se passados oito meses desde o primeiro dia que aquele senhor tinha adentrado ao terreiro, passando a fazer parte da assistência, sempre voltando ao negro Ambrósio para tirar suas duvidas.
Naquele dia ele estava decidido. Iria perguntar ao Velho porque toda vez que falava com ele escutava o mesmo conselho? Será que como espírito não estava vendo que ele já estava fazendo sua parte?
Esperou ansioso a sua vez. Aquela noite seria especial, seria diferente das outras, aquele encontro marcaria uma nova etapa no caminhar daquele senhor.
Como sempre fazia, mais por repetição do que mesmo por convicção, se ajoelhou diante do negro Ambrósio e foi dizendo:
- Benção vô Ambrósio, hoje venho lhe pedir uma explicação para melhor entender o que o senhor me diz.
- Oxalá te abençoe meu fio! Negro Ambrósio fica feliz com sua presença e gosta de fazer proseador com todos os fios que aqui vem.
- Meu vô, como o senhor mesmo sabe já faz algum tempo que venho a essa casa e falo com o senhor. Como já lhe disse não tenho uma situação financeira ruim, ao contrário, nunca tive problemas dessa ordem o que sempre me facilitou uma vida com fartura e bem-estar desde a infância.
- Certo meu fio, negro Ambrósio já tem cunhecimento de tudo isso que suncê falou.

- É meu vô, por essa razão gostaria de lhe perguntar porque o senhor toda vez que fala comigo me aconselha a fazer a caridade? O senhor não já sabe que faço isso todo mês entregando gêneros alimentícios aos que estão carentes? Além do que, na minha empresa mantenho uma creche para os filhos dos meus empregados para que assim possam trabalhar com mais tranqüilidade. Por isso gostaria que me explicasse o porquê desse conselho, dentro da minha consciência cumpro com meu compromisso.
- É verdade meu fio, tudo isso que suncê falou pra negro veio, faz parte de seu compromisso e fio cumpre direitinho sua parte. Porém fio esse compromisso faz parte de seu social. Suncê alimenta o corpo material que precisa de sustentação pra ficar de pé, pois se não for assim fio tem prejuízo, só que o fio também precisa distribuir o pão espiritual e assim fazer a caridade.
- Não entendi meu vô seja mais claro? Que caridade espiritual é essa?
- É a mesma que esse meu aparelhinho faz aqui no terreiro. Suncê precisa assumir sua condição de médium.
Espantado, disse o senhor: como é que é vô Ambrósio o senhor está me dizendo que tenho compromisso com a mediunidade na Umbanda é isso?
- É isso sim, meu fio. Suncê tem compromisso com essa banda.
Ante as muitas verdades que ele já tinha ouvido, nunca uma afirmação estava tanto a lhe remoer a alma. Como seria possível? Achava bonito a Umbanda, gostava do cheiro das ervas e do cachimbo dos vôs, mais daí então a ser médium era demais para ele.
Mesmo de forma acanhada buscando aparentar tranqüilidade aquele senhor disse ao vô:
- Meu vô acho que há um equívoco, pois nunca senti nada a respeito da mediunidade.
- Num sentiu porque se prende e que não quer dizer ou suncê acha que nego veio não vê o companheiro de Aruanda que lhe acompanha e que hoje está dando autorização pra fazer esse conversado? Meu fio diz que gosta do cheiro das ervas e desse terreiro - o que é uma verdade - mas o que fio não se vê é dobrando o corpo para prestar a caridade, deixando assim que seu Pai Preto também lhe traga lições para seu caminhar. Então meu fio, enquanto suncê não entender, nego veio vai continuar repetindo o conselho: faz caridade fio, faz caridade fio! Mesmo que tenha que arrepetir isso por muitas veis, pois água mole em pedra dura fio, tanto bate inté que fura. Olha fio! Eu tenho um compromisso moral com esse companheiro de Aruanda que te acompanha e te agaranto que não será de minha parte que não será cumprido.
Pensa no que esse veio te falou e dispôs vem prosear novamente, pois o passo de veio é miudinho e devagarzinho, só tem uma coisa fio: o tempo corre e espero que suncê queira aproveitar enquanto tá desse lado de cá!

Aquele senhor se levantou da frente de negro Ambrósio sem dizer mais nenhuma palavra, seria preciso tempo para digerir tudo que ele tinha ouvido.
Oito meses se passaram depois daquela prosa, ninguém no terreiro tinha visto novamente aquele senhor na assistência.
Era 13 de maio, gira festiva de preto velho, os trabalhos tinham se iniciado. Negro Ambrósio olhava para a porteira do terreiro como se estivesse a esperar por alguém e assim cantarolava “acorda cedo meu fio, se com velho quer caminhar, olha que a estrada é longa e velho caminha devagar, é devagar, é devagarinho quem anda com preto velho nunca ficou no caminho”. Acostumados com a curimba os filhos da corrente repetiam os versos sem perceber que naquele dia a entonação estava mais dolente. Mais um filho de Zambi venceria uma etapa, mais um seria libertado.
E foi olhando para a porteira que negro Ambrósio viu aquele senhor adentrar no terreiro, com os olhos rasos d’água e de joelhos se postar assim dizendo: Vô Ambrósio se é verdade que tenho essa tal mediunidade aqui estou para aprender a fazer caridade, nesses 8 meses minha vida perdeu a alegria, relutei muito para chegar aqui novamente e não nego que fugi por vergonha se ainda houver tempo...
Aquele senhor nem chegou a ouvir a resposta do negro Ambrósio. Do seu lado já se encontrava um negro que de forma doce e amorosa assim falou: Meu fio a quanto tempo espero por esse momento, por esse reencontro. Vamos trabaiá meu fio nas bênçãos de Zambi e na fé de Oxalá!
Diante dos filhos daquela corrente, aquele homem branco, de olhos claros, quase translúcidos, alto, dava passagem nesse momento a mais um preto velho e foi curvando aquele corpo que se ouviu a voz da entidade assim dizer: Bendito e louvado sejam o nome de nosso Pai Oxalá! Saravá negro Ambrósio! Pai Joaquim das Almas se faz presente nesse Gongá!
- Saravá Pai Joaquim!
E daquele dia em diante mais um filho começava a sua caminhada. Mais um chegava a corrente da casa. Mais uma estrela passou a brilhar nos céus de Aruanda!

Saravá Preto!!!

PAI BENEDITO DA CACHOEIRA

te Perguntas a cachoeira!

Que cachoeira é essa que descansa meus olhos?
Que cachoeira é essa que mata minha sede?
Que brisa é essa que leva as gotas para a vegetação?
Que barulho é esse que me acalma e tranqüiliza?
Que aroma bom é esse?
Que água tão limpa é essa?
Quem é aquele velhinho sentado na pedra perto da cachoeira?

Temos somente a resposta da ultima pergunta:
É PAI BENEDITO DA CACHOEIRA
Bondoso velhinho sentado em uma pedra a beira da cachoeira, sua pemba em meu corpo cicatriza as chagas de meu orgulho, suas mãos cansadas tocam meu sentimento e contornam minha mente, sua sabedoria esta na compreensão dos pedidos dos irmãos, sua reza guiam meus pés aos bons caminhos, protegidos pela sua doce imantação, minhas mãos estendidas em suplicas são tão pequenas quanto as luzes refletidas de seu corpo: Os ventos sopram as lagrimas transbordadas dos seus olhos sendo recolhidas e conduzidas por Mamãe Oxum derramando-as nas águas da cachoeira, regando as flores de alfazema.
Pai Emidio de Ogum.

Que Oxalá nos abençoe sempre

Saravá  .'.

Historias de um preto velho

História de um Preto-Velho

Noite na senzala. Os escravos amontoam-se pelo chão arranjando-se como podem. Engrácia entra correndo e vai direto até onde Amundê está e o sacode: - A sinhazinha está chamando, é urgente! - O Escravo é conhecido pelas mezinhas e rezas que aplica a todos seus irmãos e o motivo do chamado é justamente esse. O filho de Sinhá Tereza está muito doente. É apenas uma criança de cinco anos e arde em febre há dois dias sem que os médicos chamados na corte consigam faze-la baixar. Sem ter mais a quem recorrer, no desespero próprio das mães, resolveu seguir o conselho de sua escrava de dentro e chamar o africano. Aproveitando a ida de seu marido à cidade, ele jamais concordaria, manda que venha. Sabendo do que se tratava o homem foi preparado. Levou algumas ervas e um grande vidro com uma garrafada feita por ele e cujos ingredientes não revelava nem sob tortura. Em poucos minutos adentram o quarto do menino e Amundê percebe que precisa agir com presteza. Manda que Engrácia busque água quente para jogar sobe as ervas que trouxe enquanto serve uma boa colherada do remédio ao garoto. Dentro de uma bacia coloca a água pedida e vai colocando as folhagens uma a uma enquanto reza em seu dialeto. Ordena que desnudem a criança e carinhosamente a coloca dentro da bacia passando-lhe as ervas no pequeno corpo. Nesse instante a porta se abre e surge o Sinhô Aurélio acompanhado do padre da cidade. Tereza grita e corre até o marido desculpando-se. O padre dirige-se a ela com ferocidade: - Como entrega seu filho a um feiticeiro? - dirigindo-se ao marido - Diga adeus ao menino, após passar por essa sessão de bruxaria ele morrerá sem dúvida! Tereza corre até o filho e o cobre com um cobertor enquanto o marido ordena que o escravo seja levado imediatamente ao tronco onde o capataz aplicará o castigo merecido. - Engrácia, acorde todos os negros para que vejam o fim que darei ao assassino de meu filho! Todos reunidos no grande terreiro ouvem a ordem dada ao capataz: - Chibata até a morte! E vocês - aponta todos os escravos - saibam que darei o mesmo fim a todos que ousarem chegar perto de minha família novamente. As chibatadas são dadas sem piedade, Amundê deixa escapar urros de dor entremeados com rezas o que somente aguça a maldade do capataz. Lágrimas copiosas correm pelas faces de muitos escravos. Após duas horas de intensa agonia o negro entrega sua alma e seu corpo retesa-se no arroubo final, finalmente descansará. O silêncio do momento é cortado por um grito vindo da principal janela da casa grande: - Aurélio, pelo amor de Deus - é Tereza com o filho nos braços - o menino está curado, a febre cedeu e ele está brincando! Assim morreu Amundê conhecido em nossos terreiros como o velho Pai Francisco de Luanda.


Que Oxalá nos abençoe sempre